sexta-feira, 17 de maio de 2019

NP 337 em 16 maio 2019 - Youtube




Programa 337 - Semana de 10 a 16/05/2019  - 20ª Edição do ano
Notícias Petroleiras (NP) e outras, estes são os nossos módulos.
Vinheta 4
Chamada Ronaldo Moreno
16/05/2019
YouTube

profivanluiz

Ivan
Luiz
Série “Contratualistas Parte V
.
Fatos históricos relevantes que não podem ficar esquecidos da nossa memória

Destaque Cultural para  Catulo da Paixão Cearense (72 anos)
.
Mundo do Petróleo: Em 14 de maio reunião Trabalhadores da Equinor – ACT, Dia 15
Reunião Trabalhadores de Manguinhos

Política e História, destaque para  Zacimba Gaba
Relação completa dos aniversariantes de  10 a 16/05/2019

EDITORIAL

Destaque Mundo do Petroleo...      


Armadilha dourada: Rússia e China dispostas a pôr fim à hegemonia do dólar

08 Maio 2019

Ouro ganha cada vez mais importância como porto seguro

Segundo os dados do Conselho Mundial do Ouro (WGC, na sigla em inglês), no ano passado os bancos centrais por todo o mundo compraram 651 toneladas de ouro, ou seja, 74% mais do que em 2017 – o maior volume desde 1971, quando os EUA abandonaram o padrão ouro. Metade desse volume foi comprado pelo Banco Central russo.
Hoje o Banco Central russo dispõe de 2.112 toneladas de ouro no valor de 87 bilhões de dólares (R$ 342 bilhões). Nos últimos dez anos, a cota-parte do ouro nas reservas russas aumentou de 3,5% para 18,6%, enquanto os investimentos em títulos do Tesouro dos EUA e dólares atingiram seu ponto mínimo. Como resultado, atualmente a Rússia ocupa o quinto lugar na lista dos países com maiores reservas de ouro.

O segundo lugar entre os maiores compradores de ouro pertence à China, que dispõe de 1.853 toneladas do ouro no valor de 76 bilhões de dólares (R$ 301 bilhões), tendo aumentado significativamente suas compras de ouro no fim de 2018. Um outro grande comprador de ouro é a Índia, cujas reservas deste metal precioso cresceram no ano passado em 42 toneladas.

Além disso, a incerteza política e econômica global levaram os bancos centrais a diversificar suas reservas e a aumentar os investimentos em ativos seguros e de maior liquidez, informou o WGC.
"O ouro é a moeda mais forte do mundo, estando apenas sujeita a uma inflação natural mínima, sendo um bom seguro contra as flutuações do dólar. É um recurso altamente líquido, enquanto grandes reservas de ouro fortalecem a confiança dos investidores no rublo russo", indica o analista Ronald-Peter Stoferle ao jornal alemão Neue Zurcher Zeitung.

O ouro ganha cada vez mais importância como um seguro contra o possível calote dos EUA. Segundo o analista financeiro Bill Holter, a Rússia e a China entendem que será muito difícil para os EUA amortizar suas dívidas e, no fim de contas, a compra de títulos do Tesouro dos EUA não faz sentido

Nesta situação, "como é que eles [a Rússia e a China] se defendem? Eles estão comprando ouro. O ouro e a prata são concorrentes diretos de qualquer papel-moeda", explica.
Os analistas estão certos de que, na situação atual, a compra de metais preciosos é a melhor estratégia tanto para os bancos centrais, como para os investidores privados.
"No mercado da dívida pública dos EUA está sendo formada a maior bolha na história. O ouro e prata estão muito subvalorizados. Por isso, agora é de apostar contra a dívida pública e comprar ativos fortes, como o ouro e a prata. Nenhum político ou chefe do Fed (banco central dos EUA) é capaz de mudar isso. Nada pode impedir o crescimento explosivo dos preços do ouro que iremos observar no futuro", explicou o corretor Gregory Mannarino.

Os maiores banco de investimento apoiam essa previsão. Segundo o Goldman Sachs, a emissão incontrolada de dólares ameaça cada vez mais a estabilidade da economia global e levará ao aumento dos preços dos ativos reais, em primeiro lugar do ouro.

Mais um fator que contribuirá para o aumento drástico dos preços do ouro é a redução de sua produção. Segundo os especialistas da Newmont Goldcorp, a produção de ouro começará a cair nos próximos anos, atingindo em 2022 o nível do início do século XXI. Alguns cientistas avisam que as reservas de ouro na Terra estarão esgotadas até 2034.

Bill Holter está certo que, na véspera do colapso dos mercados da dívida, a Rússia e a China irão comprar tanto ouro quanto possível.
"O plano ambicioso de Moscou e da China visa esgotar as reservas de ouro do Ocidente. Quando surgirem problemas com o fornecimento desse metal, a Rússia e a China conseguirão derrubar a hegemonia do Tesouro dos EUA e do dólar como moeda de reserva e estabelecerão suas regras na economia global", concluiu Holter.


Data
Fatos históricos relevantes que não podem ficar esquecidos da nossa memória
10
1954 no RJ, os metalúrgicos com uma greve de 5 dias, conseguem, após várias passeatas que fecharam a Avenida Brasil, a extensão do dissídio aos não sindicalizados. – Destaque
11
1988 a Aeronáutica ocupa a fábrica de aviões Embraer em São José dos Campos/SP, para acabar com a greve liderada pelo Sindicato dos Metalúrgicos.
12
1978 em São Bernardo/SP, estoura a greve na Scania Vabis, organizada clandestinamente dentro da fábrica pelo “Comitê de Fábrica”. Obterá 10% de aumento e será a primeira de uma longa séie de greves. – Destaque
13
1988 – Brasil Centenário da Abolição Oficial da Escravidão. Dois dias antes, uma grande marcha convocada pelo movimento negro tomou as ruas do centro do Rio para exigir que a escravidão termine de verdade. Um enorme aparato policial bloqueou as ruas e provocou um apagão nas imediações da Central do Brasil, tentando dispersar a manifestação. Destaque
1903 – Uma lei federal proíbe qualquer reunião “para fins de agitação”. Destina-se a evitar reuniões de operários anarquistas sempre apelidados de baderneiros, subversivos e agitadores. – Destaque
14
2015 a Educadora Monique Rocha divulga a história de Zacimba Gabaprincesa da nação africana de Gabinda (Angola). Ela foi uma ferrenha lutadora contra a escravidão no norte do ES. Após envenenar o senhor da Casa Grande, Zacimba fugiu ao lado de outros negros, fundou um quilombo na mata e passou a liderar várias lutas contra a escravidão na região.
15
1984 ocorre a famosa greve dos canavieiros de Guariba(SP). Os migrantes do Nordeste estavam sufocados pelas péssimas condições de trabalho, e não havia entidade que os representasse. O movimento foi duramente reprimido, e um aposentado foi assassinado: Amaral Vaz Meloni. A partir dessa mobilização, os direitos  trabalhistas dos cortadores de cana passaram a ser reconhecidos.
16
1978 greve dos 10 mil operários da Ford, em São Bernardo / SP. A exigência era 15% de reajuste. A greve apoiada e incentivdade pelo sindicato durou até o dia 22. Destaque:
As greves iniciadas na Scania se estendem a todas as grandes fábricas de São Bernardo: Volkswagen, Crysler, Karman Ghia, Toyota. O reajuste médio conseguido vai de 10 a 15%.







Módulo Destaque Cultural 

Biografia    nascia"Catulo da Paixão Cearense

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nascimento 8 de outubro de 1863 São LuísMaranhão
Morte 10 de maio de 1946 (82 anos)
Nacionalidade Brasileira
Progenitores Mãe: Maria Celestina Braga - Pai: Amâncio José Paixão Cearense
Ocupação Poetamúsicocompositorrelojoeiro
Catulo da Paixão Cearense (São Luís8 de outubro de 1863 — Rio de Janeiro10 de maio de 1946) foi um poetamúsico e compositorbrasileiro. A data de nascimento foi por muito tempo considerada dia 31 de janeiro de 1866, pois a data original fora modificada para que Catulo pudesse ser nomeado ao serviço público. Foi muito prestigiado por diversos intelectuais, pela beleza de suas escritas.

Nasceu em São Luís em 8 de outubro de 1863, filho de Amâncio José Paixão Cearense (natural do Ceará) e Maria Celestina Braga (natural do Maranhão). Mudou-se para o Rio em 1880, aos 17 anos, com a família. Trabalhou como relojoeiro. 
Conheceu vários chorões da época, como Anacleto de Medeiros e Viriato Figueira da Silva, quando se iniciou na música. Integrado nos meios boêmios da cidade, associou-se ao livreiro Pedro da Silva Quaresma, proprietário da Livraria do Povo, que passou a editar em folhetos tipo Cordel o repertório de modismos da época.

Aos 19 anos, Catulo interrompeu os estudos e abraçou o violão, instrumento naquela época, repelido dos lares mais modestos. Iniciante tocador de flauta, a trocou pelo violão, pois assim, podia cantar suas modinhas. 

Nesse tempo passou a escrever e cantar modinhas como "Talento e Formosura", "Canção do Africano" e "Invocação a uma estrela". 

Catulo da Paixão Cearense passou a organizar coletâneas, entre elas: 
O cantor fluminense e O cancioneiro popular, além de obras próprias. Vivia despreocupado, pois era boêmio, e morreu na pobreza. 

Em algumas composições teve a colaboração de alguns parceiros: 
Anacleto de MedeirosErnesto NazarethChiquinha GonzagaFrancisco Braga e outros.

Catulo foi autodidata. "Aprendi musica, como aprendi a fazer versos, naturalmente", dizia o Velho Marruêro. 

Suas primeiras letras foram ensinadas por sua genitora e toda sua grande cultura foi adquirida em livros que comprava e por sua franquia à Biblioteca do Senado do Império, por ser professor dos filhos do Conselheiro Gaspar da Silveira. Em 1908, deu uma audição no Conservatório de Música.

Suas mais famosas composições são Luar do Sertão (em parceria com João Pernambuco), de 1914, que na opinião de Pedro Lessa é o hino nacional do sertanejo brasileiro, e a letra para Flor Amorosa, que havia sido composta por Joaquim Calado em 1867. Também é o responsável pela reabilitação do violão nos salões da alta sociedade carioca e pela reforma da "modinha".

Seu pai faleceu em 1 de agosto de 1885, desgostoso por seu filho ter abandonado os estudos para ser poeta, sem tempo de assistir a moralização do violão, o que veio a marcar tremendamente Catulo.

À medida que envelhecia mais se aprimorava. Catulo homem, não se modificava, sempre fiel ao seu estilo.
"...Com gramática ou sem gramática, sou um grande Poeta...".

A sua casinhola em Engenho de Dentro, afundada no meio do mato era histórica. Ali recebia seus admiradores, escritores estrangeiros, acadêmicos nacionais, sempre com banquetes de feijoada e o champanhe nunca substituía o parati, por mais ilustre que fosse o visitante.

As paredes divisórias eram lençóis e sempre que previa a presença de pessoas importantes, dizia para a mulata transformada em dona de casa. "Cabocla, lave as paredes amanhã, que domingo vem gente!"

Sua primeira modinha famosa "Ao Luar" foi composta em 1880.

Catulo morreu aos 83 anos de idade, em 10 de maio de 1946, na rua Francisca Meyer nº 78, casa 2. Seu corpo foi embalsamado e exposto a visitação pública até 13 de maio, quando desceu a sepultura no cemitério São Francisco de Paula, no Largo do Catumbi, ao som de "Luar do Sertão".

Biografia Sabonete - Biografia. Violonista e executante de ocarina. Nasceu, provavelmente, no Rio de Janeiro, por volta de 1888. Ficou conhecido pelo apelido de "Sabonete".

Biografia     Vassourinha (cantor) 
Vassourinha em capa da revista Carioca, 1935. Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Informação geral
Nome completo
Mario de Oliveira Ramos
Nascimento
Local de nascimento
Morte
3 de agosto de 1942 (19 anos)
Local de morte
São Paulo, São Paulo Brasil
Nacionalidade
Ocupação(ões)
Progenitores
Mãe:Thereza Joaquina Dias de Assunção
Pai: Paulo de Almeida Ramos
Período em atividade
1935-1942
Columbia
Vassourinha
Vassourinhanome artístico de Mário de Oliveira Ramos[nota 1] (São Paulo16 de maio de 1923 — SP, 3 de agosto de 1942foi um cantor brasileiro.[3]
Morreu aos dezenove anos, quando sua carreira apontava para o sucesso.[1]
Nasceu na capital paulista, filho de Paulo de Almeida Ramos e de Teresa D. Assunção.[2]

Já bem cedo Vassourinha estreou na Rádio Record de São Paulo, onde conviveu com figuras de sucesso do meio musical, como as irmãs Aurora e Carmen MirandaFrancisco Alves e Orlando Silva.[1] Tinha na ocasião (1935) apenas doze anos de idade, e vencera uma disputa de calouros, logo passando a fazer  apresentações por todo o país.[4]

O primeiro disco de sua carreira foi gravada em 1941, pela Columbia.[3] Ao todo gravou seis discos de 78 rotações, com doze músicas.[1]

Suas gravações "Seu Libório" (de João de Barro e Alberto Ribeiro) de 1941, e "Emília" (Haroldo Lobo e Wilson Batista) de 1942, foram consideradas por Zuza Homem de Mello e Jairo Severiano as mais representativas do período.[4]

Apesar do sucesso alcançado Vassourinha mereceu apenas uma nota de obituário no jornal Correio Paulistano, no dia seguinte à sua morte; ali o periódico registrou: "Muito jovem ainda, pois desaparece aos 19 anos de idade, "Vassourinha" já era um nome consagrado no rádio paulista e brasileiro, tendo gravado composições de grande sucesso, sempre vivas na memória dos apreciadores de nossa música popular. 

Como intérprete ou como compositor, "Vassourinha" conseguiu se impor e manter bem alto seu nome no "broadcasting" nacional que perde, com a sua prematura morte, um dos elementos mais futurosos com que já contou", e que "Dada a projeção de que gozava não só nesta capital como, também, no Rio de Janeiro e demais Estados da Federação, pode-se dizer, mesmo, que está de luto o nosso rádio".[2]

Vassourinha foi sepultado no Cemitério do Araçá, no dia 4 de agosto, saindo o féretro da rua Sergio Meira, 217.[2] A Rádio Record mandou celebrar no dia 10, na igreja de São Geraldo (bairro de Perdizes, Largo Péricles), uma missa de sétimo dia pela memória do cantor.[5]

Já quase esquecido do público e da mídia, havendo se tornado uma "nota de rodapé" em artigos sobre a música brasileira, Vassourinha foi lembrado num programa realizado em 1966 na TV Record por Alberto Helena Júnior.[4]

Em 1969 a gravadora Continental reuniu em um só LP suas doze gravações, relançado em 1976 por um produtor.[4]

documentário "A voz e vazio: a vez de Vassourinha", curta-metragem de dezesseis minutos, foi
realizado sobre o cantor em 1998, dirigido por Carlos Adriano.[1] Em 2000 essa obra foi ganhadora
da golden plaque no 36º Festival Internacional de Cinema de Chicago, nos Estados Unidos, e em sua edição de 2004 o 
 festival de documentários É Tudo Verdade o considerou um dos dez melhores filmes do gênero sobre música.[4]


Notas

1.
 Seu nome completo seria Mario de Almeida Ramos ou Mario de Oliveira Ramos.[1] A primeira versão encontra-se apenas registrada na sua certidão de óbito. Já a segunda versão não encontra, contudo, respaldo nos sobrenomes paternos. [2




Data
Nossoshomenageados inesquecíveis da semana de grande impacto cultural
10
Catulo da Paixão Cearense (72 anos)
11
Carlos Lyra (79 anos)
12
Bebel Gilberto (52 anos)Jamelão (105 anos) -  Walter Wanderley (86 anos)
13
Waldick Soriano (85 anos) Ângela Maria (89 anos) - – Aniversário Meier
14
 Vicente Sabonete (67 anos) 
15
 Cauby Peixoto (2 anos) Milton Banana (19 anos) – Oscar Castro Neves
16
 Vassourinha (95 anos) – Dia do Gari












Destaques Históricos/Político para Zacimba Gaba
Breve história de Zacimba Gaba - Março 1, 2009 às 4:48 pm (quilombolas



Zacimba Gaba, princesa africana trazida para o Sapê do Norte no ES, para ser escrava. Quando seu Barão descobriu, a manteve trancafiada na casa grande. Zacimba foi trazida muito nova, mas soube esperar para se livrar dos abusos que sofria, junto com seus irmãos. Envenenamento foi sua arma, durante um longo período alimentou seu Senhor a conta gotas. Quando ele morreu, livrou seus irmãos e foi se aquilombar no meio da mata fechada do norte do estado do ES liderando várias revoltas e muitas vitórias para seu povo africano.


Há cerca de trezentos anos o fazendeiro português José Trancoso desembarcara no Porto de São Mateus, “com uma dúzia de negros de Angola na África, e “uma mocinha de feições finas e olhos esfumaçantes”, sem se dar conta que estava levando para a sua fazenda, aquela que seria uma das precursoras das lutas dos negros contra o regime cruel e desumano, que levou muitos Africanos a perderem sua honra, liberdade, pátria e até mesmo suas vidas, na região de São Mateus no Espírito Santo. Crescendo em absoluto sofrimento e sobrepujada pelas açoitadas dolorosas, amarrada ao tronco, Zacimba foi uma negra que se diferenciou entre os seus, por se tornar uma libertadora e líder de seu povo Africano…Escravizado. (Texto baseado na historia
“Princesa, Escrava e Guerreira” do livro Os Últimos Zumbis de Maciel de Aguiar.)

Zacimba Gaba – Princesa, Escrava e Guerreira

 
Personalidades CapixabasPublicada em 24/06/2014 por Morro do Moreno
Maciel de Aguiar, escritor, historiador e jornalista - Foto:Nerter Samora Capa do Livro do Historiado Maciel de Aguiar

Há cerca de trezentos anos, o fazendeiro português José Trancoso arrematava, no Porto da Aldeia de São Matheus, na Capitania do Espírito Santo, “com cerca de mais de uma dúzia de negros d’Angola”, uma “negrinha de feições finas e olhos esfumaçantes”, sem imaginar, por certo, que estava levando para a sua fazenda – uma sesmaria de terras que ultrapassava o rio Mucuri, “há umas seis léguas para o norte” – a “negrinha” que iria ser uma das precursoras nas lutas dos negros contra o regime de escravidão na região.
A Aldeia de São Matheus, já nessa época, atraía os habitantes das mais variadas regiões do Brasil, distantes ou não de seu porto de “próspero comércio de escravos d’Angola”, e, como tal, seus limites ao norte, com a Capitania de Porto Seguro, iam até o rio Mucuri – maior acidente geográfico entre as duas Capitanias. Constantemente, fazendeiros ultrapassavam esses limites estendendo seus domínios até o Vale do Cricaré, cujo rio de águas mansas e esverdeadas se enrosca como uma serpente nas encostas de barrancas que produzem uma liga que o gentio transformava em tinta para adornos, tendo, mais tarde, o colonizador utilizando-a, também, na pintura de suas casas.

Nesse universo selvagem e fascinante, estabelecer-se como um próspero fazendeiro requeria demonstração de poder e prosperidade, o que só seria medido com “um razoável número de escravos”. 

O então fazendeiro José Trancoso, já devidamente incorporado aos seus novos domínios, visto que havia ultrapassado suas fronteiras sem ser molestado, “abriu uma picada de umas vinte mil braças às margens do rio Itaúnas”, onde assentou sua fazenda com cerca de uma centena de escravos e aquela negrinha que todos os pretos chamavam de princesa”.

Era o ano de 1690, e, há muito, na Serra da Barriga, nas Alagoas, os negros haviam se aquilombado, transformando o que era conhecido como Quilombo dos Palmares no mais importante centro de resistência contra o sistema escravocrata. As lutas para a sua destruição eram, sistematicamente, vencidas pelos negros amotinados, o que fizera outros focos de resistência pelo interior do país.

Durante anos, a “negrinha de feições finas e olhos esfumaçantes” foi levada – por sua natureza rebelde – aos mais humilhantes e infames castigos, tendo sido surrada no Largo do Chafariz, no Porto, “com outros
escravos recapturados”, provavelmente, por não aceitar, de bons modos, atender aos desejos do fazendeiro. Contava o mestre Balduíno Antônio dos Santos, que “certa feita ela foi arrastada da senzala até à Casa Grande, onde foi interrogada pelo senhor”, que queria saber se era verdade “o boato que se
espalhava por todos os lugares” de que ela “era uma princesa”.

Durante “muitos dias e muitas noites os negros choravam” ao ouvirem seus gritos, entrecortados pelos “baques da chibata no corpo”. O mestre pára por um instante, compenetrado, como a buscar reminiscências tão antigas quanto sua vida centenária, “meu avô contava que ela foi desonrada pelo senhor, depois de confessar sua verdadeira identidade: Zacimba Gaba, princesa da nação de Cabinda…”

Encrava na baía do mesmo nome, na costa oeste da África, em Angola, Cabinda teve sua população quase que dizimada, com seus homens e jovens aprisionados e mandados como escravos para o Brasil, durante duzentos anos. O fazendeiro, sabendo que os seus escravos, em grande maioria, eram oriundos de Angola, e que poderiam invadir a Casa Grande para libertá-la, passou os avisar que, se alguma coisa acontecesse a ele ou à sua família, “Zacimba seria morta”.

Na senzala os negros tramavam uma invasão à Casa Grande, mas com a ameaça do fazendeiro “logo recuaram”. Segundo o mestre Balduíno, “era mais importante a vida da princesa do que a dele e de sua família”.


No decorrer do tempo, a jovem princesa, aprisionada na Casa Grande, sob ameaça permanente, castigos e sendo “violentada ora pelo fazendeiro ora pelo capataz”, crescia e tomava coragem para enfrentar, “sozinha, o senhor”.

Havia ela proibido que os negros tentassem libertá-la e passou a elaborar planos “de fuga e de vingança”. Não obstante, longe dos negros, Zacimba “também sofria ao ouvir os lamentos de seu povo sendo cortado no chicote, amarrado no tronco e levado aos ferros”, durante os anos que se passaram.
As noites na Casa Grande, onde era prisioneira, fizeram de Zacimba uma mulher madura, que aprendera a resistir aos mais degradantes castigos, e “vez por outra, os negros na senzala pareciam hipnotizados com o seu canto chamando a proteção dos deuses africanos, na claridade da lua grande”.

Ali ela preparava sua alma de guerreira que, mais cedo ou mais tarde, iria pôr à prova. Tinha de ter tranquilidade para vencer as dificuldades e preparar seu corpo para as lutas, impedindo, ainda, que os escravos cometessem atos que pudessem colocar em risco suas vidas.

Uma das armas mais poderosas e silenciosas que os escravos usavam contra os senhores ou feitores que lhes impunham castigos desumanos e humilhantes era o envenenamento. Na grande maioria dos casos, isso era feito em pequenas doses ao longo dos anos. Registrou José Alípio Goulart, em seu Da Fuga ao Suicídio (Editora Conquista, Rio, 1972), que “o famoso quebranto – lassidão, desânimo, astenia – que, com muita frequência, verificava-se entre os senhores de escravos, era resultante, na maioria dos casos, da administração de venenos em pequenas doses”.

Um dos venenos mais utilizados na região de São Mateus e Conceição da Barra era extraído da cabeça da “Preguiçosa”, uma cobra temida pelo seu veneno mortal, característica do Vale do Cricaré. Pegavam a cobra, preferencialmente viva, e cortavam-lhe a cabeça, sem extrair o veneno. Em seguida, era a cabeça torrada e moída até produzir um pó “bem fino” que “era misturado no dicumê do sinhô até sua morte”, dizia o mestre Balduíno, afirmando que “num havia dotô que desse jeito no desinfeliz…”


Nas fazendas, as senzalas preparavam, às escondidas, o “pó para amansar o sinhô”, que chegava até à Casa Grande pelas mucamas, onde era administrado “com muito cuidado e zelo”, em pequenas doses. Se o senhor desconfiasse e mandasse um escravo “cumê da sua comida, o escravo podia engolir sem medo, pois o veneno só fazia efeito se fosse dado muitas vezes”. O senhor, com isso, jamais poderia imaginar que estava sendo envenenado, mas, ao longo do tempo, era fatal: “berrava feito boi, sangrando pelo nariz, ouvidos, unhas e pé de cabelo”, disse Balduíno.

E foi, provavelmente, através de um desses métodos que Zacimba preparou a sua liberdade, esperando longo tempo para livrar-se dos constantes castigos e humilhações que se seguiram enquanto administrava o veneno “em pequenas doses”, esperando, pacientemente, a hora mortal.

Uma noite, o fazendeiro passou a gritar, o que para seus familiares e feitores era uma surpresa, para os negros, na senzala, era o sinal que se esperava. Zacimba, por certo, sabia que ele já não tinha salvação e logo procurou acalmar os escravos. “Ninguém poderia imaginar que o sinhô tava envenenado”. Enquanto isso, na Casa Grande, procuravam-se todos os antídotos que pudessem fazer parar as dores do fazendeiro, mas nada era possível. “Quando o sangue começou a brotar foi dado o alarme: Zé Trancoso tá envenenado”. Era a hora da reação dos negros. “O rebuliço dos homens de confiança do fazendeiro já era grande”. Todos já sabiam que ele havia sido envenenado e que “era só esperar a hora para jogar o corpo na cova”, garantiu o mestre Balduíno.

Quando a notícia parecia haver vencido a todos, “o homem já tava estrebuchando”, foi a hora decisiva para Zacimba livrar-se da prisão e, já de “facão em punho”, comandou a revolta dos escravos contra todos os anos de humilhação e sofrimento. 
No ânimo dos capatazes, em defesa da família do fazendeiro, prevalecia a fidelidade ao senhor, no dos escravos a vingança e a libertação na luta que explodiu “cruel e sangrenta”.

A Casa Grande foi “lavada por um banho de sangue” e, segundo o mestre Balduíno, “enquanto a família do fazendeiro foi livrada não sobrou um homem de confiança do sinhô para contar a história”. Em seguida, Zacimba “caiu na mata virgem, levando os negros libertos”, para a formação de um quilombo às margens do Riacho Doce, nas proximidades do que é hoje o povoado da Vila de Itaúnas, em Conceição da Barra, no extremo norte do Espírito Santo. O Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em Alagoas, já havia sido destruído em 1695, e muitos negros fugiram para o sul, provavelmente trazidos pelas notícias da existência de outros quilombos que se formavam, dentre eles o de Zacimba Gaba, de onde a princesa comandava as lutas que se travaram pela libertação de seu povo.


Durante aproximadamente uma década, ela transformou o local em área segura, onde os negros, principalmente os oriundos d’Angola, fugidos ou libertados das grandes fazendas, podiam viver em liberdade. Como princesa e guerreira, Zacimba sabia que seu povo estava sendo trazido dentro dos navios para ser vendido como escravo no Brasil e, nas imediações, para a beira da praia, onde existe um platô de uns vinte metros de elevação acima do nível do mar, ela montou com seus súditos um estratégico ponto de observação das embarcações que navegavam pela costa, entre as capitanias de Porto Seguro e do Espírito Santo, levando escravos acorrentados em longas viagens de quarenta a
cinquenta dias, quando muitos não resistiam aos maus tratos e morriam de fome, frio e banzo.

Esses negros, em sua maioria angolanos, eram vendidos nos portos, como no da Aldeia de São Matheus, aos fazendeiros. A estratégia de Zacimba era a de libertá-los ainda em alto mar, antes de chegar ao porto e serem levados para as fazendas, o que dificultaria as ações.

Conta a lenda em torno de sua existência que “dentro de pequenas canoas”, Zacimba e seus guerreiros se aproximavam das embarcações negreiras, sempre à noite, e tomavam-nas de assalto, dominando seus tripulantes e libertando os negros, que vinham “principalmente d’Angola”. Muitos não conseguiam chegar com vida em terra firme, outros eram encontrados mortos e atados às correntes, mas as suas ações culminavam “sempre com muitos negros que ganhavam a liberdade depois de muitos dias de viagens sem saber para onde eram levados”.

Era, realmente, muito grande, desde meados do século XVII, o comércio marítimo de escravos trazidos de Angola, na África, tanto que, já em 1624, quando os holandeses dominaram a Bahia, detento os navios negreiros no porto, o registro feito pela Companhia das Índias Ocidentais, de Joannes de Laet, relacionou, como bens apreendidos, vários navios carregados de escravos:
“Huma barca com 250 negros de Angola, hum navio de Angola com 300 negros, hum de Angola com 200 negros, hum navio de Angola com 280 negros, hum navio de Angola com 450 negros, hum navio de Angola com 230 negros”. Portanto, todos os negros que estavam nos navios no porto da Bahia eram oriundos de Angola, na África.


No decorrer dos anos, cada vez mais os negociantes e escravos preferiam os negros d’Angola, vendo o seu mercado “promissor e lucrativo”, até que, aproximadamente em 1700, surgiram ataques aos navios negreiros “comandados por uma negra com uma tiara na cabeça, a quem eles atribuíram ser uma princesa d’Angola”, registrou Manoel Antônio de Oliveira.

Mesmo com essa ameaça as viagens da Bahia para o sul eram compensadoras para os comerciantes de escravos em virtude de seus objetivos de lucros, cada vez maiores, serem alcançados. A partir dessa preferência pelos angolanos, não seria tão impossível – dentre os milhares de escravos oriundos daquela região africana – encontrar-se uma princesa. E ela, consciente de sua condição e importância, sentiu-se no dever de adotar uma postura contrária aos castigos e àquela preferência por escravos de sua nação. O fato dos negros angolanos serem os preferidos pelo sistema escravocrata brasileiro fez com que Antonil, em 1711, registrasse: “Os negros que vêm para o Brasil são Ardas, Minas, Congos, de S. Tomé, d’Angola, Cabo Verde e alguns Moçambiques que vêm nas naus da Índia.

Os Ardas e os Minas são robustos. Os de Cabo Verde e S. Tomé são mais fracos. Os d’Angola, criados em Loanda, são os mais capazes de aprender ofícios mecânicos que os das outras partes nomeadas”. Há ainda a registrar que as regiões onde os comerciantes e mercadores de escravos mais desenvolviam suas atividades de lucro eram compreendidas entre os portos da Bahia e o porto de Santos, destacando-se entre esses o Porto de São Matheus.

H. Watjen, em O Domínio Holandês no Brasil – tradução de P.C. Uchôa Cavalcanti -, registrou, ainda, ser “o negro da Guiné, rixoso, cabeçudo, preguiçoso, difícil de se acostumar à obediência e no trabalho, enquanto os oriundos d’Angola revelavam muita disposição para o trabalho e podiam, facilmente, ser ensinados pelos escravos antigos, gozando de particular preferência”.

Por estar na rota do grande comércio de escravos, o Porto de São Matheus não podia ser desprezado, sobretudo pelo grande número de fazendeiros oriundos da Bahia, “representantes de famílias tradicionais que assentaram vivência na Aldeia de São Matheus em função de sua prosperidade”. Tal fato fez com que, em 15 de setembro de 1764, o então Ouvidor da Capitania de Porto Seguro, Tomé Couseiro de Abreu, transpondo os limites com a Capitania do Espírito Santo, elevasse a Aldeia de São Matheus à categoria de Vila, com o nome de Villa Nova de São Matheus, baseando-se na Carta Régia de 14 de abril de 1755, pela qual o Capitão do Pará, Francisco Xavier de Mendonça, instalou a Capitania de São José do Rio Negro. Tal gesto do Ouvidor foi levado por forte predomínio baiano na Aldeia em função da “fertilidade das terras, da abundância da madeira de lei e do grande contingente de escravos adquiridos no porto da Bahia e trazidos de barcos para a Aldeia de São Matheus”.

O início do século XVIII encontrou uma expressiva resistência por parte dos negros, que se rebelaram em toda a parte do território.

Zacimba, que havia, “ainda mocinha”, cruzado o Atlântico naquelas precárias embarcações que traziam até 500 escravos, sabia muito bem o que devia representar a liberdade para o seu povo, “depois de quarenta dias e quarenta noites enfrentando chuva, fome e frio nos porões superlotados de gentes numa viagem sem volta”, afirmava Balduíno Antônio dos Santos.

Zacimba passou a intensificar os planos de saque aos navios e embarcações que traziam escravos para o Porto de São Matheus: “Libertar os negros, ainda nos navios, antes de chegar em terra firme”, lembrava o Mestre Balduíno, “era uma idéia arriscada, mas que podia trazer vitória”. Somente alguém com muita coragem seria capaz de tamanha ousadia e, durante várias ações bem sucedidas, Zacimba “teve a certeza de que estava no caminho certo”. 
Atacava sempre à noite, de surpresa, sem que fosse possível à tripulação oferecer resistência.

E aquela princesa, que parecia frágil, incorporava, definitivamente, a figura de grande guerreira, e de facão em punho “surgia na lâmina d’água, como a andar pelas ondas do mar”, comandando as pequenas canoas e atacando as embarcações negreiras pelos flancos, “como um raio na escuridão” lembrava o mestre.

Temendo os prejuízos, os mercadores de escravos, por muito tempo, evitaram o comércio de transporte próximo à costa nessa região, “principalmente entre as embocaduras do Mucuri e do Cricaré”, onde Zacimba e seus guerreiros haviam saqueado inúmeras embarcações e libertado muitos negros que vinham acorrentados para serem vendidos. Conta a lenda colhida da boca do povo, de invejável memória, que, “certa feita, surgiram no mar, próximo à embocadura do rio Itaúnas, duas embarcações com sinais visíveis de que traziam escravos”, provavelmente para serem vendidos no Porto de São Matheus. “Há umas mil braças do mar adentro, avistavam-se as velas dos navios”.

Prepararam-se as canoas e esperou-se o anoitecer para irem ao encontro do inimigo. Os músculos salientes e fortes dos negros brilhavam ao reflexo do clarão da lua grande, “dessas noites pra gente ficar olhando as estrelas”, e de suas mãos ágeis os remos faziam as pequenas canoas flutuarem no ritmo acelerado, mar adentro. A rapidez dos movimentos e a destreza dos guerreiros davam a entender, que, mais uma vez, sairiam vitoriosos.

Zacimba, princesa libertária, à frente daquela legião de negros livres, buscava a liberdade para os que foram arrancados de sua terra distante.


“Cercaram o primeiro navio, que não ofereceu resistência”, subiram pelos flancos, mas foram surpreendidos pela tripulação “fortemente armada, de mosquetão e clavinote, tendo ainda, o outro navio a atacar os que estavam no mar. Foi luta encarniçada, de que só o mar é testemunha…”

Assim, Zacimba Gaba, princesa guerreira d’Angola, que soube esperar toda a sua juventude para livrar-se do seu senhor, liderou seu povo contra as atrocidades a que era submetido. Possuída por uma coragem singular, terminou a vida de lutas, heroicamente, “como um raio na escuridão”.

A última vez em que vi o mestre Balduíno Antônio dos Santos o encontrei sentado numa balaustrada do Mercado, no Largo do Chafariz, no Sítio Histórico do Porto de São Mateus. Falava compassadamente, sempre com os olhos marejando em direção à curva do rio, como a esperar alguém que nunca vinha.
Curioso, fui logo puxando conversa: “Só sei estórias de negros, lutas contra os capitães-do-mato, na mata virgem, estórias de gente valente que adubou a terra pra um dia nossos netos andar em liberdade…”, replicou ele.


Os lábios trêmulos iam deixando fluir com precisão o que os seus antepassados contaram no longe dos anos que se passaram. – E Zacimba Gaba?, perguntei-lhe.

O mestre Balduíno olhou-me nos olhos, com os seus belos olhos negros marejando, e por uma eternidade hipnotizou-me com suas palavras: – “Morreu na luta, encarniçada, enfrentando o estanho com o seu facão, como deveria ser…”

As mais longas horas de aventura se passaram, depois, pigarreou e cuspiu no canto do pilar. Olhou a tarde sobre o Vale do Cricaré, de um vermelho fechado que manchava de sangue o firmamento.

Já era hora de ir embora e, com passos lentos, arrastando as alpercatas de couro batido, atravessou o Largo do Chafariz, respondeu ao pedido de bênção de algumas “moças-damas” que se debruçavam nas janelas dos velhos sobradões e ganhou o Beco dos Meninos, perdendo-se entre as casas de antanho.

Acompanhei-o com os olhos até perdê-lo de vista, naquele final de tarde de dezembro de 1968.


Voltei ao Porto por várias vezes naquele resto de ano e nunca mais o vi, mas ficaram na memória da infância perdida suas últimas palavras, como uma premonição:
- “Se Deus tivesse me dado outra filha mulher, colocaria seu nome. 

Nome bonito, de princesa, que lutou por nossa liberdade e foi levada de volta pra África, pelas ondas da imensidão do mar: Zacimba, Zacimba Gaba…”, repetiu.

Autor: Maciel de Aguiar

Fonte: Zacimba Gaba – Princesa, Escrava e Guerreira

Dedicação do Autor: À Zacimba Gabriela Maciel Bastos de Aguiar minha filha, para que possa conhecer um pouco de coragem e da história de lutas de uma princesa que lhe emprestou o nome


Relação completa dos aniversariantes da semana. Intervalo compreendido entre dia 10 e 16/05

13 Catoni (88 anos) -  Creed Taylor (89 anos) -  Enzo de Almeida Passos (90 anos) -  Fhernanda Fernandes (62 anos) -  Fátima de Brito (79 anos) -  Haroldo Costa (88 anos) -  Kali C. (55 anos) -  Luciana Gastaldi (57 anos) -   Luiz Lopez (36 anos) -  Luís Moreira (146 anos) -  Manfredo Fest (82 anos) -  Mozart Brandão (97 anos) -  Mylena Jardim (19 anos) -  Negro Leo (35 anos) -  Picolino da Portela (88 anos) -  Remo Usai (80 anos) -  Selma do Samba (69 anos) -  Vânia Bastos (62 anos) -  Waldick Soriano (85 anos) -  Ângela Maria (89 anos)
14 Adriana Moreira (49 anos) -  Alexandre Pessoal (4 anos) -  Benedito Piston (97 anos) -  Cadu Mendonça (47 anos) -  Chianca de Garcia (120 anos) -  Clóvis Pereira (86 anos) -  César Passarinho (20 anos) -  Gito Sales (55 anos) -  Ju Cassou (53 anos) -  Marinês (11 anos) -  Paulo Barros (56 anos) -  Rick Ferreira (65 anos) -  Romildo (28 anos) -  Vicente Sabonete (67 anos) -  Zeca Tocantins (60 anos) -  Zola Amaro (74 anos)


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Bolsonaro aumenta preço dos combustíveis para privatizar a Petrobras
Por Eduardo Henrique, do Rio de Janeiro (RJ) - 10/05/2019 - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Eduardo Henrique, do Rio de Janeiro

Com o preço da gasolina rompendo a barreira dos R$ 5,00 em alguns postos do país, o aumento extorsivo
do diesel e do gás de cozinha também tem revoltado os brasileiros.

E, olha, que muita gente nem sabe que, com a descoberta do pré-sal, o Brasil se tornou autossuficiente na produção de petróleo e suas refinarias conseguem processar a maior parte dos combustíveis usados em nosso país; o que, consequentemente, poderia garantir preços mais baixos para o consumidor.

Bolsonaro quer que o aumento deixe a população indignada, culpando a Petrobras, para, assim, tentar privatizá-la sem que haja reação.

Mas, enquanto a Petrobras diminui propositalmente o ritmo do refino, o Brasil está importando mais combustíveis. Em 2017, aproximadamente 80% do diesel importado era de origem estadunidense. Com isso, além dos produtores, quem sai ganhando são as empresas estrangeiras de distribuição e logística.

O Brasil produz 2,6 milhões de barris de petróleo por dia. As refinarias da Petrobras podem refinar 2,4 milhões de barris/dia e o consumo de todos os brasileiros é de 2,2 milhões de barris/dia. O custo de extração de um barril de petróleo no Brasil é de U$ 10, enquanto o preço internacional é de U$ 70. Em suas refinarias, a Petrobras pode transformar este óleo cru em diesel (a R$ 0,93 o litro) e gasolina (a R$ 1,12 o litro).  O fato é que o custo para refinar petróleo nos Estados Unidos é mais alto do que seria em nossas refinarias.




Por que nossa gasolina é tão cara?

Por que, então, temos que importar gasolina e diesel dos EUA, ainda por cima com preço superior ao do Brasil, enquanto nossas refinarias ficam paradas?

A resposta é simples: é o efeito da privatização da Petrobras que, hoje, tem 57% do seu capital social nas mãos de grandes bancos estrangeiros (36%) e nacionais (21%). São estes acionistas estrangeiros que ordenam vender a gasolina e o diesel ancorados no preço internacional do petróleo que, sempre, parte de
valores especulativos. Por isso, temos o diesel mais caro do planeta, dentre todos países produtores.
Só em 2018, o Brasil perdeu U$ 6 bilhões importando diesel dos EUA. Mas, com este mesmo dinheiro, poderíamos ter construído uma nova refinaria.

O custo baixo de refino e o alto preço nos postos

O custo médio para refinar o óleo diesel, na Petrobras, é de R$ 0,93 por litro; mas, nas refinarias, a empresa está vendendo o produto por R$ 2,30. Ou seja, com uma margem de lucro de 150%!

O mesmo se passa com a gasolina (considerando o preço de R$ 4,00/litro). Para chegar a este valor, a empresa faz a seguinte conta: Petrobras (R$ 1,24, ou 31% do custo) + impostos federais e estaduais (R$ 1,52, ou 38%) + usinas de cana (R$ 0,60, ou 15%) + distribuidores (R$ 0,64, equivalentes a 16%).

Em abril de 2019, o gás de cozinha saia das refinarias da Petrobras a um custo de R$ 25,33. A partir daí, são acrescentados 18% (em valor de impostos) e mais 50% (lucro para o distribuidor privado, que apenas  engarrafa o produto). No final das contas, o gás é vendido por R$ 80 ou R$ 90.

Se fosse retirado todo o lucro dos distribuidores privados, garantindo a distribuição via os postos da Petrobras, e se os impostos fossem reduzidos, o preço do litro do combustível cairia para um terço do preço de hoje. Isto é, o litro do diesel sairia por cerca de R$ 1,00; o da gasolina seria mais ou menos R$ 1,50 e o preço do botijão de gás cairia para cerca de R$ 30.

Brasil Colônia

“O Brasil não é um terreno aberto onde nós iremos construir coisas para o nosso povo. Nós temos que desconstruir muita coisa”. Com esta declaração, Bolsonaro explicitou que seu objetivo é destruir o Brasil. E não se trata de insanidade mental, como alguns pensam. Isto é um dos resultados das contradições do capitalismo brasileiro e sua herança colonial. Principalmente, agora, quando está descendo a ladeira.

Por isso, a covarde burguesia brasileira, que está vendendo suas empresas para as multinacionais e vive de especulação financeira, está flertando com Bolsonaro. 

Querem que ele aplique o plano de destruição, acabando com a indústria nacional e vendendo as estatais, ao mesmo tempo em que destrói todos os direitos da classe trabalhadora brasileira, tentando transformá-la em escravos modernos. 

Por outro lado, há setores da burguesia que temem que Bolsonaro desestabilize o país; pois, para impor um plano desse calibre, acirrará ao extremo a luta de classes.

Petrobras é só o começo

Este plano está começando pela Petrobras. A rede produtiva que se articula em torno da empresa chega a 13% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro – a soma de toda a riqueza produzida no país. A estatal disputa, de igual pra igual, com as grandes multinacionais norte-americanas e europeias, extraindo e refinando petróleo com custos mais baixos que as empresas estrangeiras.

Com a dedicação e competência dos trabalhadores e trabalhadoras da empresa, fizemos a maior descoberta de petróleo em águas profundas. As reservas de petróleo, já descobertas, chegam a 14 bilhões de barris e, com a exploração do pré-sal, alcançaremos 200 bilhões, passando a ser a terceira maior reserva do mundo (que vale cerca de US$14 trilhões).




A lista do entreguismo

O governo atual (assim como os governos anteriores) atende aos interesses das multinacionais e dos  grandes bancos estrangeiros. Em 2013, o governo Dilma entregou 60% do campo de petróleo de Libra (na Bacia de Santos). 


Em 2015, projeto de Serra, apoiado por Dilma e sancionado por Temer (em 2016), acabou com a obrigatoriedade de que a Petrobras fosse a única operadora do Pré-Sal, liberando, por valores irrisórios, a exploração do petróleo nacional para as empresas internacionais.

A Petrobras recentemente anunciou a venda de oito refinarias, com as quais espera arrecadar entre US$10 a US$15 bilhões. Outras cinco, certamente, estão na lista. Em um ano, considerando toda a capacidade do atual parque de refino, o Brasil deixaria de arrecadar aproximadamente US$ 28 bilhões.

Da mesma forma, Bolsonaro pretende entregar os campos do pré-sal, a Transpetro, a rede de dutos e terminais, a participação na BR Distribuidora e as FAFENs (fábricas de fertilizantes). Em suma, a venda da Petrobras concluirá a desindustrialização e destruição da indústria brasileira, que, até meados da década de 1980, era a quarta do mundo.



Fake news para privatizar as estatais

Bolsonaro, Paulo Guedes e presidente da Petrobras, Castello Branco, dizem que as estatais precisam ser privatizadas para equilibrar as contas públicas, pagar a dívida do governo com os grandes bancos e acabar com o monopólio estatal do petróleo.

Essa mesma argumentação foi usada por Collor e FHC para realizar, aqui no Brasil, o maior plano de privatização do mundo, entre 1990 e 2000, com a venda de todo o parque industrial básico do país, o que rendeu cerca de U$ 86 bilhões. E como demonstração da falácia deste argumento, vale lembrar que somente o lucro da Vale, entre 2000 e 2017 (de U$ 88 bilhões), superou o valor de tudo que foi arrecadado com as privatizações.

E a dívida, que era de R$ 300 bilhões, saltou, no início de 2019, para R$ 6 trilhões. Isto depois de termos pago R$ 21 trilhões, entre 1994 e 2018.

Paulo Guedes diz que quer arrecadar, em 2019, cerca US$ 20 bilhões com privatizações. 

Para se ter uma ideia do significado desta entrega, basta lembrar que apenas o lucro líquido das seis principais empresas estatais, em 2018, foi de cerca de U$ 18 bilhões.




Capitalismo só traz morte e destruição

O Brasil só poderá se desenvolver rompendo com o capitalismo e sua herança colonial. A partir da década de 1990, a chamada “Nova Ordem Mundial” estabeleceu, para os países periféricos, uma agenda agressiva de privatizações, superexploração e destruição da natureza. O processo de privatização no Brasil foi um dos maiores do mundo e, agora, vão querer raspar o tacho.


Como resultado, temos 77 milhões de desempregados e subempregados no país, um exército de reserva que fez baixar os salários industriais aos níveis da China.

Como parte dessa destruição, entre 2013 e 2017, foram demitidos 271 mil trabalhadores (entre diretos e terceirizados) do setor petrolífero. Isto é, 60% da mão de obra da Petrobras. Isso foi realizado ainda sob o governo Dilma, que fez um plano de privatização chamado de “desinvestimento” e que foi levado a cabo por Aldemir Bendine (que presidiu a Petrobras no governo da petista).

Cálculos do Instituto Latino-Americano de Estudos Socioeconômicos (ILAESE) apontam que, numa jornada de oito horas, um petroleiro “paga” seu próprio salário em 1 hora e 39 minutos. As outras 6:21 horas, trabalha de graça para grandes especuladores financeiros internacionais, como a norte-americana Black Rock, que, hoje, é uma das grandes acionistas privados da Petrobrás.

O sistema capitalista só traz morte, destruição e miséria, como ficou claro em Brumadinho. O Brasil enfrenta a maior recessão/estagnação da sua história e só pode desenvolver-se, daqui em diante, se os trabalhadores e trabalhadoras assumirem o poder, com um programa que rompa com o imperialismo e aponte para a construção de uma sociedade socialista.

Por isso, é importante que, além de barrar de imediato os planos de Bolsonaro, Guedes e Castello Branco, nossa luta sirva, também, para apontar uma saída duradoura e definitiva. Não um governo “parceiro” de empresários e banqueiros, como foram os do PT; mas, sim, um governo onde os trabalhadores controlem e decidam, de forma soberana, o futuro da Petrobras e do Brasil.

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