quinta-feira, 23 de janeiro de 2020

NP 373 em 23/01/2020



Programa 373 - Semana de 17 a 23/01/2020 – 04ª Edição do ano  Fonte-Ricardo Cravo Albin

Notícias Petroleiras e outras, estes são os nossos módulos.

Vinheta
23/01/2020

Ivan Luiz Jornalista 
Reg. CPJ 38.690 - RJ – 1977.
Nossos Homenageados inesquecíveis da semana que proporcionaram grandes impactos na cultura brasileira e internacional destaque  para Tião do Carro - Nara Leão 19 - Xangô da MangueiraGracinha LeporaceEd MacielRonaldo BastosBabaú da Mangueira
Relação completa dos aniversariantes de  17 a 23/01



Nossa transmissão de hoje, veja abaixo os tópicos

1.     
Um ano após tragédia, as lágrimas ainda rolam em

Brumadinho

2.  
Lutas e revoluções Populares na América Latina nos séculos XIX, XX e XXI.

3.     
CULTURA:
É preciso cancelar os editais anunciados pelo ex-secretário que citou Goebbels
– Entrevista muito esclarecedoras –

4. 
As frases que Bolsonaro falou em 2019, mas poderiam ter sido ditas no século passado

5.  
Ministros e OAB repudiam manifestação nazista de ex-secretário do governo

6.  
Leia abaixo a nota da OAB na íntegra


Editorial – Assembléia EDICIN em 22/01/2019
Política ambiental muito criticada já causa prejuízo não só humanos, mas também econômicos. Afrouxaram e criaram o Conselho específico para Amazôna. Covardes e hipócritas.

Um ano após tragédia, as lágrimas ainda rolam em Brumadinho 


Malvina Firmino Nunes perdeu seu filho na tragédia em Brumadinho – AFP - AFP

22/01/20 - 09h01 - Atualizado em 22/01/20 - 10h24
Há quase um ano, Natália de Oliveira acende todos os dias uma vela antes de rezar para que o corpo da sua irmã, Lecilda, finalmente seja encontrado em meio à lama após o rompimento da barragem em Brumadinho, em Minas Gerais.
Para o que já se tornou um ritual, ela coloca um terço próximo a uma foto da irmã – que aparece na imagem sorridente, durante um período de férias – em uma mesa situada na sala de estar.
A enxurrada de resíduos, desprendidos da barragem da mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, sepultou a região. Como resultado, o desastre deixou 270 vítimas. Desse total, são 259 mortos e 11 desaparecidos – entre eles Lecilda de Oliveira. Até hoje, uma equipe de 73 bombeiros segue em busca dos que nunca foram encontrados. 
“No meio dessa tragédia toda, nos foi tirada completamente a dignidade de um enterro. Ainda não a localizaram, mas a gente não aceita falar que são desaparecidos. A minha irmã estava la na Vale, ela e os amigos dela. Estavam no horário sagrado do almoço, dentro do refeitório, sexta-feira, às 12h28”, conta Natalia sobre a sua irmã,
funcionária do departamento de Recursos Humanos da mineradora. 
Desde a tragédia, com frequência Natália volta às mensagens de áudio que sua irmã lhe enviava pelas manhãs pelo WhatsApp.
“Sinto que de alguma forma ela me dá bom dia. Essas mensagens são o único motivo para me fazer levantar da cama”, conta em lágrimas.
As duas irmãs tinham apenas um ano de diferença, com 48 e 49 anos, e sempre moraram juntas em Brumadinho. Ao passar em frente ao colégio onde as duas estudaram, Natália se
emociona novamente.
“Toda a cidade foi muito atingida, perdemos muitos amigos de infância. Isso nos deixa acabados”.
– Luto e comprimidos –
Assim como Natália, Malvina Firmino Nunes ainda não pôde viver o luto do seu filho, desaparecido há doze meses. No dia da tragédia, ela soube por uma outra filha que Peterson, de 35 anos, tinha sido levado pela lama.
A vida de Malvina desabou.
Desde então, nunca mais conseguiu dizer o nome do filho sem chorar. Também não
consegue dormir ou se alimentar sem tomar comprimidos.
Essa mãe recebeu uma indenização, assim como outros quatro mil familiares das vítimas. Com os R$ 700 mil que recebeu, comprou uma casa pequena. Os indenizados, no entanto,
consideram que a compensação financeira da mineradora não é suficiente.
“Eu só espero justiça. Espero a prisão (deles), mas acho que não vão ser presos. Quem está preso é quem morreu. Os colarinhos brancos ficam soltos”, afirma.
Natália e Malvina pretendem levar a Vale ao tribunal. “Acreditamos que para honrar nossos mortos temos que fazer a nossa parte. Não podemos aceitar que a mineradora cause
mortes. A Vale deve aprender uma lição”, diz Natália.
Nesta terça (21), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) denunciou por homicídio doloso o ex-presidente da Vale, Fabio Scvartsman, e outros 15 funcionários e ex-funcionários da empresa e da alemã TÜV SÜD, que emitia os certificados de segurança.  (Nosso grifo)
– “Unidos pela tragédia” –
Algumas pessoas levam a tragédia em seus corpos. No dia do desastre, a adolescente Talita Oliveira, de 16 anos, viu a morte muito de perto.
Ficou presa na lama, mas depois foi resgatada pelos bombeiros. Ela foi retirada com a ajuda de um helicóptero, em uma cena que foi exibida ao vivo na TV.
Até hoje, suas pernas estão cheias de cicatrizes e só consegue andar com muletas.
“Estive no hospital por seis meses. Tomei muita morfina, suportei dores muito intensas”, relata a adolescente.
Apesar da enorme quantidade de remédios que toma todos os dias e as sessões dolorosas de terapia, Talita “se recupera bem”. É uma sobrevivente esperançosa.
“Muitas vezes tenho pesadelos, aquela imagem sempre vem na minha cabeça: eles tentando me tirar, eu achava que não ia conseguir sair dali, que iria morrer. Tem dias que consigo ser alegre, fico cantando. Quero um futuro sem ter que tomar tantos remédios, poder voltar a andar normal, isso seria uma vida perfeita”.
No momento, Brumadinho se prepara para receber visitantes de todo o estado de Minas Gerais, para prestar homenagem às vítimas após o primeiro ano da tragédia. Não será a primeira vez que isso acontece: no dia 25 de cada mês, os familiares dos mortos e
desaparecidos no desastre se reúnem na entrada da cidade.
Natália de Oliveira é frequentadora assídua das homenagens. “Estamos unidos pela tragédia e dor. Em Brumadinho, nos tornamos uma família uns para os outros”, ressaltou.

Data
Lutas e revoluções Populares na América Latina nos séculos XIX, XX e XXI

17

1811 no México a Batalha del Puente de Calderón, envolve cerca de 100 mil insurgentes para enfrentarem as tropas espanholas na batalha que marca o final da primeira etapa da Guerra da Independencia do México que será alcançada em 1821.

18

1928 na Nicaraguá surge na cidade do México o Comitê Tirem as Mãos da Nicaraguá. O grupo reúne organizações sindicais, populares e intelectuais da América Latina em solidariedade à luta do revolucionário Augusto Sandino contra a invasão da Nicaraguá pelos EUA.

1956 na Guatemala, o excritor guatemalteco Miguel Angel Astúrias escreve Weekend na Guatemala. O livro de ficção remonta ao golpe de dois anos atrás arquitetado pelos EUA, que pôs fim ao governo progressista de Jacobo Arbenz e instaurou uma terrível ditadura no país. O autor será o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 1967.


19
1974 na Argentina um comando do Exército Revolucionário do Povo (ERP) toma o Quartel Azul, onde estavam o regimento de Cavalaria e o Grupo de Artilharia. O ERP foi uma das principais organizações guerrilheiras do país no período da ditadura, tendo realizado inúmeras ações no campo e na cidade contra alvos militares.


20

2009 em Cuba é lançado o filme Cuba: uma odisseia africana, que retrata a ajuda de tropas guerrilheiras cubanas aos movimentos de libertação africanos no inicio dos anos 60, com o objetivo de espalhar o exemplo da Revolução Cubana.


21

1984 no Brasil é fundado durante encontro nacional em Cascavel/PR, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que se tornará um marco na luta pela reforma agrária e por uma sociedade justa. O Movimento será referencia em todo continente.


22

1932 em El Salvador acontece a Insurreição dos Camponeses e Indígenas, de inspiração socialista, que se alastra pelo oeste do país. A repressão ao movimento constitui um verdadeiro etnocídio, resultando em cerca de 25 mil mortos e no desaparecimento de povos e línguas da região.


23

1925 no México ganha repercussão o livro Los de abajo, de Mariano Azuela, considerado o primeiro romance importante da Revolução Mexicana. Neste momento, outras grandes obras de cunho social passam a chamar a atenção da crítica latino-americana.
 
Módulo Destaque Cultural
Biografia  Tião do Carro (74 anos) - João Benedito Urbano  17/01/1946 Vargem Grande do Sul, SP - Cantor. Compositor. Violeiro. Trabalhou como músico de estúdio, e tocou viola em discos de artistas como Tião Carreiro e Rolando Boldrin.  Em 1988, interpretou, com Téo Azevedo a música “Réquiem a Tião Carreiro”, incluída no LP “Terno da Folia de Reis de São José de Alto Belo”.  Formou dupla sertaneja com Zé Matão, na qual gravou um LP pela gravadora Tri-Som.  Formou dupla com Mulatinho, com quem gravou os LPs “Na boca dos leões”, em 1980, pela gravadora K-Tel, e “Nem carro nem boiada”, em 1982, pela Polygram.  Formou dupla também com Talismã e gravou o LP “Mera coincidência”, em 1990, pela gravadora Itaipu.  Outros parceiros com quem gravou foram Odilon, Jackson Antunes, Pagodinho e Santarém. Compôs músicas ao lado de nomes como Moacyr dos Santos, Caetano Erba, Zé Mulato e Xavantinho, e teve mais de 100 músicas gravadas, por nomes como Pedro Bento & Zé da Estrada, Zé Tapera & Casa Nova, Cacique & Pajé, Liu & Léu, As Gaivotas, Lourenço & Lourival, Pena Branca & Xavantinho, Zé Mulato & Cassiano, Chico Rey & Paraná, Grupo Chora Viola, Nalva Aguiar, Beth Guzzo,Zé Garoto & Timboré e Zé do Cedro & João do Pinho, entre muitos outros

Biografia    Nara Leão (78 anos) - Nara Lofego Leão -  19/1/1942 Vitória, ES -  7/6/1989 Rio de Janeiro, RJ - Cantora. Com um ano de idade mudou-se com sua família de Vitória para o Rio de Janeiro. Estudou violão, na adolescência, com Solon Ayala e Patrício Teixeira. No final da década de 1950, atuou como repórter do jornal "Ultima Hora". Seu apartamento, localizado na Avenida Atlântica, no bairro de Copacabana (RJ), abrigou reuniões musicais freqüentadas por compositores e intérpretes da emergente bossa nova. Ao lado desses artistas, participou, acompanhando-se ao violão, dos shows realizados nessa época nas universidades cariocas. Atuou também como professora de violão, lecionando na academia criada pelos compositores Carlos Lyra e Roberto Menescal, em Copacabana (RJ). Ficou conhecida como "a musa da bossa nova", denominação dada pelo cronista Sérgio Porto,

Biografia  Xangô da Mangueira (97 anos) - Olivério Ferreira -  19/1/1923 RJ -  7/1/2009 RJ - Compositor. Cantor. Jongueiro. Calangueiro. Improvisador e versador. Mestre do partido-alto. Nasceu no bairro do Estácio, segundo alguns pesquisadores e no bairro do Rio Comprido, segundo outros. Em 1935, desfilava na Escola de Samba Unidos de Rocha Miranda. Por essa época, começou a compor. Por esta mesma data, entrou para o Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, tornando-se conhecido como improvisador.  Transferiu-se, juntamente com Paulo da Portela, para a ala de compositores da Escola Lira do Amor. Aos 16 anos ingressou no Grêmio Recreativo e Estação Primeira de Mangueira, após ter passado em um teste de improvisador. Inicialmente, foi diretor de harmonia, sendo auxiliar de Cartola. Até 1951, foi o puxador de samba da escola, quando passou o cargo para Jamelão. No ano seguinte, ingressou na Ala de Compositores da escola. Foi estivador do cais do Porto do Rio de Janeiro. Aposentou-se como guarda de segurança.

 Gracinha Leporace (70 anos)  - Maria da Graça Leporace -  20/1/1950 Rio de Janeiro, RJ - Cantora. Irmã de Fernando Leporace (baixista e compositor) e da também cantora Marianna Leporace. Radicada nos Estados Unidos, para onde se mudou após se casar com o músico Sergio Mendes

 Ed Maciel (93 anos) - Edmundo Maciel Palmeira -  21/1/1927 Belo Horizonte, MG -  4/8/2011 RJ - Instrumentista (trombonista). Arranjador. Compositor. Maestro. Filho de músico. Irmão do também trombonista Edson Maciel. A partir de 1940, fixou residência no Rio de Janeiro.

 Ronaldo Bastos (72 anos) - Ronaldo Bastos Ribeiro -  21/1/1948 Niterói, RJ - Poeta. Letrista. Produtor musical.  Começou a compor ainda menino, escrevendo marchinhas de carnaval em parceria com colegas de colégio. Na década de 1970, formou-se em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Fundou com Chacal, Bernardo Vilhema, Charles Peixoto e Guilherme Mandaro, enrte outros, o coletivo de poetas Nuvem Cigana, pelo qual lançou o seu único livro de poemas intitulado "Canção de Búzios", em 1972. Integrou a diretoria da União Brasileira de Compositores (UBC), bem como o conselho editorial da "Revista UBC", publicada por essa entidade. Em 1994, criou o selo Dubas Música, responsável pelo lançamento de discos de Toninho Horta, Flávio Venturini, Família Roitman. Arranco, Jussara Silveira, Pedro Luís, Boato, Bia Grabois e Affonsinho, entre outros, além de seus discos autorais. No ano de 2017 prestou o seu depoimento para a série "Depoimentos para a Posteridade", do Museu da Imagem e do Som (MIS/RJ), na sede da Praça XV, entrevistado por uma mesa composta por Celso Fonseca, Joyce Moreno, o crítico musical Marcos Lacerda e o jornalista Antonio Carlos Miguel.

 Babaú da Mangueira (106 anos) - Waldomiro José da Rocha -  23/1/1914 RJ -  3/7/1993 RJ - Compositor. Nasceu na Travessa do Saião Lobato número 24, hoje Buraco Quente, no morro da Mangueira. Foi carregador de sacos e depois chaveiro dos bondes na Light. Partideiro foi parceiro de Cartola e quando menino viu a fundação da escola. Em 1928, fez parte do Bloco dos Arengueiros e presenciou a fundação da Mangueira, pretencendo à ala de compositores da escola. Compôs "As riquezas do Brasil". seu primeiro samba-enredo para a Escola Unidos do Tuiuti. Em 1993, já cego por um glaucoma, fundou a Escola Unidos de Vila Valqueire. Foi casado 50 anos com Maria Geralda de Souza.

Relação completa dos aniversariantes da semana de 17 a 23/01.




17 Antonio Ribeiro Lima (74 anos)  Bezerra da Silva (15 anos)  Eduardo Pimentel (43 anos)  Francisco Egydio (93 anos)  Frazão (119 anos)   Jorge Mautner (79 anos)  Maritza Fabiani (70 anos)  Morgana (20 anos)   Ricardo Moreira (2) (47 anos)  Tião do Carro (74 anos)  Vanderley Martins (78 anos)






CULTURA: É preciso cancelar os editais anunciados pelo ex-secretário que citou Goebbels

Para Alexandre Santini, que atuou no Ministério da Cultura ao lado de Juca Ferreira, editais ferem o princípio da impessoalidade; Carol Proner defende recurso à Justiça  

18 janeiro, 2020




Cultura: Alexandre Santini, gestor cultural, escritor e diretor de teatro, e Carol Proner, jurista e professora, discutem o legado de Roberto Alvim
Por Bruno Trezena, especial para os Jornalistas Livres

A reação ao anúncio do Prêmio Nacional das Artes, feito pelo ex-secretário Especial de Cultura do Governo Bolsonaro Roberto Alvim movimentou toda a sociedade brasileira. Com gestos e tons teatrais e que evocavam o pesadelo nazista, o vídeo sobre editais de fomento à Cultura fez com que Roberto Alvim encerrasse sua rápida passagem pela pasta de forma medíocre e vergonhosa. 

Contudo, os editais ainda estão no radar do Governo para serem implementados. E os perigos destes editais, que apontam para uma lógica em que o Estado ditará o que é Cultura no país, são o objeto da entrevista com Alexandre Santini, gestor cultural, escritor e diretor do Teatro Popular Oscar Niemeyer, além de ex-diretor de cidadania e diversidade cultural do ministério da Cultura na gestão de Juca Ferreira (Governo Dilma), e Carol Proner, jurista, professora, escritora e integrante da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – ABJD. Confira:

Bruno Trezena: Como foi a repercussão do vídeo de Alvim no setor cultural?
Alexandre Santini: O vídeo é estarrecedor. O [agora ex] Secretário Especial de Cultura Roberto Alvim criou uma performance macabra, com tom, estética e conteúdo de inspiração nazista, que chocou não só o setor cultural mas a sociedade brasileira como um todo, que felizmente reagiu à altura da gravidade do episódio, em uma onda de repúdio generalizada que levou à demissão sumária de Alvim em poucas horas.
Mas o aparente desfecho não elimina a gravidade do vídeo, que ficará como um registro, um testemunho histórico do que é o pensamento e a visão de mundo que inspira o bolsonarismo e sua ação no campo da cultura. Alvim é, ou foi, diretor de Teatro, e certamente pensou na dramaturgia e encenação daquele pronunciamento, ladeado por uma cruz templária e pela bandeira nacional, a trilha sonora de Wagner, a fala lenta e compassiva, a paráfrase e por fim a citação textual do discurso de Joseph Goebbels. Em sua última performance institucional, Roberto Alvim cometeu um suicídio semiótico, ateando fogo em si mesmo como seus ídolos e mártires católicos, e sai da vida (pública) pela porta dos fundos da história.

Bruno Trezena: E os editais? O que deve acontecer com eles?
Alexandre Santini: É preciso que sejam cancelados. O próprio anúncio de um edital voltado a uma “arte conservadora” já fere o princípio da impessoalidade administrativa, já configura uma ilegalidade. Não cabe ao governo interferir no sentido do pensamento e da criação. Em nenhum momento dos últimos 30 anos de experiência democrática no Brasil isso aconteceu. É preciso que, além da demissão, os atos de ofício do ex-secretário especial de Cultura sejam cancelados, entre eles editais e nomeações. E Alvim deveria ainda responder perante a Justiça por apologia ao nazismo.

Bruno Trezena: Como foi sua experiência no MINC e a diferença deste Governo?
Alexandre Santini: Há um abismo entre as duas experiências e momentos históricos. O abismo em que o Brasil cai quando elege Bolsonaro. Cai a visão antropológica de Cultura, as três dimensões —simbólica, econômica e cidadã— das políticas culturais que influenciaram as políticas públicas no Brasil e no mundo a partir das bases estabelecidas pelos ex-ministros da Cultura Gilberto Gil e Juca Ferreira, durante os governos Lula. Foram quase 2 décadas de grande desenvolvimento cultural no Brasil, seja na área da cidadania e da diversidade cultural, seja em áreas de forte impacto econômico como o cinema e o audiovisual. A extinção do Ministério da Cultura no governo Bolsonaro já fala por si. Em apenas um ano, a Secretaria Especial de Cultura já esteve no Ministério da Cidadania, agora está no Turismo e especula-se que pode ir para o Ministério da Família. Iremos para o terceiro Secretário Especial de Cultura em um ano. Além da falta de gestão e competência técnica dos novos dirigentes nomeados, predominam pensamentos obscurantistas e grotescos, como vimos recentemente em manifestações dos presidentes da Funarte, da Fundação Palmares (também exonerado) e da Casa de Rui Barbosa. O governo Bolsonaro é um desastre para o setor cultural brasileiro.

Bruno Trezena: Como combater esses ataques na Cultura por parte do Governo?
Alexandre Santini: A sociedade tem reagido fortemente a estes episódios, levando o governo a recuos e derrotas pontuais como esta. A sociedade civil organizada, as instituições, artistas, movimentos e coletivos se posicionam e têm capacidade de polarizar a opinião pública. Enquanto isso o povo segue sendo vilipendiado em seus direitos sociais, vide o caso na fila do INSS. Não são coisas isoladas, é tudo parte de um mesmo projeto.
As políticas culturais têm resistido, especialmente em âmbito local, em cidades e estados comprometidos com os avanços do setor cultural brasileiro nas últimas décadas. Experiências como a de Niterói, que hoje investe fortemente na cultura através de editais e fomenta a participação popular e descentralização dos equipamentos culturais; experiências importantes em cidades e estados do nordeste; a prefeitura de São Paulo está fazendo uma programação com espetáculos que sofreram boicotes ou cancelamentos em espaços e programas do governo federal. Há reação e vigilância por parte do setor cultural. Mas a demissão do Secretário Especial de Cultura não encerra o problema, ao contrário. Quem coloca uma pessoa como Roberto Alvim neste cargo tinha noção de quem ele era e do que pensava. Seu posicionamento era conhecido antes de chegar à pasta. Ele estava lá por pensar essas coisas e não o contrário. E só saiu porque a repugnância ao seu pronunciamento foi praticamente unânime. Um presidente que homenageia um torturador como Carlos Alberto Brilhante Ustra não deve achar nada de mais nas diatribes do garoto Roberto Alvim. Só que dessa vez ele exagerou na dose, até para alguém como Bolsonaro. A sua loucura tem um método, e não reconhece limites. Quem lhe impõe limites (ainda) é a democracia e seu sistema de freios e contrapesos, as instituições, a sociedade civil organizada. Estamos de pé!

Bruno Trezena: Os editais anunciados por Alvim apresentam inconstitucionalidades?
Carol Proner: Não conhecemos a redação dos editais e, portanto, não dá pra saber com exatidão ainda. Fica a grande questão se o edital viola o princípio da impessoalidade ou se é um espelho do discurso feito pelo ex-secretário Roberto Alvim. De qualquer forma, é complicado imaginar que aquele que é responsável pelo edital possa fazer um anúncio com as finalidades do edital com aquele conteúdo propagado pelo vídeo. É praxe que todo Governo possa fomentar a arte e Cultura de seu país, desde que seja observado o princípio da impessoalidade. Sem sectarismo.

Bruno Trezena: Como a sociedade e as organizações podem reagir juridicamente?
Carol Proner: O MPF já foi acionado por advogados, a ABJD já se pronunciou, repudiando as palavras do ex-secretário, a OAB, a Confederação Israelita também repudiou, visto que o discurso plagiava palavras do ministro nazista alemão Joseph Goebbels. Houve reação de muitas entidades jurídicas. Ministros do Supremo também se manifestaram, como o presidente Dias Toffoli e Gilmar Mendes. Todos têm que ver o edital para ver se reproduz o discurso absurdo do ex-secretário. E todos e todas que se sentiram ofendidos pelo discurso devem recorrer à Justiça também. Apologia ao ódio, contra direitos humanos, contra a humanidade (no caso, o Holocausto) devem ser combatidos. Não se pode aceitar passivamente isso tudo.

leia mais:

31/12/2019 08:19 -03

As frases que Bolsonaro falou em 2019, mas poderiam ter sido ditas no século passado

Nos últimos 365 dias, Bolsonaro não perdeu a oportunidade de falar, gritar e ofender milhares de pessoas ― e, é claro, agradar seus admiradores.·                    

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Se teve uma coisa que o presidente Jair Bolsonaro fez bem neste primeiro ano de governo foi gerar polêmicas.
Nos últimos 365 dias, Bolsonaro não perdeu a oportunidade de falar, gritar e ofender milhares de pessoas ― e, é claro, agradar seus admiradores. 
Ele falou muito, mas muito.
E muitas dessas frases poderiam perfeitamente ter sido ditas no século passado.
Relembre algumas das declarações mais retrógradas do presidente em... veja bem... 2019:

ADRIANO
MACHADO / REUTERS
Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade.
25 de abril de 2019
E disse ainda: 
O Brasil não pode ser um País do mundo gay, de turismo gay.
Temos famílias.
25 de abril de 2019
Essas duas pérolas foram ditas em abril, em um café da manhã com jornalistas. Bolsonaro comentava a decisão do Museu Americano de História Natural de Nova York de não sediar um evento em homenagem a ele e afirmou que começou “a tomar pancada do mundo todo quando eu acusei o Kit Gay”. “Eu comecei a assumir essa pauta conservadora. Essa imagem de homofóbico ficou lá fora. Isso não prejudica investimentos. O pessoal quando fala em dinheiro. O Brasil não pode ser um País do mundo gay, de turismo gay. 
Temos famílias”, afirmou, segundo o jornal Estado de S. Paulo.  

Quando um moleque de 9 ou 10 anos vai trabalhar em algum lugar, tá cheio de gente aí: 'trabalho escravo, não sei o quê, trabalho infantil...'.
Agora, quando tá fumando um paralelepípedo de crack, ninguém fala nada. Então, o trabalho não atrapalha a vida de ninguém. 
4 de julho de 2019

A declaração foi dada durante uma live no Facebook do presidente. Nela, ele ainda criticou o excesso de direitos e os poucos deveres, que prejudicam o desenvolvimento da juventude, na sua opinião.

O Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer.06 de julho de 2019
A frase foi dita quando o presidente falava sobre o processo de demarcação de terras indígenas e o desmatamento na Amazônia.

Muitos tentam nos deixar de lado dizendo que o estado é laico. O estado é laico, mas nós somos cristãos. Ou para plagiar a minha querida Damares: Nós somos terrivelmente cristãos. E esse espírito deve estar presente em todos os poderes.10 de julho de 2019
declaração foi dada em julho, ao participar de uma cerimônia religiosa na Câmara e mencionar que indicaria um
ministro “terrivelmente evangélico” para o Supremo Tribunal Federal.


Não posso admitir que, com dinheiro público, se façam filmes como o da Bruna Surfistinha. (...) Não somos contra essa ou aquela opção, mas o ativismo não podemos permitir, em respeito às famílias.18 de julho de 2019
Presidente deu essa declaração ao transferir o Conselho Superior do Cinema (CSC) da estrutura do Ministério da Cidadania para a Casa Civil.

Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem. Aí eu concordo. Agora passar fome, não. Você não vê gente pobre pelas ruas com físico esquelético como a gente vê em alguns outros países por aí pelo mundo.19 de julho de 2019.
Bolsonaro rejeitou dados sobre o aumento da pobreza e fome no País e disse que é mentira que pessoas passem fome no Brasil. Horas depois, ele voltou atrás e disse que “alguns passam fome”.

Daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão [governador Flávio Dino]19
de julho de 2019
Na mesma coletiva em que afirmou que não havia fome no Brasil, Bolsonaro também deu declarações preconceituosas relacionadas aos governadores do Nordeste, principalmente o do Maranhão, Flávio Dino (PC do
B). 

Neste vídeo, ouvi mais claramente o que disse o presidente da República.
Parece chamar todos os nordestinos de “paraíba” e me ameaça, com estranha raiva. Lamento e espero explicações, pois isso é algo realmente inédito e incompatível com a Constituição

[A questão ambiental importa] só aos veganos que comem só vegetais.
20 de julho de 2019
Também em julho, Bolsonaro disse que só veganos se importavam com o meio ambiente após reafirmar sua vontade de transformar a baía de Angra dos Reis, que hoje é uma área protegida como Estação Ecológica de Tamoios, em uma “Cancún brasileira”. 

Ela [Míriam Leitão] estava indo para a guerrilha do Araguaia quando foi presa em Vitória. E depois conta um drama todo, mentiroso, que teria sido torturada, sofreu abuso etc. Mentira. Mentira.20 de julho de 2019
Em 20 de julho, o presidente acusou erroneamente a jornalista Míriam Leitão de integrar a luta armada durante a
Ditadura Militar, questionou se a colunista do jornal O Globo havia sofrido tortura durante o regime e a chamou de mentirosa.  


Um dia, se o presidente da OAB quiser saber como é que o pai dele desapareceu no período militar, conto pra ele. Ele não vai querer ouvir a verdade. 
Conto pra ele.29 de julho de 2019

Ao reclamar da atuação da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) na investigação do caso de Adélio Bispo, autor do atentado à faca do qual foi alvo durante a corrida presidencial, Bolsonaro foi para cima do presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, cujo pai, Fernando, desapareceu durante a Ditadura Militar. A Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos destacou no atestado de óbito em julho que a morte de Fernando Santa Cruz ocorreu “de forma não natural, violenta e causada pelo Estado brasileiro”.

Você olha que as as pessoas que têm mais cultura têm menos filhos. Eu sou uma exceção à regra, tenho cinco, tá certo? Mas como regra é isso. 9 de agosto de 2019
declaração do presidente foi dada ao defender a adoção de uma política de planejamento familiar. 

Belas frases, não? Só perdem para o silêncio. 

 Mas não foi só ele... 

Bolsonaro não foi o único do governo a distribuir pérolas neste ano. Seus ministros e filhos tiveram seus pontos altos na batalha contra o silêncio. 

Damares Alves, do Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos, declarou, ao assumir a pasta, em 3 de janeiro que agora ”é uma nova era no Brasil: Menino veste azul e menina veste rosa”.

Já Abraham Weintraub, ministro da Educação, chegou a defender a Monarquia no dia em que celebramos a Proclamação da República.





Não estou defendendo que voltemos à Monarquia mas...O que diabos estamos comemorando hoje? Há 130 anos foi cometida uma infâmia contra um patriota, honesto, iluminado, considerado um dos melhores gestores e governantes da História (Não estou restringindo a afirmação ao Brasil).


Antes disso, em abril, Abraham afirmou que as universidades nordestinas não deveriam ensinar sociologia nem filosofia, e sim, agronomia. “Em Israel, o Jair Bolsonaro tem um monte de parcerias para trazer tecnologia aqui para o Brasil. Em vez de as universidades do Nordeste ficarem aí fazendo sociologia, fazendo filosofia no Agreste, [devem] fazer agronomia, em parceria com Israel”, disse, à época.

Por fim, o filho 03, Eduardo Bolsonaro, mandou avisar em 31 de outubro que, “se a esquerda radicalizar, a gente vai precisar ter uma resposta. E uma resposta pode ser via um novo AI-5.”

Que venha 2020

Veio e aí o nazismo aflora - DIA D 

Ministros e OAB repudiam manifestação nazista de ex-secretário do governo


17 de janeiro de 2020, 12h47

O vídeo que ocasionou a queda do secretário de Cultura do governo, Roberto Alvim, causou revolta na comunidade jurídica. Ao som de Wagner, o compositor preferido de Hitler, o secretário proferiu um discurso muito semelhante a um pronunciamento do ministro da propaganda nazista, Joseph Goebbels, sobre arte e nacionalismo.
Ex-secretário de Cultura Roberto Alvim divulgou vídeo com elementos nazistas
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, divulgou uma nota condenando as referências. “Há de se repudiar com toda a veemência a inaceitável agressão que representa a postagem feita pelo secretário de Cultura. É uma ofensa ao povo brasileiro, em especial à comunidade judaica”, sinalizou.

Gilmar Mendes, por sua vez, afirmou que “a riqueza da manifestação cultural repele o dirigismo autoritário nacionalista. A arte é, na sua essência, transformadora e transgressora. O que faz do Brasil um país grandioso é a força da sua cultura, fruto de um povo profundamente miscigenado e diversificado”.

Otávio Luiz Rodrigues, conselheiro do CNMP e colunista da ConJur, apontou ainda um outro elemento do vídeo que torna a ofensa mais surreal. "A estética e o discurso evocam o nazismo e o regime colaboracionista de Vichy. Esse tipo de manifestação deve ser repudiada por todos, independentemente de coloração ideológica. Ele usou a Cruz de Lorena, que foi o símbolo da França Livre de Charles de Gaulle, alguém que combateu corajosamente esse tipo de discurso e de ação. O Brasil lutou contra isso em 1944-1945 e deve continuar a fazê-lo hoje."

O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil divulgou uma nota pública em que lembra que "o nazismo – que resultou no Holocausto, com o assassinato de milhões de judeus - foi uma das piores passagens da história da humanidade e jamais pode ser utilizado como forma de pensamento, referência ou argumento de qualquer governante em nosso país, o que inclusive constitui crime previsto na Lei 7.716/1989".

No texto, a OAB ainda afirma que "a cultura brasileira, uma das mais ricas e plurais do planeta, que tem suas diretrizes insculpidas no Art. 215 da Constituição Federal, não pode conviver com quem tem pensamento vinculado ao passado sombrio da história da humanidade, razão pela qual se mostra inadmissível e insustentável a permanência do referido secretário no cargo de tamanho relevo para a nossa sociedade".

Leia abaixo a nota da OAB na íntegra: 

A Diretoria do Conselho Federal da OAB vem manifestar total repúdio e indignação com a fala do secretário da Cultura, Roberto Alvim, que publicou manifestação reproduzindo com absoluta - e pensada - similaridade o discurso nazista de Joseph Goebbels.

O Nazismo – que resultou no Holocausto, com o assassinato de milhões de judeus - foi uma das piores passagens da história da humanidade e jamais pode ser utilizado como forma de pensamento, referência ou argumento de qualquer governante em nosso país, o que inclusive constitui crime previsto na Lei 7.716/1989.

A fala reproduzida pelo secretário de Cultura evoca referências claras a uma pessoa que promoveu o genocídio, a divisão racial e tantos outros crimes. Diante do ocorrido, a manutenção do referido secretário em cargo de tamanha importância é absolutamente inaceitável.

A cultura brasileira, uma das mais ricas e plurais do planeta, que tem suas diretrizes insculpidas no Art. 215 da Constituição Federal, não pode conviver com quem tem pensamento vinculado ao passado sombrio da história da humanidade, razão pela qual se mostra inadmissível e insustentável a permanência do referido secretário no cargo de tamanho relevo para a nossa sociedade.

A Ordem dos Advogados do Brasil, legítima defensora da democracia, das liberdades e da sociedade, entende como necessária a adoção de todas medidas para a retratação pública do mencionado secretário e a sua substituição imediata por quem efetivamente demonstre consciência do papel da cultura e da democracia em nossa sociedade, sem flertar com falas ou pensamentos que são combatidos por todas as pessoas independente de raça, credo, cor ou ideologia.

Belisário dos Santos Jr., presidente da Comissão de Direitos Humanos do Iasp (Instituto dos Advogados de São Paulo), disse por meio de nota que "a eventual legitimidade que deriva das urnas não dá aos governantes nem a seus prepostos o direito de esquecer os deveres como agentes públicos e servirem a práticas de intolerância ou a discursos de ódio".
"Foi anunciada sua demissão. Mas, que fique a lição. Condutas que relembram práticas ou discursos autoritários de quem patrocinou atrocidades recentes ou remotas não devem ser e não serão aceitas pela sociedade civil brasileira ou pela comunidade internacional."

Já o procurador-geral da República, Augusto Aras, disse que a "única ideologia política admissível no Brasil é a democracia participativa que tem como princípio fundante a liberdade de expressão". "Ideias nazifascistas são totalitárias e destroem a democracia, daí por que, nesta excepcionalidade, a liberdade de expressão pode ser relativizada, consoante o paradoxo da tolerância de Karl Popper."

"Plagiar Goebbels, sem citar o nome dele, utilizando trechos de um conhecido discurso, já não caracteriza o que para o famoso caso Ellwanger (HC 82.424) significa discurso de ódio e não liberdade de expressão? E, mais, dado o cargo, o ônus argumentativo não seria ainda maior em razão da posição que ele ocupa?  No caso do secretário, é o governo brasileiro que assume o discurso de Goebbels no lançamento de uma politica pública. Pois, se entre os critérios vier expressamente a exclusão de manifestações culturais em benefício de outras, aí não há muita dúvida de que se trataria de racismo, porque, de plano, culturas estariam sendo excluídas do processo. Portanto não é desarrazoado pensar no artigo 20 da Lei do Racismo, a partir do precedente Ellwanger", disse o jurista Lenio Streck, lembrando de uma jurisprudência do STF em 2004.

Revolta na política

Um dos primeiros a se pronunciar tinha sido o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia. “O secretário da Cultura passou de todos os limites. É
inaceitável. O governo brasileiro deveria afastá-lo urgente do cargo”, pontuou.


O presidente do Senado, David Alcolumbre também condenou o fato. “É inadmissível termos representantes com esse tipo de pensamento. E, pior ainda: que se valha do cargo que ocupa para explicitar simpatia pela ideologia nazista e, absurdo dos absurdos, repita ideias do ministro da Informação de Adolf Hitler, que infligiu o maior flagelo à humanidade”, comentou.

Marcos Pereira, vice-presidente da Câmara, também criticou a postura posterior do secretário, que "inadvertidamente ou consciente dos seus atos, ainda acusou a "esquerda" ao afirmar que essa "associação remota" é uma "falácia", e que trata-se apenas de uma "coincidência retórica"."
"Tornou-se lugar comum acusar a esquerda dos atos espúrios cometidos por quem quer que seja, dentro do governo ou fora dele. Nessa disputa estúpida de discursos vazios, ausente de razoabilidade, quem perde é o povo brasileiro. O nazismo com todo seu mal nunca deve ser esquecido, não para ser celebrado, mas para nunca mais ser praticado no mundo", disse o deputado em nota.

Revista Consultor Jurídico, 17 de janeiro de 2020, 12h47
COMENTÁRIOS DE LEITORES

INCOERÊNCIAS IDEOLÓGICAS

AC-RJ (Advogado Autônomo)18 de janeiro de 2020, 19h21 O mesmo pessoal que dias atrás ao se referir ao vídeo do "Porta dos Fundos", que era absurdamente ofensivo ao Cristianismo, sustentava que o direito de expressão era ilimitado e absoluto, e daí repudiava qualquer tipo de censura, subitamente mudou de ideia! Agora, pensam e defendem exatamente o oposto! Sob um insustentável e inexistente argumento de "discurso de ódio", sustentam exatamente o contrário, que a censura e repressão devem ser aplicadas a ideias que aparentemente não concordem.

A propósito, parece que os críticos não viram o vídeo do ex-secretário de cultura. Chama a atenção que afirmem com tanta certeza que ele fez uma explícita apologia ao nazismo, mas estranhamente ninguém mencionou qualquer trecho do vídeo neste sentido.

Na verdade, se o autor do vídeo fosse alguma autoridade de esquerda, sinceramente duvido que houvesse alguma reprimenda dos atuais "indignados". Pelo contrário, sustentariam freneticamente a mesma tese utilizada para defenderem o vídeo da "Porta dos Fundos", que a liberdade de expressão é intocável.

Para relembrar, os links que apontam que o ex-presidente Lula demonstrou a sua admiração por Hitler, mas que não houve indignação alguma pelos esquerdistas:

https://pleno.news/brasil/politica-nacional/psdb-critica-lula-e-lembra-quando-petista-elogiou-hitler.html

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/4/21/brasil/10.html

https://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/trinta-anos-de-lula-os-homens-admiraveis/

CHATEADO

André Pinheiro (Advogado Autônomo - Tributária)17 de janeiro de 2020, 23h30
Ainda estou chateado com a comunidade judaica que agiu como as hienas sarnentas no discurso do negro de 7 arrobas dado pelo presidente Imprudente de Imorais ainda candidato.

Quanto a este Alvim, por se julgar branco, alvo( branco), de fato deveria se tornar alvo( mira).

O idiota ao copiar o capetão em suas diabruras do sucesso e seus discursos homofóbicos , racistas ,anti globalista , anti indígena e etc. Esqueceu que os judeus são uma minoria rica. O governo que odeia minorias e se diz de maioria ama a minoria rica. E olha que é uma minoria ridiculamente minor.

Enfim, o Nazi fascista Alvim mecheu com a minoria errada. Não teve qualquer empatia com todas as perseguições e atrovidades que os judeus passaram na Europa por seculos que terminaram com o holocausto sanguinlento do Fuher. Heil Mito.

Resultado, o que ele fez se chama a técnica odiosa setse. Governo. Balão de ensaio que.testa a reação deste povo sonâmbulo, apito de cachorro para deixar os psicopatas nazistas ( neste caso) no cio e Cortina de fumaça para esquecer o escândalo do dia anterior em que um secretário de comunicação estava fazendo fortuna.

Portanto, ora dos judeus parar de se defender exclusivamente e vir a público condenar o episódio ridículo dos quilombolas .

No mais a demissão, embora por pressão dos ricos, deve ser apoiada por todos.

Dessa vez o palhaço morreu queimado. Mas logo logo outro pândego obscuro assume
o lugar.

Big Brother: tecnologia já é usada nas empresas para controlar seu trabalho

Companhias instalam chip sob pele de funcionários e usam webcam para vigiar empregados

AGÊNCIA O GLOBO - 20 JAN 2020 - 15H40
Se alguém contasse que uma empresa americana começou a instalar chips sob a pele de seus funcionários para agilizar tarefas — como acessar informações em computadores e pagar compras —, ou ainda que companhias no Reino Unido monitoram remotamente a webcam de seus empregados para vigiá-los, você acharia que é coisa de ficção científica? Apesar de inusitado, as práticas já acontecem no exterior. A tecnologia chegou no ambiente de trabalho para ficar e no Brasil não é diferente: o gerenciamento de dispositivos móveis permite desde saber a localização em tempo real do funcionário até bloquear aplicativos de redes sociais para que sejam usados apenas em horários de intervalo, por exemplo no almoço.

Empresas britânicas cogitam implantar chips nas mãos de funcionários

Vinicius Boemeke, diretor executivo da Pulsus, startup que oferece a solução para Ambev, Translovato Transportes e Infoco Distribuidora, explica que as companhias visam aumentar a sua produtividade. Por isso, a empresa até desenvolveu uma calculadora que estima o quanto é possível economizar a partir do gerenciamento dos dispositivos.
"Quando são usados apps que não são necessários ao trabalho, o gasto com internet é bem maior", explica. "Tivemos um cliente que conseguiu reduzir a franquia de dados de 5GB para 500Megas".

A Mobiltec é outra empresa que oferece a solução: aproximadamente 100 mil dispositivos de grandes empresas na América Latina, como Mc Donald’s, são gerenciados pelo software “cloud4mobile”. De acordo com o presidente Roni Silveira, com acesso remoto, empregadores podem até impedir que o funcionário desligue o aparelho pra não ser rastreado.

A empresa de segurança G4S também adota ferramenta semelhante para otimizar o uso de aparelhos celulares. O coordenador de sistemas de controle da informação, Wanderley Muniz, conta que a multinacional já estuda como a solução poderia substituir o ponto eletrônico. Ao invés de fazer a marcação ao chegar na empresa, o expediente só começaria a contar quando o empregado fizesse login no celular corporativo.

A tecnologia não é problema, mas, se é usada de forma ruim, acaba sendo nociva aos trabalhadores. Em minhas pesquisas sobre violência e relações de trabalho, comecei estudando as câmeras de vigilância de mercados, que vieram para substituir o segurança patrimonial, que era truculento. Como nenhuma tecnologia funciona sozinha, permanece submetida ao julgamento de um humano, que pode tirar conclusões com base em preconceitos.

Com certeza é um dispositivo de controle e punição. O trabalhador se sente o tempo todo vigiado e, se algo der errado, ele é o primeiro a ser investigado. Além disso, se o considerarem suspeito, ele é demitido sem nem saber o motivo, sem ter sequer a oportunidade de se defender.

O trabalhador acaba aprisionado em prol de uma maior produtividade. Deixa de tirar intervalos que são benéficos para a saúde. Só é considerado trabalho o tempo em que exerce a função, mas o tempo ocioso também é positivo: uma conversa com um colega pode deixá-lo mais criativo.


1.    Geolocalização e Rastreamento
É possível rastrear aparelhos em tempo real e saber se um trabalhador que atua fora da empresa, como um técnico de internet, está de fato na casa do cliente ou se deu uma paradinha em um bar

2.    Personalização da tela
Permite o bloqueio do uso de apps não autorizados pela empresa.
Por exemplo, é possível liberar o WhatsApp e o Facebook apenas no horário de almoço do empregado

3.    Modo Motorista
De acordo com a velocidade de deslocamento, alguns aplicativos são travados ou liberados. A finalidade é evitar que entregadores e motoristas dirijam mexendo no celular

4.    Instalação de aplicativos remotamente 
     As equipes de TI podem acessar os aparelhos a distância e fazer atualizações, evitando o deslocamento até a empresa. Ainda é possível saber a última vez que o aparelho se comunicou com a plataforma

5.    Horário de funcionamento personalizável
A fim de evitar o pagamento de horas extras em ações trabalhistas, as empresas restringem o uso do aparelho ao horário de expediente

 

Trabalhador aprisionado em prol de maior produtividade

 

Entrevista com Leonardo Ostronoff, pós-doutorando em Sociologia pela Usp

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A tecnologia usada no ambiente de trabalho é positiva?
A tecnologia não é problema, mas, se é usada de forma ruim, acaba sendo nociva aos trabalhadores. Em minhas pesquisas sobre violência e relações de trabalho, comecei estudando as câmeras de vigilância de mercados, que vieram para substituir o segurança patrimonial, que era truculento. Como nenhuma tecnologia funciona sozinha, permanece submetida ao julgamento de um humano, que pode tirar conclusões com base em preconceitos.
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O efeito Big Brother ajuda a controlar comportamentos?
Com certeza é um dispositivo de controle e punição. O trabalhador se sente o tempo todo vigiado e, se algo der errado, ele é o primeiro a ser investigado. Além disso, se o considerarem suspeito, ele é demitido sem nem saber o motivo, sem ter sequer a oportunidade de se defender.
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Esse controle é prejudicial ao trabalhador?
O trabalhador acaba aprisionado em prol de uma maior produtividade. Deixa de tirar intervalos que são benéficos para a saúde. Só é considerado trabalho o tempo em que exerce a função, mas o tempo ocioso também é positivo: uma conversa com um colega pode deixá-lo mais criativo.

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