quarta-feira, 20 de maio de 2020

NP 390 - Ditadura Cloroquinariana - 10 razões para não ter saudades da ditadura - Tratamento JE x C19


NP 390 de 15 a 21/05/2020


Dia 20/05/2020 - Chamada para a transmissão 390

Programa 390 - Semana de 15  a 21/05/2020 –21ª Edição do ano  Fonte-Ricardo Cravo Albin

 

Notícias Petroleiras e outras, estes são os nossos módulos. 

Vinheta

EDITORIAL:

 

21/05/2020     

Professor Ivan Luiz de Maricá

youtube.com/c/IvanLuiz

 

http://twitter.com/profivanluiz

 

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Ivan Luiz Jornalista – Reg. CPJ 38.690 - RJ –1977.

Módulo I  10 razões para não ter saudades da ditadura

Módulo II A soberania alimentar será camponesa

Módulo III Depois do C19 o mundo será o mesmo. Quem disse?

Módulo IV Lutas e Revoluções na América Latina Séculos XIX, XX e XXI - O anjo torto - As surpresas da toupeira

Módulo V - Homenageados na cultura brasileira,  destaque para    Antônio 7 Cordas (92 anos) -  Helena de Lima (94 anos) -  Johnny Alf (91 anos)  -  Luis Carlos Vinhas (80 anos) -  Hélio Delmiro (73 anos) -  Renato Teixeira (75 anos)

Módulo VI Relação completa dos aniversariantes de 15 a 21/05

Módulo VII  Pandemia e Espiritualidade – Frei Beto

Módulo VII_I  O que poderá vir depois do Coronavírus? Leonardo Boff


Módulo VII_II   Aniversário Mojica


Módulo VII_III  Carta de Paris: Sartre e a luta armada no Brasil 


Urgente  Nova Zelândia propõe semana de 4 dias 

Homenagem Especial para: ..........

 

EDITORIAL: Relevante: Getúlio Vargas

Nasceu em 19 de abril de 1882, no interior do Rio Grande do Sul, no município de São Borja (fronteira com a Argentina), filho de Manuel do Nascimento Vargas e de Cândida Francisca Dornelles Vargas. Na juventude, alterou alguns documentos, para fazer constar o ano de nascimento como 1883.

 

Este fato somente foi descoberto nas comemorações do centenário de nascimento, quando, verificando-se os livros de registros de batismos da Paróquia de São Francisco de Borja, descobriu-se que Getúlio nasceu em 1882, constando no seu assento de batismo.[nota 3] 

 

Revista do Globo, que fez uma série de entrevistas com Getúlio, em 1950, antes da campanha eleitoral, contou que Getúlio corrigiu os repórteres dizendo que nasceu em 1883.[8]

Getúlio Vargas provém de uma família de estancieiros[9] da zona rural da fronteira com a Argentina. Os Vargas são originários do Arquipélago dos Açores.[10] Uma genealogia detalhada de Getúlio Vargas foi escrita pelo genealogista Aurélio Porto, Getúlio Vargas à luz da Genealogia, publicada pelo Instituto Genealógico Brasileiro em 1943.[11]

 

 

Na era Vargas foram criados

 

  1. Em 20 de junho de 1952, pela lei nº 1.628,[58] o BNDE, atual BNDES.
  2. Em 19 de julho de 1952, pela lei nº 1.649,[59] o Banco do Nordeste.
  3. Pela lei nº 1.779,[60] de 22 de dezembro de 1952, o Instituto Brasileiro do Café (IBC), extinto em 1990.
  4. Em 1953, a PETROBRAS, no aniversário da Revolução de 1930, 3 de outubro, pela citada lei nº 2.004.
  5. Em 29 de dezembro de 1953, a lei nº 2.145,[61] criou a CACEX, Carteira de Comércio Exterior do Banco do Brasil.
  6. Em 11 de janeiro de 1954, foi criado o seguro agrário, pela lei nº 2.168,[62] não revogada até hoje.

 

Getúlio sancionou a lei nº 2.252,[63] de 1 de julho de 1954, que dispunha sobre a corrupção de menores, esta lei vigorou até 2.009, revogada pela lei nº 12.015.[64]

 

Em 1951, Getúlio enfrenta, pela segunda vez, uma grande seca no Nordeste do Brasil (a primeira fora em 1932). Getúlio diz na Mensagem ao Congresso Nacional, referente a 1951, que, nesse ano, dobrou o número de migrantes do Nordeste do Brasil e do norte de Minas Gerais para São Paulo. Em 1950 foram 100.123, e, em 1951, 208.515 migrantes para São Paulo.

 

Houve uma grande mobilização nacional conhecida como a campanha "O petróleo é nosso" em torno da criação da PETROBRAS.

 

Getúlio tentou, mas não conseguiu, criar a Eletrobrás, que só seria criada em 1961.

 

Em 1954, entrou em operação a Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso I.

 

Foi iniciada a construção da Rodovia Fernão Dias ligando São Paulo a Belo Horizonte, e que seria concluída por Juscelino Kubitschek.

 

Foi assinado, em março de 1952, um acordo de cooperação e ajuda militar entre o Brasil e os Estados Unidos. Este acordo vigorou de 1953 até 1977, quando o presidente Ernesto Geisel denunciou o mesmo.

 

Houve uma série de acusações de corrupção a membros do governo e pessoas próximas a Getúlio, o que levou Getúlio a dizer que estava sentado em um "mar de lama".

 

O caso mais grave de corrupção, que jogou grande parte da opinião pública contra Getúlio, foi a comissão parlamentar de inquérito (CPI) do jornal Última Hora, de propriedade de Samuel Wainer. Samuel Wainer era acusado por Carlos Lacerda e outros de receber dinheiro do Banco do Brasil para apoiar Getúlio.

 

O jornal Última Hora era praticamente o único órgão de imprensa a apoiar Getúlio.


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Destaque para Módulo I   10 razões para não ter saudades da ditadura   -   Topo

Publicado por DellaCella Souza Advogados há 6 anos


 

Temas

T1

Tortura e ausência de direitos humanos

T2

Censura e ataque à imprensa

T3

Amazônia e índios sob risco

T4

Baixa representação política e sindical

T5

Saúde pública fragilizada

T6

Linha dura na educação

T7

Corrupção e falta de transparência

T8

Nordeste mais pobre e migração

T9

Desigualdade: o bolo cresceu mas não foi dividido

T10

Precarização do trabalho

T opo

 1. Tortura e ausência de direitos humanos

As torturas e assassinatos foram a marca mais violenta do período da ditadura. Pensar em direitos humanos era apenas um sonho. Havia até um manual de como os militares deveriam torturar para extrair confissões, com práticas como choques, afogamentos e sufocamentos. Os direitos humanos não prosperavam, já que tudo ocorria nos porões das unidades do Exército.

"As restrições às liberdades e à participação política reduziram a capacidade cidadã de atuar na esfera pública e empobreceram a circulação de ideias no país", diz o diretor-executivo da Anistia Internacional Brasil, Atila Roque.

Sem os direitos humanos, as torturas contra os opositores ao regime prosperaram. Até hoje a Comissão Nacional de Verdade busca dados e números exatos de vítimas do regime.

"Os agentes da ditadura perpetraram crimes contra a humanidade -tortura, estupro, assassinato, desaparecimento- que vitimaram opositores do regime e implantaram um clima de terror que marcou profundamente a geração que viveu o período mais duro do regime militar", afirma.

Para Roque, o Brasil ainda convive com um legado de "violência e impunidade" deixado pela militarização. "Isso persiste em algumas esferas do Estado, muito especialmente nos campos da justiça e da segurança pública, onde tortura e execuções ainda fazem parte dos problemas graves que enfrentamos", complementa.

 

2. Censura e ataque à imprensa

Uma das marcas mais conhecidas da ditadura foi a censura. Ela atingiu a produção artística e controlou com pulso firme a imprensa.

Os militares criaram o "Conselho Superior de Censura", que fiscalizava e enviava ao Tribunal da Censura os jornalistas e meios de comunicação que burlassem as regras. Os que não seguissem as regras e ousassem fazer críticas ao país, sofriam retaliação -cunhou-se até o slogan "Brasil, ame-o ou deixe-o."

Não são raras histórias de jornalistas que viveram problemas no período. "Numa visita do presidente (Ernesto) Geisel a Alagoas, achamos de colocar as manchetes no jornalismo da TV: 'Geisel chega a Maceió; Ratos invadem a Pajuçara'. Telefonaram da polícia para o Pedro Collor [então diretor do grupo] e ele nos chamou na sala dele e tivemos que engolir o afastamento do jornalista Joaquim Alves, que havia feito a matéria dos ratos", conta o jornalista Iremar Marinho, citando que as redações eram visitadas quase que diariamente por policiais federais.

Para cercear o direito dos jornalistas, foi criada, em 1967, a Lei de Imprensa. Ela previa multas pesadas e até fechamento de veículos e prisão para os profissionais.  A lei só foi revogada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2009.

Muitos jornalistas sofreram processos com base na lei mesmo após a redemocratização. "Fui processado em 1999 porque publiquei declaração de Fulano contra Beltrano. A Lei de Imprensa da Ditadura permitia isso: punir o mensageiro, que é o jornalista", conta o jornalista e blogueiro do UOL, Mário Magalhães.

 

3. Amazônia e índios sob risco

No governo militar, teve início um processo amplo de devastação da Amazônia. O general Castelo Branco disse, certa vez, que era preciso "integrar para não entregar" a Amazônia. A partir dali, começou o desmatamento e muitos dos que se opuseram morreram.

"Ribeirinhos, índios e quilombolas foram duramente reprimidos tanto ou mais que os moradores das grandes cidades", diz a jornalista paraense e pesquisadora do tema, Helena Palmquist.

A ideia dos militares era que Amazônia era "terra sem homens", e deveria ser ocupada por "homens sem terra do Nordeste." Obras como as usinas hidrelétricas de Tucuruí e Balbina também não tiveram impactos ambientais ou sociais previamente analisados, nem houve compensação aos moradores que deixaram as áreas alagadas. Até hoje, milhares que saíram para dar lugar às usinas não foram indenizados.

A luta pela terra foi sangrenta. "Os Panarás, conhecidos como índios gigantes, perderam dois terços de sua população com a construção da BR-163 -que liga Cuiabá a Santarém (PA). Dois mil Waimiri-Atroaris, do Amazonas, foram assassinados e desaparecidos pelo regime militar para as obras da BR-174. Nove aldeias desse povo desapareceram e há relatos de que pelo menos uma foi bombardeada com gás letal por homens do Exército", afirma.


4. Baixa representação política e sindical

Um dos primeiros direitos outorgados aos militares na ditadura foi a possibilidade do governo suspender os direitos políticos do cidadão. Em outubro de 1965, o Ato Institucional número 2 acabou com o multi-partidarismo e autorizou a existência de apenas dois: a Arena, dos governistas, e o MDB, da oposição.

O problema é que existiam diversas siglas, que tiveram de ser aglutinadas em um único bloco, o que fragilizou a oposição. "Foi uma camisa-de-força que inibiu, proibiu e dificultou a expressão político-partidária. A oposição ficou muito mal acomodada, e as forças tiveram que conviver com grandes contradições", diz o cientista político da Universidade Federal de Pernambuco, Michael Zaidan.

As representações sindicais também foram duramente atingidas por serem controladas com pulso forte pelo Ministério do Trabalho. Isso gerou um enfraquecimento dos sindicatos, especialmente na primeira metade do período de repressão.

"Existiam as leis trabalhistas, mas para que elas sejam cumpridas, com os reajustes, é absolutamente necessário que os sindicatos judicializem, intervenham para que os patrões respeitem. Essas liberdades foram reprimidas à época. Os sindicatos eram compostos mais por agentes do governo que trabalhadores", lembra Zaidan.

Folhapress

 

5. Saúde pública fragilizada

Se a saúde pública hoje está longe do ideal, ela ainda era mais restrita no regime militar. O INAMPS (Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social) era responsável pelo atendimento, com seus hospitais, mas era exclusivo aos trabalhadores formais.

"A imensa maioria da população não tinha acesso", conta o cardiologista e sindicalista Mário Fernando Lins, que atuou na época da ditadura. Surgiu então a prestação de serviço pago, com hospitais e clínicas privadas.

"Somente após 1988 é que foi adotado o SUS (Sistema Único de Saúde), que hoje atende a uma parcela de 80% da população", diz Lins.

Em 1976, quase 98% das internações eram feitas em hospitais privados. Além disso, o modelo hospitalar adotado fez com a que a assistência primária fosse relegada a um segundo plano. Não existiam planos de saúde, e o saneamento básico chegava a poucas localidades. "As doenças infectocontagiosas, como tuberculose, eram fonte de constante preocupação dos médicos", afirma Lins.

Segundo estudo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), "entre 1965/1970 reduz-se significativamente a velocidade da queda [da mortalidade infantil], refletindo, por certo, a crise social econômica vivenciada pelo país".

 

6. Linha dura na educação

A educação brasileira passou por mudanças intensas na ditadura. "O grande problema foi o controle sobre informações e ideologia, com o engessamento do currículo e da pressão sobre o cotidiano da sala de aula", sintetiza o historiador e professor da Universidade Federal de Alagoas, Luiz Sávio Almeida.

As disciplinas de filosofia e sociologia foram substituídas pela de OSPB (Organização Social e Política Brasileira, caracterizada pela transmissão da ideologia do regime autoritário, exaltando o nacionalismo e o civismo dos alunos e, segundo especialistas, privilegiando o ensino de informações factuais em detrimento da reflexão e da análise) e Educação, Moral e Cívica. Ao mesmo tempo, com o baixo índice de investimento na escola pública, as unidades privadas prosperaram.

Na área de alfabetização, a grande aposta era o Mobral (Movimento Brasileiro para Alfabetização), uma resposta do regime militar ao método elaborado pelo educador Paulo Freire, que ajudou a erradicar o analfabetismo no mundo na mesma época em que foi considerado "subversivo" pelo governo e exilado. Segundo o estudo "Mapa do Analfabetismo no Brasil", do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), do Ministério da Educação, o Mobral foi um "retumbante fracasso."

Os problemas também chegaram às universidades, com o afastamento delas dos centros urbanos e a introdução do sistema de crédito. "A intenção do regime era evitar aglomeração perto do centro, enquanto o sistema de crédito foi criado para dispersar os alunos e não criar grupos", diz o historiador e vice-reitor do Fejal (Fundação Educacional Jayme de Altavila), Douglas Apratto.

Roberto Stuckert/Folha Imagem

 

7. Corrupção e falta de transparência

No período da ditadura, era praticamente impossível imaginar a sociedade civil organizada atuando para controlar gastos ou denunciando corrupção. Não havia conselhos fiscalizatórios e, com a dissolução do Congresso Nacional, as contas públicas não eram analisadas, nem havia publicidade dos gastos públicos, como é hoje obrigatório.

"O maior antídoto da corrupção é a transparência. Durante a ditadura, tivemos o oposto disso. Os desvios foram muitos, mas acobertados pela força das baionetas", afirma o juiz e um dos autores da Lei da Ficha Limpa, Márlon Reis.

Reis afirma que, ao contrário dos anos de chumbo, hoje existem órgãos fiscalizatórios, imprensa e oposição livres e maior publicidade dos casos. "Estamos muito melhor agora, pois podemos reagir", diz.

Outro ponto sempre questionado no período de ditadura foram os recursos investidos em obras de grande porte, cujos gastos eram mantidos em sigilo.

"Obras faraônicas como Itaipu, Transamazônica e Ferrovia do Aço, por exemplo, foram realizadas sem qualquer possibilidade de controle. Nunca saberemos o montante desviado" , disse Reis. "Durante a ditadura, a corrupção não foi uma política de governo, mas de Estado, uma vez que seu principal escopo foi a defesa de interesses econômicos de grupos particulares."

 

8. Nordeste mais pobre e migração

A consolidação do Nordeste como região mais pobre do país teve grande participação do governo do militares. "Nenhuma região mudou tanto a economia como o Nordeste", diz o doutor em economia regional Cícero Péricles Carvalho, professor da Universidade Federal de Alagoas.

Com as políticas adotadas, a região teve um crescimento da pobreza. "Terminada a ditadura, o Nordeste mantinha os piores indicadores nacionais de índices de esperança de vida ao nascer, mortalidade infantil e alfabetização. Entre 1970 e 1990, o número de pobres no Nordeste aumentou de 19,4 milhões para 23,7 milhões, e sua participação no total de pobres do país subiu de 43% para 53%", afirma Péricles

O crescimento urbano registrado teve como efeito colateral a migração desregulada. "O modelo agroindustrial reduziu as atividades agropecuárias, que eram determinantes na riqueza regional, com 41% do PIB, para apenas 14% do total em 1990", diz Péricles.

Enquanto o campo era relegado, as atividades urbanas saltaram, na área industrial, de 12% para 28% e, na área do comércio e serviços, de 47% para 58%.

"A migração gerou mais pobreza nas cidades, sem diminuir a miséria no campo. A população do campo reduziu-se a um terço entre 1960 e 1990", acrescenta Péricles.

 

9. Desigualdade : bolo cresceu, mas não foi dividido

"É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo". A frase do então ministro da Fazenda Delfim Netto é, até hoje, uma das mais lembradas do regime militar. Mas o tempo mostrou que o bolo cresceu, sim, ficou conhecido como "milagre brasileiro", mas poucos comeram fatias dele.

A distribuição de renda entre os estratos sociais ficou mais polarizada durante o regime: os 10% dos mais ricos que tinham 38% da renda em 1960 e chegaram a 51% da renda em 1980. Já os mais pobres, que tinham 17% da renda nacional em 1960, decaíram para 12% duas décadas depois.

Assim, na ditadura houve um aumento das desigualdades sociais. "Isso levou o país ao topo desse ranking mundial", diz o professor de Economia da Universidade Federal de Alagoas, Cícero Péricles.

Entre 1968 e 1973, o Brasil cresceu acima de 10% ao ano. Mas, em contrapartida, o salário mínimo -que vinha recuperando o poder de compra nos anos 1960- perdeu com o golpe. "Em 1974, em pleno 'milagre', o poder de compra dele representava a metade do que era em 1960", acrescenta Péricles.

"As altas taxas de crescimento significavam mais oportunidades de lucros altos, renda e crédito para consumo de bens duráveis; para os mais pobres, assalariados ou informais, restava a manutenção de sua pobreza anterior", explica o economista.

Divulgação / Pequi Filmes

 

10. Precarização do trabalho

Apesar de viver o "milagre brasileiro", a ditadura trouxe defasagem aos salários dos trabalhadores. "Nossa última ditadura cívico-militar foi, em certo ponto, economicamente exitosa porque permitiu a asfixia ao trabalho e, por consequência, a taxa salarial média", diz o doutor em ciências sociais e blogueiro do UOL, Leonardo Sakamoto.

Na época da ditadura, a lei de greve, criada em 1964, sujeitava as paralisações de trabalhadores à intervenção do Poder Executivo e do Ministério Público. "Ir a Justiça do Trabalho para reclamar direitos era possível, mas pouco usual e os pedidos eram minguados", explica Sakamoto.

 

"Nada é tão atrativo ao capital do que a possibilidade de exercício de um poder monolítico, sem questionamentos", diz Sakamoto, que cita a asfixia dos sindicatos, a falta de liberdade de imprensa e política foram "tão atraentes a investidores que isso transformou a ditadura brasileira e o atual regime político e econômico chinês em registros históricos de como crescimento econômico acelerado e a violência institucional podem caminhar lado a lado".

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Módulo II    

A soberania alimentar será camponesa ou não será

Diante da crise sanitária, coletivo de associações francesas assina manifesto pela proteção e pelo reconhecimento da agricultura familiar e camponesa como atividade de interesse público, e contra a ditadura econômica dos mercados imposta pela agroindústria (Grifo é nosso)

Por Vários autores* - 15/05/2020 12:26

 

Créditos da foto: (Reprodução)

 

A INFORMAÇÃO NÃO É MERCADORIA, É UM BEM PÚBLICO.

 

Durante a crise sanitária que atravessamos, ouvimos muito falar de soberania alimentar. Mas do que se trata realmente e como construí-la? Essa expressão é bastante usada de maneira vazia por antigos ou atuais atores políticos que nunca fizeram nada concreto para que ela fosse alcançada. Até a indústria agro-alimentar e os gigantes do varejo dizem defendê-la. Mas como esperar que contribuam para concretizá-la quando sempre priorizaram os mercados globalizados, a competição entre os pequenos produtores, as exportações descontroladas de produtos de baixo custo, a fragilização das agriculturas locais...? Esses atores estão entre os responsáveis por nossa dependência e dificuldades atuais e, para eles, a soberania alimentar é, antes de tudo, a promessa de um novo mercado a conquistar.

Para nós, a soberania alimentar é muito mais do que uma simples resposta à necessidade de alimentos (1). Ela é pensada e iniciada coletivamente, com solidariedade entre os povos, e pode se tornar uma das bases de refundação de nossa democracia. A soberania alimentar incarna as aspirações, a capacidade e o direito das populações de um território de decidir sobre sua alimentação e, portanto, o direito de determinar o sistema alimentar desde os campos até a mesa, sem causar danos às agriculturas dos outros.

A soberania alimentar é uma democracia de iniciativa que escreve seu próprio destino alimentar e agrícola, englobando o vínculo com o território, a saúde, o meio ambiente, o emprego e o clima, com o claro objetivo de servir ao interesse comum, permitindo que uma alimentação de qualidade seja acessível a todos.

Enfrentamento das crises alimentares


Para escrever a história de uma verdadeira soberania alimentar e agrícola aqui e no exterior, acreditamos que é hora de reconhecer o papel central das agricultoras e dos agricultores. São elas e eles que nos permitirão enfrentar coletivamente as crises alimentares, climáticas e ecológicas de nossos territórios e de nosso planeta. Com seu conhecimento, autonomia sobre suas terras, vínculo com a terra e a natureza, bem como a resiliência de uma policultura e criações diversificadas, do pastoralismo ou ainda de agro-florestas e sistemas de pastos, elas e eles produzem alimentos saudáveis e de qualidade, que permitem uma gestão dos ecossistemas do nosso planeta adaptada à sua diversidade e às transformações do clima.

Além disso, a profissão de agricultor(a) é uma importante resposta à urgência social. Com muitos camponeses e camponesas instalados em pequenas propriedades, formam-se novas dinâmicas rurais e uma economia local se organiza na escala de todo um território. São milhares de empregos no campo de volta, que geram outros, de qualidade, no processamento agro-alimentar e na distribuição. Iniciativas coletivas, solidárias e cooperativas são recriadas. Toda uma vida renasce em países antes negligenciados e esquecidos, com impactos nos serviços públicos, escolas, hospitais, cultura... Agora é hora de construir o pós-alimentação!

É por isso que precisamos de bem mais camponesas e camponeses. Queremos um milhão amanhã, e ainda mais depois de amanhã. Para atingir esse objetivo, exigimos que sejam tomadas hoje decisões que rompam claramente com a ditadura econômica dos mercados imposta pela agroindústria, e que reconheçam o valor da agricultura familiar e camponesa e do ofício de agricultoras e agricultores. Precisamos de muitos agricultores que dependem de uma lei fundiária que preserve e distribua a terra; de uma política de fixação massiva; de uma política agrícola comum baseada em geração de empregos e não em hectares.


Criação de laços duradouros


Camponesas e camponeses devem ser remunerados dignamente, com a regulamentação dos volumes e dos mercados para garantir preços justos e estáveis, e com a arbitragem pública das relações comerciais para garantir o direito à remuneração dos agricultores.

Agricultoras e agricultores devem ser protegidos e reconhecidos, suspendendo-se imediatamente todos os acordos de livre comércio; todo apoio à industrialização da agricultura deve ser interrompido, deve ser dado apoio financeiro para a transição agro ecológica a fazendas autônomas e sustentáveis, e uma política agrícola e alimentar comum deve ser criada, a fim de criar laços duradouros entre camponeses e consumidores.

Essa crise deve abrir nossos olhos para a importância do trabalho no campo. Assim como os trabalhadores da educação e da saúde, camponesas e camponeses exercem profissões de evidente utilidade pública. Profissões que têm o poder de estruturar nossa vida coletiva em todos os territórios, e que devem ser a base sobre a qual construiremos uma sociedade mais social e ecologicamente justa: uma sociedade nova.

(1) O conceito foi desenvolvido pela Via Campesina e levado ao debate público por ocasião da Cúpula Mundial da Alimentação, em 1996. Desde sua origem, apresenta uma alternativa às políticas neoliberais aplicadas ao setor agrícola. A soberania alimentar designa o direito das populações, seus Estados ou uniões de definir sua política agrícola e alimentar, sem destruir a de outros países.

*Signatários: Nicolas Girod, porta-voz da Confédération paysanne, associação Abiosol, Khaled Gaiji, presidente da Friends of the Earth France, Aurélie Found, porta-voz da Attac France, Sylvie Bukhari de Pontual, presidente da CCFD-Terre Solidariedade, Fabrice Bouin, presidente da Civam, Raphaël Bellanger e Virginie Raynal, copresidentes da FADEAR, Alain Grandjean, presidente da Fundação Nicolas-Hulot, Benoît Teste, secretário geral da FSU, Jean-François Julliard, diretor-geral do Greenpeace França, Évelyne Boulongne, porta-voz da Miramap, Marie Pochon, secretária geral da Notre Affaire à Tous, Cécile Duflot, diretora-geral da Oxfam FrançaSlow food França, Clotilde Bato, delegada geral da SOL, Michel Vampouille , Presidente da Fédération nationale terre de liens, Françoise Vernet, Presidente da Terre & Humanisme, Éric Beynel, porta-voz da Union Syndicale Solidaires, Arnaud Schwartz, Presidente da France nature environnement.
**Tradução de Clarisse Meireles

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Módulo III     

Chico Junior

Jornalista, escritor e comunicador

Depois da Covid-19 o mundo não será o mesmo. Quem disse?

Vamos continuar vivendo sob o mesmo sistema econômico, o capitalista. Então, para se mudar alguma coisa, esse sistema produtor de grandes desigualdades sociais teria que ser repensado. Mas não vai - 6 de abril de 2020, 09:33 h

 

Tenho lido e ouvido por aí que “depois da Covid-19 o mundo não será o mesmo”. Como assim? Tenho cá as minhas dúvidas.

Pra começar, vamos continuar vivendo sob o mesmo sistema econômico, o capitalista. Então, para se mudar alguma coisa, esse sistema produtor de grandes desigualdades sociais teria que ser repensado. Mas não vai. Os bilionários do mundo vão querer continuar sendo os bilionários do mundo e, principalmente em países como o Brasil, as poucas centenas de bilionários continuarão a reter a grande parcela da riqueza nacional, cabendo à maior parte da população a menor parcela da riqueza, ou seja, as desigualdades sociais e a grande desigualdade de renda vão continuar.

Os bancos vão continuar praticando seus juros abusivos, principalmente em cima da população menos favorecida economicamente e dos pequenos e médios empresários.

Os impostos continuarão altos e o retorno desses impostos para os investimentos sociais (água, saneamento, saúde, educação...) continuará do jeito que é hoje.


Por exemplo, e entrando na minha praia, que é a alimentação, só mudará alguma coisa mesmo se houver, como tenho dito sempre, investimento maciço no desenvolvimento da agricultura familiar, com mais crédito e juros mais baixos. Mas duvido que isso aconteça; ao contrário, os principais investimentos vão continuar indo para o agronegócio e para a produção de commodities agrícolas, produtos de exportação.

O alto investimento na produção e utilização de agrotóxicos e fertilizantes sintéticos continuará, em detrimento do investimento na agro-ecologia, que é o desenvolvimento agrícola ecológico e sustentável e considerada pela FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura) como” essencial para o futuro da humanidade, que deve preservar o planeta e ao mesmo tempo garantir alimentos saudáveis para todos”.

A Nestlé continuará sendo a maior empresa de alimentos do mundo, e fará de tudo para não perder o posto. E isso vale também para a Unilever, a Pepsico e outras multinacionais. Ninguém vai querer perder o seu posto.

 

Cai o consumo de arroz e feijão

 

Uma mudança de paradigma seria fazer com que as pessoas passassem a ter uma alimentação mais saudável, cozinhando sua própria comida, comendo mais produtos naturais ou minimamente processados. Dessa forma se evitaria, por exemplo, o aumento da obesidade, que já é um problema de saúde pública em países como os Estados Unidos e mesmo no Brasil.

Olhem só a quantas anda o problema.

Divulgada na última sexta-feira (3 de abril), a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), do IBGE, mostrou que, em 15 anos (entre 2003 e 2018) o consumo de arroz e feijão caiu 40% na mesa do brasileiro, perdendo espaço para comida industrializada, ou seja, os alimentos ultraprocessados. 

(Realizada desde a década de 1970, a POF é um levantamento detalhado em relação aos padrões de consumo dos brasileiros. Nesta edição o IBGE pesquisou cerca de 58 mil dos 70 milhões de lares brasileiros, em 1,9 mil cidades.)

A população está comendo menos cereais, dando preferência a produtos como biscoitos, doces, sorvetes e refrigerante. O consumo de alimentos preparados industrialmente cresceu 56% em 15 anos.

A boa notícia é que dobramos o consumo de ovos no período. São mais de 3,3 kg/ano consumo de ovos.

 

Obesidade

 

Está mais do que comprovado que o consumo de alimentos ultraprocessados contribui para o aumento da obesidade. Segundo o Ministério da Saúde, o país ganha um milhão de novos obesos por ano, que hoje somam 20% da população.

 

Não vai mudar

 

E esse quadro vai mudar? Me desculpem, mas não vai não. As multinacionais da alimentação vão continuar tratando comida como lucro financeiro, vão continuar, por intermédio de propaganda maciça, tentando mostrar que comer comida industrializada é melhor, mais prático e mais barato (o que não é verdade) do que fazer sua própria comida.

E assim segue a vida...

Participe da campanha de assinaturas solidárias do Brasil 247. Saiba mais. Topo

Fonte:  Brasil 247

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Data

Módulo IV - Lutas e revoluções Populares na América Latina nos séculos XIX, XX e XXI

 

 

O anjo torto

As surpresas da toupeira

Marx havia prognosticado que a luta  de classes se tornaria mais aguda nos países mais avançados dó capitalismo. Ao maior desenvolvimento econômico corresponderiam classes sociais mais estratificadas, maiores conflitos entre elas e possibilidades superiores para a esquerda e o socialismo. A Inglaterra, a França e a Alemanha seriam então os países com melhores perspectivas para a esquerda. Além do nível superior da luta de classes, ali se dariam as condições de desenvolvimento econômico que tornariam possível passar da riqueza multiplicada, mas concentrada em poucas mãos pelo capitalismo, a' uma sociedade em que todos viveriam de seu trabalho, socializando a riqueza e implantando a justiça social.

Mas as tentativas revolucionárias nos países mais desenvolvidos do capitalismo revelavam dificuldades que Marx não suspeitava no seu tempo. Vivendo em melhores condições do que os trabalhadores das outras regiões do mundo, até mesmo porque as burguesias de seus países se enriqueciam brutalmente com a exploração das colônias e distribuíam uma pequena parte dessa riqueza a alguns estratos dos trabalhadores, diminuindo assim os conflitos de classe, os trabalhadores da Inglaterra, da França e da Alemanha se mostraram menos propensos a romper com o capitalismo do que os dos países periféricos desse sistema. Os partidos social-democratas tinham mais força que os comunistas, ao contrário do que acontecia nos países da periferia capitalista, onde as condições de exploração eram mais brutais, as perspectivas de luta legal para a esquerda eram quase nulas e as possibilidades da luta insurrecional a via mais possível.

Marx dizia que a revolução era como uma ''velha toupeira", que circula incessantemente por baixo da terra, sem que se perceba sua trajetória, até que, de repente, irrompe bruscamente na superfície. Com isso queria dizer que, apesar de períodos de calmaria, a luta de classes - considerada por ele como o "motor da história" - não se detinha e surpreendia a muitos, reiteradamente, pelos lugares e formas que assumia.

A Rússia, na compreensão de Lênin, era um desses elos mais frágeis, justamente porque o Estado desenvolvia uma exploração mais radical de seu povo, para tentar arrecadar recursos e se transformar numa potência imperialista mundial. Porém, isso se fazia calcado na população atrasada e pobre de um país que tinha apenas umas poucas regiões industrializadas, cercadas por um imenso cordão de zonas agrícolas pré-capitalistas.

O Estado russo czarista era ditatorial e já havia sofrido uma séria derrota militar contra o Japão, no começo do século, na sua tentativa de avançar sobre a Mandchúria. Aliado às potências ocidentais dirigidas pela Inglaterra e França, o czar russo pretendia disputar o despojo dos vencedores da guerra, repartindo os domínios dos vencidos, e por isso entrou na guerra contra o Japão e a Alemanha.

A participação da Rússia na guerra só piorou as condições sociais internas do país e gerou uma situação favorável para a esquerda se lançar à conquista do poder. Significou o recrutamento para o exército de milhões de camponeses, até ali dispersos, incultos, desinformados e despolitizados, junto a operários em processo de mobilização e organização política, colocando-se armas nas suas mãos.

A intensa propaganda do partido comunista russo - chamado partido bolchevique, por propor um programa de grandes transformações anticapitalistas, ao contrário do partido social-democrata, chamado de menchevique, favorável a transformações de menor alcance, dentro do capitalismo - politizou os camponeses, forjando a aliança com os operários, sob o lema "Paz, pão e terra". O termo "Paz" significava a retirada russa do conflito, no qual o povo não tinha nenhum interesse e os trabalhadores russos lutavam contra os trabalhadores de outros países. "Pão" era a forma de designar a necessidade de saciar a fome da população, que havia piorado ainda mais com a prioridade dada pelo Estado russo aos gastos bélicos. E "Terra" simbolizava uma maneira de dar aos milhões de camponeses o direito de produzirem os alimentos para matar a fome do povo russo.

A péssima performance do mal armado e famélico exército russo diante do poderoso exército alemão agravou os problemas internos da Rússia e desarticulou a hierarquia do exército, criando as condições para que o regime czarista caísse, em fevereiro de 1917, antes do final da guerra. Como o governo dirigido pelos mencheviques não mencionava retirar a Rússia da guerra e, tampouco, resolver os dois outros problemas do país - a fome e a terra -, isto fez com que o poder ficasse com os bolcheviques, em outubro daquele ano.
Revelava-se assim que a resistência do poder das elites ao ataque dos trabalhadores era menor nos países da periferia capitalista do que nos do centro. Mas, em compensação, o atraso econômico, social e cultural tornava muito mais difícil a construção da nova sociedade. O que fazer, então? Para Lenin se tratava de incentivar a revolução na Europa, nos países mais avançados, especialmente na Alemanha. Com a revolução num daqueles países, a Rússia teria apoio. A Revolução Russa seria apenas a espoleta que detonaria a revolução na Europa avançada, que, por sua vez, resgataria a Rússia atrasada e tornaria possível o socialismo pela integração internacional de todos os países no caminho da construção da nova sociedade.

A revolução na Europa adiantada não aconteceu. Por duas vezes, no pós-guerra, ela pareceu ser possível na Alemanha, justamente o país perde dor da guerra, para o qual se transferiam as maiores tensões sociais. Mas, com o apoio da social-democracia, as tentativas revolucionárias foram derrotadas após o assassinato da principal líder da esquerda alemã, Rosa Luxemburgo. Outras ofensivas da esquerda tampouco prosperaram na Itália, na Hungria, e assim a revolução ficou isolada na Rússia atrasada. O que fazer, então?

Esta foi a grande discussão entre os revolucionários, em todo o mundo; sabia-se que na Rússia se decidiria o destino da revolução e da esquerda, por ser o único país em que os trabalhadores tinham chegado ao poder. Depois de um acirrado debate, concluído já após a morte de Lênin, triunfaram, contra as de Trotsky, as teses de Stálin afirmando a possibilidade de seguir adiante na construção do socialismo, mesmo nas condições da Rússia atrasada, sem conexão com nenhuma Outra revolução em países avançados.

Marx havia escrito que o socialismo supunha o desenvolvimento econômico e social do capitalismo, que seria superado pela socialização dos frutos da produção e pela apropriação coletiva dos destinos da sociedade por todos os trabalhadores. Isso significava redirecionar o desenvolvimento econômico conforme uma planificação democraticamente estabelecida por toda a sociedade mas, ao mesmo tempo, significava também um maior grau de liberdades políticas e culturais para todos. Em todos os planos o socialismo representaria uma superação do capitalismo na direção de uma sociedade sem classes e sem Estado e, portanto, sem exploração e sem dominação.

O máximo que a Rússia atrasada podia fazer era redirecionar o seu desenvolvimento econômico por um tipo de planejamento central que, mesmo assim, não podia ser democrático, porque a maioria da população era camponesa, não havia participado diretamente na revolução e pretendia defender a pequena propriedade que havia conquistado, não se identificando com a socialização da produção e seu planejamento. Como resultado da opção feita por Stálin, foi privilegiado o desenvolvimento econômico em detrimento da democracia política. A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), nome que passou a ter a federação constituída em torno da Rússia, conseguiu dar um impressionante salto econômico nas décadas de 1930 e 1940, mas isto foi feito mediante uma socialização militarizada da propriedade agrícola, com a morte maciça de camponeses que a ela resistiam, com a imposição de um regime sem nenhuma liberdade interna no partido bolchevique e com a constituição de um Estado ditatorial.

Dissociaram-se assim democracia e desenvolvimento econômico na primeira experiência de construção de uma sociedade anticapitalista. A esquerda mundial dividiu-se entre os que apoiavam a URSS - especialmente os partidos comunistas e os que criticavam o caminho assumido por aquele país sob a direção de Stálin. Dentre estes, os social-democratas consideravam que os trabalhadores não deviam ter tomado o poder na Rússia atrasada, porquanto o país deveria passar ainda por uma etapa de desenvolvimento capitalista antes de chegar ao socialismo. E havia os que criticavam a URSS pela esquerda, isto é, considerando que os caminhos escolhidos pelo stalinismo, ao terminar a democracia no partido e na sociedade, determinaram o surgimento de um regime que havia expropriado a burguesia - o que devia ser feito -, mas que havia colocado no poder, no lugar dos trabalhadores, uma triste burocracia. 

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Módulo_V -  Módulo Destaque Cultural  

Biografia  Antônio 7 Cordas (92 anos)   Antônio Fernandes de Souza -  15/5/1928 Santana do Matas, RN -  9/4/1999 Natal, RN - Compositor. Violonista. Nasceu no interior do Rio Grande do Norte e ainda criança passou a residir na cidade de Natal. Foi o primeiro divulgador do violão de sete cordas no Rio Grande do Norte, instrumento que aprendeu a tocar com Dino Sete Cordas. Residiu durante algum tempo no Rio de Janeiro.

 Biografia     Helena de Lima (94 anos) - Helena de Lima  17/5/1926 Rio de Janeiro, RJ - Cantora. Compositora. No final dos anos 1990 passou a residir no bairro das Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro, de onde sai para atender a convites que ainda lhe chegam de todo o país.

 Biografia   Johnny Alf (91 anos) - Alfredo José da Silva -  19/5/1929 Rio de Janeiro, RJ -  4/3/2010 Santo André, SP - Compositor. Cantor. Instrumentista (pianista). - Filho de um cabo do exército, que faleceu em 1932. Sua mãe, viúva, foi trabalhar em uma casa de família na Tijuca e o criou sozinha. Começou a estudar piano aos nove anos, com a professora Gení Borges (amiga da família com a qual sua mãe trabalhava). Após o início na música erudita, começou a mostrar também interesse pela música popular, principalmente ligada ao cinema. Seus compositores preferidos eram Cole Porter, George Gershwin e Nat King Cole. Estudou no Colégio Pedro II até a época do serviço militar. Aos 14 anos, formou o seu primeiro grupo e, através do CPII, entrou em contato com o Instituto Brasil Estados Unidos (IBEU) para estudar inglês. Nessa instituição, adquiriu o seu pseudônimo, quando de sua apresentação no programa de jazz de Paulo Santos, na Rádio MEC. Trabalhou no escritório de contabilidade da Estrada de Ferro da Leopoldina e, com o pessoal do IBEU, fundou um clube para intercâmbio de música brasileira e música norte-americana, com audições semanais, saraus, audições de discos novos, filmes, shows e debates, entre outras atividades. Quando o pianista e cantor Dick Farney retornou dos EUA em 1949, ficou sabendo do clube no IBEU e se tornou sócio. A partir de então, o clube passou a se chamar Sinatra-Farney Fã Club. Outros músicos eram sócios do clube, entre eles João Donato, Paulo Moura, Nora Ney, Doris Monteiro, Bebeto Castilho, Tom Jobim e Luiz Bonfá. Nessa época, tocava no clube à noite e durante o dia prestava o serviço militar                  

 Biografia    Luis Carlos Vinhas (80 anos) - Luis Carlos Parga Rodrigues Vinhas -  19/5/1940 Rio de Janeiro, RJ -  22/8/2001 Rio de Janeiro, RJ - Instrumentista (pianista). Compositor. Começou a tocar piano aos quatro anos de idade. Estudou piano clássico até os oito. Em 1957, participava como pianista de reuniões que marcaram o surgimento da bossa nova.               

 Biografia   Hélio Delmiro (73 anos)    20/5/1947 Rio de Janeiro, RJ - Instrumentista (violonista e guitarrista). Compositor.                

 Biografia   Renato Teixeira (75 anos) Renato Teixeira de Oliveira -  20/5/1945 Santos, SP - Cantor. Compositor. Passou a infância em Ubatuba, SP, indo aos 14 anos para Taubaté, onde viveu até os 24 anos. No início dos anos 1960 trabalhou como radialista na Rádio Difusora de Taubaté, onde através do discotecário Teodoro Israel, tomou conhecimento da música sertaneja. Mudou-se para São Paulo em 1967, onde no Bar Patachou, na Rua Augusta, dividiu mesas e debates com artistas de sua geração, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gal Costa e Geraldo Vandré.                              

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Módulo VI - Relação completa dos aniversariantes da semana.



Intervalo compreendido do dia 15 a 21/05 - Topo

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 Alcides Gerardi (102 anos)
 André Abujamra (55 anos)
 Antônio 7 Cordas (92 anos)
 Aretha Marcos (46 anos)
 Armando Cavalcanti (56 anos)
 Azael Rodrigues (65 anos)
 Cauby Peixoto (4 anos)
 Fernando Deghi (58 anos)
 Jurim Moreira (64 anos)
 Júnior Cardoso (48 anos)
 Larissa Luz (33 anos)
 Luiz Guilherme (64 anos)
 Léo Vaz (88 anos)
 Manoel Monteiro (119 anos)
 Manuel Monteiro (111 anos)
 Milton Banana (21 anos)
 Nirez (86 anos)
 Oscar Castro Neves (80 anos)
 Rafael dos Anjos (35 anos)
 Raul Mascarenhas (94 anos)
 Sérgio Sampaio (26 anos)
 Thelmo Lins (57 anos)
 Yara Figueiredo (53 anos)

 Antonio Augusto Ferreira (85 anos)
 Chico Elion (90 anos)
 China (132 anos)
 Claudinho do Leão (68 anos)
 Cláudio Lacerda (51 anos)
 Fabiano Borges (37 anos)
 Fernando Costa (2) (84 anos)
 Fetinga (130 anos)
 Gian Correa (32 anos)
 Luiz de Carvalho (95 anos)
 Mestre Gamela (7 anos)
 Russo do Pandeiro (35 anos)
 Téo Borpa (56 anos)
 Tércio Borges (56 anos)
 Ubirany (80 anos)
 Vassourinha (97 anos)
 Vó Maria (5 anos)
 Wilma Graça (92 anos)

 Alberto Continentino (42 anos)
 Amilson Godoy (74 anos)
 Barbosa Júnior (129 anos)
 Cyro do Agogô (75 anos)
 Dona Inah (85 anos)
 Helena de Lima (94 anos)
 João da Bahiana (133 anos)
 Lúcio Rangel (106 anos)
 Mozart Bicalho (129 anos)
 Paulo da Costa e Silva (41 anos)
 Rodrigo Lessa (58 anos)
 Rodrigo Moreira (57 anos)
 Sarah Benchimol (70 anos)

 

  

 

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19

20

 Cacilda Borges Barbosa (106 anos)
 Celso Borges (61 anos)
 De Chocolat (133 anos)
 Ermindo Soares (70 anos)
 Fernando Del Papa (40 anos)
 Jaques Morelenbaum (66 anos)
 Lucas Vasconcellos (41 anos)
 Lucio Sanfilippo (49 anos)
 Mauro Senise (70 anos)
 Miguel Sampaio (69 anos)
 Nicolas Krassik (51 anos)
 QINHO (36 anos)
 Rielinho (103 anos)
 Rogério Melo (44 anos)

 Antônio Sertanejo (70 anos)
 Bonfíglio de Oliveira (80 anos)
 Braz Aparecido (76 anos)
 Cacá Diegues (80 anos)
 Carlos Di Jaguarão (49 anos)
 Daniel Boaventura (50 anos)
 Daniel Dalarossa (59 anos)
 Darcy da Mangueira (12 anos)
 Johnny Alf (91 anos)
 Kid Vinil (3 anos)
 Lourival dos Santos (23 anos)
 Luis Carlos Vinhas (80 anos)
 MC Gui (22 anos)
 Marku Ribas (73 anos)
 Mestre Trambique (75 anos)
 Santuza Cambraia Naves (68 anos)
 Vera Neghri (61 anos)
 Zeca Ivo (126 anos)

 Alencar Terra (57 anos)
 Alfredo Dias Gomes (60 anos)
 Ana Terra (70 anos)
 Antoninho Lopes (92 anos)
 Bartô Galeno (70 anos)
 Bubuska (67 anos)
 Carlos Pontual (48 anos)
 Elino Julião (14 anos)
 Enzo de Almeida Passos (29 anos)
 Fredera (75 anos)
 Gumercindo Saraiva (32 anos)
 Hélio Delmiro (73 anos)
 J. G. de Araújo Jorge (104 anos)
 Kana (55 anos)
 Karina Buhr (46 anos)
 Milton Sívans (58 anos)
 Nelson Novaes (100 anos)
 Padre Marcelo Rossi (53 anos)
 Renato Teixeira (75 anos)
 Ricardo Brito (63 anos)
 Ronaldo Barcellos (67 anos)
 Silas de Oliveira (48 anos)
 Victor Simon (15 anos)

 

 

 

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 Argemiro da Portela (17 anos)  Barbosa Júnior (55 anos)  Careca (67 anos)  Cláudio de Luna Freire (106 anos)  Edson Show (68 anos)  Eduardo Marques (68 anos)  Frejat (58 anos)  Josimar Carneiro (54 anos)  Jota Moraes (72 anos)  Marcio Proença (3 anos)  Pacífico Mascarenhas (85 anos)  Pilombeta (86 anos)  Ramos Cotoco (149 anos)  Sérgio Silva (71 anos)  Sílvio Mazzuca (101 anos)  Vanisa Santiago (84 anos)

 

Módulo VII                        Topo 

 Pandemia e espiritualidade – Frei Betto – Adepto da Teologia da libertação

A vida é cheia de imprevistos. No âmbito pessoal, fracasso, perda de amizades, doença, morte. No global, eventos que nenhum analista ou futurólogo prevê, como as quedas do Muro de Berlim e das Torres Gêmeas, de Nova York. Também ninguém suspeitou de que, em pleno século XXI, com todos os recursos da ciência, a humanidade seria ameaçada por uma pandemia.

Quem poderia imaginar que viria da China, na forma de enfermidade contagiosa, a causa da mais profunda crise do capitalismo desde 2008? Segundo o Morgan Stanley Composite Index, em poucas semanas o mercado financeiro viu as ações das Bolsas de Valores do mundo perderem 15.5 trilhões de dólares! Mais de 8 vezes o PIB do Brasil em 2019!

Será que algum desses especuladores e megainvestidores afetados pelo bolso (a parte mais sensível do corpo humano) ficou pobre? E, no entanto, antes da pandemia quase todos se negavam a contribuir para medidas de combate à fome e ao aquecimento global.

Isso me faz lembrar o cerco de Jerusalém pelos romanos, no ano 70. Chegou um momento em que o rico oferecia um pote de ouro em troca de um pedaço de pão…

O coronavírus nos obriga a nova espiritualidade e atitude diante da realidade. Não faz distinção de classe, como a gastroenterite, que mata milhares de crianças desnutridas, nem de orientação sexual, como a aids, que atingia majoritariamente homossexuais. Agora somos todos vulneráveis, embora variem as faixas etárias e situações de risco.

Estamos todos obrigados ao retiro compulsório. Voltar-se para dentro de casa e de si mesmo. Desapegar-se. Esse abandono das atividades rotineiras e das agendas programadas pode nos revoltar ou humanizar. Revoltados ficarão os apegados a certos hábitos que, por ora, estão proibidos, como ir ao cinema, ao teatro, ao clube. Para idosos, não ter contato com os netos e manter-se o mais possível dentro de casa.

Viagens aéreas foram reduzidas; fronteiras nacionais, fechadas; roteiros turísticos, cancelados. Não nos resta alternativa senão ficar quietos onde estamos. Huit-clos, entre quatro paredes. Pode ser que descubramos, como Sartre, por que os outros são o inferno. E pode ser que resgatemos o convívio familiar, o diálogo com os parentes, o cuidado da casa (tudo deve ser higienizado).

É hora de aprender a trabalhar e estudar sem nos deslocar do espaço doméstico. Agora, temos mais tempo para ver filmes na TV, navegar na internet, ler bons livros, pesquisar, meditar e orar.

O vírus iguala todos. Mas não nivela caráteres. O casal burguês que nunca se deu ao trabalho de entrar na cozinha ou limpar a casa, agora se vê forçado a arregaçar as mangas ou correr o risco de ter o vírus trazido por um dos empregados. O relapso não segue instruções das autoridades sanitárias, e o egoísta compra na farmácia todo o estoque de álcool gel e máscaras.

Conheço uma jovem que, no prédio em que mora, se ofereceu aos moradores vulneráveis para ir às compras por eles, sem nada cobrar. Outra espalhou seu número de telefone para os idosos isolados terem com quem conversar. Um casal de advogados vai de carro todas as manhãs buscar a cozinheira na periferia, e levá-la de volta à tarde, para evitar que use transporte coletivo. Três famílias vizinhas a um hospital decidiram preparar lanches para enfermeiros e médicos que dobram a carga horária. Na Itália, vizinhos chegam à janela no fim da tarde e cantam em coro. Igrejas, mesquitas, sinagogas, abrem suas portas a quem vive na rua e necessita de cuidados higiênicos. Enfim, são inúmeros os exemplos de generosidade e solidariedade nesse período em que estamos todos potencialmente ameaçados.

Esses gestos têm sua fonte na espiritualidade, ainda que sem caráter religioso. Espiritualidade é a capacidade de se abrir amorosamente ao outro, à natureza e a Deus. E o que ela melhor nos ensina é o desapego, o segredo da felicidade. Rico não é quem tem tudo, dizia Buda, e sim quem precisa de pouco.

 

Frei Betto é escritor, autor de “Fome de Deus – espiritualidade no mundo atual” (Paralela/Companhia das Letras), entre outros livros. 

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Módulo VII_I    I                Topo 

O que poderá vir depois do coronavírus? – Leonardo Boff

Muitos já sentenciaram: depois do coronavírus não é mais possível levar avante o projeto do capitalismo como modo de produção nem do neoliberalismo como sua expressão política.O capitalismo é somente bom para os ricos; para os demais é um purgatório ou um inferno e para a natureza, uma guerra sem tréguas.

 

O que nos está salvando não é a concorrência – seu motor principal – mas a cooperação, nem o individualismo – sua expressão cultural – mas a interdependência de todos com todos.

Mas vamos ao ponto central: descobrimos que a vida é o valor supremo, não a acumulação de bens materiais. O aparato bélico montado, capaz de destruir por várias vezes, a vida na Terra se mostrou ridículo face a um inimigo microscópico invisível, que ameaça a humanidade inteira. Seria o Next Big One (NBO) do qual temem os biólogos, “o próximo Grande Vírus”, destruidor do futuro da vida? Não cremos. Esperamos que a Terra tenha ainda compaixão de nós e nos dê apenas uma espécie de ultimato.

 

Já que o vírus ameaçador provém da natureza, o isolamento social nos oferece a oportunidade de nos questionarmos: qual foi e como deve ser nossa relação face à natureza e, em termos mais gerais, face à Terra como Casa Comum? Não são suficientes a medicina e a técnica, por mais necessárias. Sua função é atacar o vírus até exterminá-lo. Mas se continuarmos a agredir a Terra viva,”nosso lar com uma comunidade de vida única”como diz a Carta da Terra (Preâmbulo) ela contra-atacará de novo com pandemias mais letais, até uma que nos exterminará.

 

Ocorre que a maioria da humanidade e dos chefes de Estado não têm consciência de que estamos dentro da sexta extinção em massa. Até hoje não nos sentíamos parte da natureza e nós humanos a sua porção consciente; nossa relação não é para com um ser vivo, Gaia, que possui valor em si mesmo e deve ser respeitado mas de mero uso em função de nossa comodidade e enriquecimento. Exploramos a Terra violentamente a ponto de 60% dos solos terem sido erodidos, na mesma proporção as floresta úmidas e causamos uma espantosa devastação de espécies, entre 70-100 mil por ano. É a vigência do antropoceno e do necroceno. A continuar nesta rota vamos ao encontro de nosso próprio desaparecimento.

 

Não temos outra alternativa senão, fazermos nas palavras da encíclica papal “sobre o cuidado da Casa Comum” uma “radical conversão ecológica”. Nesse sentido o coronavírus é mais que uma crise como outras, mas a exigência de uma relação amigável e cuidadosa para com natureza. Como implementá-la num mundo montado sobre a exploração de todos os ecossistemas? Não há projetos prontos. Todos estão em busca. O pior que nos pode acontecer, seria, passada a pandemia, voltarmos ao que era antes: as fábricas produzindo a todo vapor mesmo com certo cuidado ecológico. Sabemos que grandes corporações estão se articulando para recuperar o tempo e os ganhos perdidos.

 

Mas há que conceder que esta conversão não poderá ser repentina, mas processual. Quando o Presidente francês Maccron disse que “a lição da pandemia era de que existem bens e serviço que devem ser colocados fora do mercado” provocou a corrida de dezenas de grandes organizações ecológicas, tipo Oxfam, Attac e outras pedindo que os 750 bilhões de Euros do Banco Central Europeu destinados a sanar as perdas das empresas fossem direcionados à reconversão social e ecológica do aparato produtivo em vista de mais cuidado para com a natureza, mais justiça e igualdade sociais. Logicamente isso só se fará ampliando o debate, envolvendo todo tipo de grupos, desde a participação popular ao saber científico, até surgir uma convicção e uma responsabilidade coletivas.

 

De uma coisa devemos ter plena consciência: ao crescer o aquecimento global e ao aumentar a população mundial devastando habitats naturais e assim aproximando os seres humanos aos animais, estes transmitirão mais vírus que encontrarão em nós novos hospedeiros para os quais não estamos imunes. Daí surgirão as pandemias devastadoras.

 


O ponto essencial e irrenunciável é a nova concepção da Terra, não mais como um mercado de negócios colocando-nos como senhores (dominus), fora e acima dela mas como um super Ente vivo, um sistema auto-regulador e auto-criativo, do qual somos a parte consciente e responsável, junto com os demais seres como irmãos (frater). A passagem do dominus (dono) a frater (irmão) exigirá uma nova mente e um novo coração, isto é, ver de modo diferente a Terra e sentir com o coração a nossa pertença a ela e ao Grande Todo. Junto a isso o sentido de inter-retro-relacionamento de todos com todos e uma responsabilidade coletiva face ao futuro comum. Só assim chegaremos, como prognostica a Carta da Terra, a “um modo sustentável de vida”e a uma garantia de futuro da vida e da Mãe Terra.

 

A atual fase de recolhimento social pode significar uma espécie de retiro reflexivo e humanístico para pensarmos sobre tais coisas e a nossa responsabilidade face a elas. O tempo é curto e urgente e não podemos chegar tarde demais.

 

Leonardo Boff escreveu Como cuidar da Casa Comum, Vozes 2018 e A opção Terra: a solução da Terra não cai do céu, Record 2009. - Topo

 

Módulo VII_II - José Alberto Mujica Cordano

Conhecido popularmente como Pepe Mujica[2] (Montevidéu20 de maio de 1935), é um agricultor e político uruguaio tendo sido Presidente da República Oriental do Uruguai entre 2010 e 2015.[3][4] Após deixar a presidência, foi senador de março de 2015 até agosto de 2018[5].

Mujica teve importante papel no combate à ditadura militar no Uruguai (1973-1985).

Na guerrilha, coparticipou de assaltos, sequestros e do episódio conhecido como Tomada de Pando, ocorrido em 8 de outubro de 1969, quando os tupamaros tomaram a delegacia de polícia, o quartel do corpo de bombeiros, a central telefônica e vários bancos da cidade de Pando, situada a 32 quilômetros de Montevidéu.[6][7] Mujica passou 14 anos na prisão, de onde só saiu no final da ditadura, em 1985.[8]

Já foi deputado, ministro da Pecuária, Agricultura e Pesca e, durante a juventude, militou em atividades de guerrilha, como membro do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros.[9]

Exerceu o cargo de Presidente Pro tempore do MERCOSUL até 12 de julho de 2013, quando foi sucedido pelo estreante venezuelano, Nicolás Maduro (tal cargo é um mandato rotativo de seis meses exercido entre presidentes dos países membros).[10]

Juntamente com outros líderes de esquerda, foi um dos fundadores do Grupo de Puebla,[11] entidade apontada como sucessora do Foro de São Paulo,[12] criada no México em 12 de Julho de 2019.[13]

 

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Módulo VII_III

Carta de Paris: Sartre e a luta armada no Brasil

Em discurso histórico, o filósofo apontou a miragem de uma burguesia nacionalista brasileira pré-1964. «Só existe uma burguesia, cuja atitude varia em função de seus interesses do momento» Por Leneide Duarte-Plon

 20/05/2020 15:33

A INFORMAÇÃO NÃO É MERCADORIA, É UM BEM PÚBLICO.

Naquele dia 15 de janeiro de 1970, cerca de dois mil brasileiros exilados se reuniram na Salle Mutualité, em Paris, ao lado de centenas de franceses.
O nome oficial do encontro era Meeting de solidarité avec le peuple brésilien en lutte (Comício de solidariedade na luta do povo brasileiro) e na tribuna encontravam-se os filósofos Jean-Paul Sartre e Michel de Certeau. Miguel Arraes e o dominicano Paul Blanquart, um dos mais ardentes defensores da revolução brasileira, também estavam na tribuna. Foi o dominicano quem revisou o discurso de Arraes. Além deles, falaram George Casalis, Jean Talpe, Pierre Jalée, Jean-Jacques de Félice e Luigi Maccario, representando o Comité Italiano Europa-América Latina.

No encontro, foi feito o lançamento oficial da Frente Brasileira de Informação -FBI, que passou a editar um jornal com denúncias de prisões políticas e tortura. No primeiro número foram publicados os discursos feitos na Mutualité.

A Frente fora criada em outubro de 1969 pelo ex-governador pernambucano Miguel Arraes, por sua irmã, Violeta, e pelo ex-deputado Márcio Moreira Alves e tinha duas sedes: Argel, onde Arraes morava, e Paris, onde moravam Marcio Moreira Alves e Violeta Arraes. A sigla FBI para um órgão que tinha como objetivo denunciar ao mundo os crimes do regime militar soava como uma perfeita ironia.

Naquele início de 1970, os exilados brasileiros em Paris estavam ainda sob o choque da execução recente de Carlos Marighella, em São Paulo, em 4 de novembro de 1969. O encontro acontecia setenta dias depois da morte do líder da ALN : uma grande foto de Marighella, eleito « inimigo público número 1 » pela ditadura, ocupava grande parte do palco.

Duas frases se destacavam em grandes faixas. A do padre colombiano Camilo Torres: “O dever de todo cristão é ser revolucionário”. E a de Che Guevara: “O dever de todo revolucionário é fazer a revolução”.

Naquele mês de janeiro, quando Jean-Paul Sartre fazia seu discurso na Mutualité defendendo a revolução brasileira e denunciando a dominação norte-americana na América do Sul, frei Tito de Alencar Lima e seus confrades estavam atrás das grades do Presídio Tiradentes, em São Paulo. Ao local, não paravam de chegar novos presos políticos, resultado da repressão contra os grupos de resistência à ditadura, intensificada depois do sequestro do embaixador americano, em setembro do ano anterior.

Sartre leu seu discurso intitulado « Sous le feu croisé des bourgeois » (Sob o fogo cruzado dos burgueses) no qual analisa a história dos golpes brasileiros depois da Segunda Guerra, a ilusão da existência de uma burguesia nacionalista e a resistência armada ao regime militar.

A seguir, a íntegra do discurso, que traduzi para revisitar a realidade daquele momento dramático da nossa História:

« Não vamos lamentar os presos barbaramente torturados no Brasil ; säo combatentes e, o que devemos fazer é nos associar ao combate deles. No caso brasileiro, costuma-se pensar que se trata de um simples acidente de percurso da democracia ; na verdade, o problema é outro e o que se passa atualmente no Brasil é uma imagem de um destino possível e mesmo provável de muitos países europeus.

Durante anos, o Partido Comunista Brasileiro jogou o jogo como se houvesse um patronato nacionalista ; ele disse : « É preciso que os burgueses nacionalistas que querem, no fundo, ter uma economia totalmente autônoma sejam apoiados no esforço para se opor ao imperialismo e, depois, veremos quando retornaremos às questões da luta de classes ».

A derrota da burguesia nacionalista em 1964 é uma resposta a esta técnica e a esta política. Explico : não devemos conceber que existe, no caso do Brasil por exemplo, uma boa burguesia que seria nacionalista e uma outra que seria cúmplice do imperialismo. Só existe uma burguesia cuja atitude varia em função de seus interesses do momento.

O engodo da burguesia nacionalista

O setor nacionalista da burguesia brasileira havia tentado ganhar o mercado interno substituindo os bens de consumo importados pelos bens produzidos por suas empresas. Os resultados desta política foram que esta burguesia só poderia viver da pauperisaçäo crescente do Brasil e, neste sentido, ela preparou a invasão imperialista do Brasil de hoje. É preciso saber que ela era obrigada a se ligar com os grandes proprietários feudais do Nordeste que mantêm os camponeses numa miséria atroz mas que eram os grandes responsáveis pela entrada de divisas e, por isso, era preciso aliar-se a eles. Por isso, a burguesia nacionalista nunca realizou a reforma agrária ainda que afirmasse de vez em quando sua intenção de fazê-la.

Por outro lado, é preciso se dar conta que a prosperidade da burguesia nacionalista sempre coincidiu com grandes crises econômicas pois o povo, com poder aquisitivo reduzido, tinha que comprar produtos brasileiros.

Enfim, é preciso não esquecer que esta burguesia só se constituiu se apoiando numa enorme massa de desempregados, praticamente estimulando o desemprego, o que lhe permitia reduzir ao mínimo seus custos de produção, aumentando os lucros que só beneficiavam a ela mesma ; para continuar competitiva, ela não tinha, pois, necessidade de melhorar seus produtos, sua tecnologia, de promover a economia brasileira no seu conjunto.

Uma só burguesia

Esta política da burguesia nacionalista, da qual relembramos as condições de existência, levou o país ao empobrecimento e a economia brasileira a à condição de presa fácil do imperialismo norte-americano. E quando uma crise econômica inevitável surgiu em 1961, a outra parte da burguesia brasileira, a que era intimamente ligada ao imperialismo, começou a levantar a cabeça e a crer de novo em sua oportunidade. Não esqueçamos que esta luta entre as duas partes da burguesia brasileira data de 1945 e que o golpe de Estado de 1964 é o ápice desta luta que tinha visto, em 1945, a deposição de Vargas seguida de seu retorno em 1951 e seu suicídio em 1954 e que tinha visto também, em 1955, a tentativa frustrada de impedir Kubitschek de assumir e, enfim, em 1961, a demissão forçada de Quadros. Esta luta, ainda que terminando frequentemente com vantagem para a burguesia nacionalista, não impedira que os investimentos estrangeiros se expandissem no Brasil : 220 milhões de dólares em 1946-1950 et 743 milhões em 1960-1964. Em 1961, entre 66 empresas com capital superior a um milhão de cruzeiros, havia 32 empresas estrangeiras que detinham 34% do capital e as empresas nacionais detinham apenas 11% do capital. Nessa situação, em 1964, os militares não tiveram dificuldade em fazer um golpe de Estado com a bênção – e mesmo, talvez, mais que isso – dos Estados Unidos, para se livrar, de uma vez por todas, da burguesia nacionalista. E, o que é notável é que esta burguesia desapareceu. De fato, uma das primeiras medidas do governo militar foi a redução do crédito e as empresas nacionais foram obrigadas a se vender ou se associar ao capitalismo estrangeiro. Houve, pois, uma reconciliação dos dois ramos da burguesia, o que prova perfeitamente que, no fundo, sempre houve apenas uma mas que seus interesses são flutuantes. Em seguida, o governo promulgou um decreto de garantia dos investimentos estrangeiros autorizando as empresas estrangeiras a fixar elas próprias, após greves ou perturbações sociais, qual o montante dos prejuízos e pedir ao governo brasileiro o reembolso deles, prejuízos que serão pagos com o dinheiro dos brasileiros, claro. Só resta, aos imperialistas e à burguesia, efetuar a pilhagem completa do Brasil e, para o governo, só resta manter o povo em situação de resistência mínima a esta pilhagem, através de uma repressão constante.

Em 1969, Nelson Rockefeller foi encarregado por Nixon de visitar diferentes países da América Latina e, no seu relatório, declarou, entre outras coisas : « Há regimes democráticos e regimes militares ; mas não se deve examinar os regimes militares segundo uma ideologia qualquer, mas apenas segundo sua atitude para com os Estados Unidos ». Ele ressaltou, por outro lado, que essas ditaduras militares não tinham, muitas vezes, senão armamentos ultrapassados ; que, é verdade, eles compravam armas americanas mas seria preciso comprar mais, para que pudessem defender melhor seus países. Aqui pode-se perguntar : « Contra quem ? Contra quem treinam os soldados brasileiros no Panamá ou nos Estados Unidos? Contra os soviéticos? Contra os chineses? Ninguém pode imaginar uma invasão do Brasil por soviéticos ou chineses. Na verdade, os brasileiros estão confiando seus soldados aos americanos para que os americanos lhes ensinem a atirar no povo brasileiro. O exército serve cada vez menos para preparar a defesa contra um eventual agressor externo. Ele se prepara para reforçar a repressão interna”.

Uma escolha inelutável

Desta forma, a esquerda brasileira deve ser um exemplo duplo para nós. Exemplo antes de 1964, porque naquele momento ela contou com uma aliança do nacionalismo burguês com as forças populares para combater o imperialismo e vimos a que ponto ela foi traída e se enganou. Exemplo depois de 1964, porque a partir daquela data a esquerda compreendeu que o único meio de combater o imperialismo e seus aliados internos era a luta armada.

O que é surpreendente é que esta luta armada é uma escolha inelutável. De fato, em qualquer manifestação, o resultado é imediato : os soldados impedem ou atiram; logo, a luta de massa através das grandes manifestações, como se fazia ainda há poucos anos no Brasil, tornou-se impossível e ineficaz. Chegou-se agora a um momento em que a esquerda está acuada e não tem outra escolha senão a luta armada : resistência, grupos de ação clandestina, guerrilha urbana e guerrilha rural.

O inimigo é uno, a resposta deve ser unificada

Durante algum tempo, os grupos que se formaram estavam divididos e foram se enfraquecendo. Houve a Ação Popular que, num primeiro momento, quis agir através de grandes manifestações e que, reconhecendo seu erro, passou à luta clandestina ; houve o Partido Comunista do Brasil – que não é o Partido Comunista Brasileiro – de inspiração maoista, que também escolheu a luta armada ; há ainda outras organizações, que não é preciso citar. Depois de algum tempo, a unificação desses grupos foi realizada pela luta armada, unificação da qual Carlos Marighella compreendera a necessidade. Foi por isso que ele pediu que os 15 prisioneiros libertados depois do sequestro de Charles Burke Elbrick, embaixador dos Estados Unidos no Brasil, pertencessem a diferentes tendências. Para Marighella, a unificação não deveria ser realizada somente no Brasil; para ele, “era preciso responder ao imperialismo americano no plano global por um plano global latino-americano”.

O inimigo é uno, por conseguinte, a resposta deve ser unificada. Havia um certo Monroe que dizia: ‘A América para os americanos’, mas agora esta doutrina é interpretada como ‘a América do Sul para os americanos do Norte’. É preciso, pois, realizar a unidade da luta de uma América oprimida, a do Sul, contra a outra América, opressora, a do Norte”.

O combate heróico travado pelos brasileiros deve nos fazer refletir sobre nossa própria situação. Aqui na França também existe uma burguesia nacionalista e há investimentos americanos também. Todos os dias, nas informações econômicas lemos que uma empresa francesa se internacionaliza, o que, de fato, quer dizer que ela se financia por um banco americano ; pode-se ler, também, que uma sociedade americana escolheu a França no campo da informática, por exemplo, o que se reveste de um tom um tanto « galanteador ». O poder gaullista de um lado e o poder pompidouliano, de outro, se assemelham aos dois setores da burguesia brasileira : um defensor de um nacionalismo um tanto vão, outro favorável à entrada dos capitais americanos. E pode-se continuar a comparação : vocês pensam que não encontraríamos aqui coronéis e comandantes prontos a apoiar os que querem jogar o « jogo internacional » ?

Nosso dever não é, portanto, somente apoiar os revolucionários brasileiros em sua luta, trata-se também de nosso interesse e de nossa liberdade.

Jean-Paul Sartre

Leneide Duarte-Plon é coautora, com Clarisse Meireles, de « Um homem torturado, nos passos de frei Tito de Alencar » (Editora Civilização Brasileira, 2014). Em 2016, pela mesma editora, a autora lançou « A tortura como arma de guerra- Da Argélia ao Brasil : Como os militares franceses exportaram os esquadrões da morte e o terrorismo de Estado ». Ambos foram finalistas do Prêmio Jabuti. O segundo foi também finalista do Prêmio Biblioteca Nacional

 

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Nova Zelândia propõe semana de 4 dias


Nova Zelândia propõe semana com 4 dias de trabalho para retomar economia Segundo a primeira-ministra, Jacinda Ardern, medida impulsionaria o turismo local e beneficiaria a saúde mental dos funcionários

Redação - 20 maio 2020, 12h18

Jacinda Ardern se tornou uma referência mundial no combate à Covid-19 Getty Images/Getty Images

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, apontada como uma das mais eficientes lideranças mundiais no combate ao coronavírus, deu uma sugestão para reestruturar a economia do país.

Ela aconselhou empregadores a estabelecer uma rotina mais flexível, com apenas quatro dias de trabalho por semana, o que impulsionaria o turismo local e traria maior equilíbrio e saúde mental aos funcionários nesta retomada. Ardern apresentou suas ideias em uma live no Facebook, de dentro de um carro, enquanto retornava de Rotorua, uma das zonas turísticas do país, na última terça-feira 19. Ela disse ter se reunido com empresários, que deram diversas sugestões, como a redução da semana de trabalho até a inclusão de feriados para incentivar o turismo doméstico, já que as fronteiras permanecem fechadas para estrangeiros. “Ouvi muitas sugestões de que deveríamos ter uma semana de trabalho de quatro dias. Ultimamente, essa tem sido uma decisão entre empregadores e empregados. Mas, como já dissemos, aprendemos muitas coisas com a Covid-19 e que podemos ter produtividade com a flexibilidade do trabalho de casa”, disse ela. “Eu realmente incentivaria as pessoas a pensarem nisso.

Se você é um empregador e está em posição de fazê-lo, pense se isso é algo que funcionaria no seu local de trabalho, pois certamente ajudaria o turismo em todo o país.” Com dimensões pouco inferiores às do Tocantins e uma população de menos de 5 milhões de habitantes, a Nova Zelândia conseguiu eliminar o coronavírus rapidamente – tem pouco mais de 1.000 casos confirmados e 21 mortes -, graças a uma resposta rápida e respeito às normas de isolamento. Adern, no entanto, diz que é preciso permanecer em alerta. “Sabemos que um único caso de Covid-19 se pode transformar em 90 depois de uma saída à noite ou de um simples evento.” A ideia da semana de trabalho reduzida não é uma novidade na Nova Zelândia.

Em 2018, a Perpetual Guardian, uma empresa sediada em Auckland que gerencia bens e testamentos, ganhou repercussão mundial ao implementar a medida. Seu fundador, Andrew Barnes, reforçou a posição da primeira-ministra e ressaltou que a mudança tornou seus funcionários mais felizes e produtivos. “A Nova Zelândia poderia definitivamente passar a ter uma semana de trabalho de quatro dias depois de Covid, e, de fato, seria uma estratégia para reconstruir a economia e, em particular, o mercado de turismo mais afetado, à medida que se volta para um foco doméstico”, disse Barnes ao site local Newshub. Segundo ele, a redução da jornada e o home office promovem saúde mental e física e proteção ao meio ambiente e à vida familiar

Revista VEJA Leitor: Barroso, Bolsonaro e a primeira-ministra da Nova Zelândia

Mundo Razão e sensibilidade: o prestígio da primeira-ministra da Nova Zelândia

• “Precisamos manter todos os benefícios de produtividade que o trabalho em casa traz, incluindo ar mais limpo e a perda de produtividade nos deslocamentos ao mesmo tempo em que ajuda as empresas a permanecerem ativas.

Temos de ser ousados com o nosso modelo. Esta é uma oportunidade para uma redefinição maciça”, completou Barnes. O turismo é um setor essencial da economia neozelandesa. Em 2019, movimentou 16.2 bilhões de dólares, cerca de 6% do PIB local, segundo dados do governo. No entanto, a expectativa é de que a pandemia reduza em mais de 20% a economia do país em 2020. Dezenas de milhares de neozelandeses foram despedidos durante o período de bloqueio.Topo

 

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Realizado Quinta-feira 21 de maio de 2020


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