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Anísio Silva – 1920 - Caitité, BA -
Cantor. Compositor. Nascido em Caitité, BA, ainda na infância mudou-se com a
família para o interior de São Paulo, e posteriormente, para a capital
paulista. Em 1945, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde empregou-se como
balconista de farmácia. Em 1968, afastou-se gradativamente da carreira
artística, passando a se dedicar à administração de uma casa noturna no Rio
de Janeiro. De estilo romântico, estreou em discos em 1952 quando gravou pela
Star o samba-canção “Um passarinho tristonho”, de Mary Monteiro e Acúrcio
Rosas, e a valsa “Quando eu me lembro”, de Alencar Terra. Em 1953, na
Copacabana, que sucedeu a gravadora Star, lançou em dueto com o cantor Jack
Jony o fox-trote “Aquela noite”, parceria sua com Oliveira Neto e o baião “Um
grande amor”, parceria com Jorge de Castro. Em 1957, foi contratado pela
Odeon, onde viveu a melhor fase de sua carreira. Ali gravou o samba “Sempre
contigo”, parceria com William Duba e o bolero “Sonhando contigo”, de sua
autoria em parceria com Fausto Guimarães, que obteve grande sucesso,
alavancando sua carreira e que fez com ele se tornasse o primeiro artista
brasileiro a receber disco de ouro. Também em 1957, lançou o primeiro LP
“Sonhando contigo” que trazia as composições “Interesseira”, de Murilo Letini
e Bidu Reis; “Falas de amor outra vez”, de Benil Santos e Raul Sampaio;
“Aperta-me em teus braços”, de sua autoria e Almeida Rêgo; “Sonhando
contigo”, com F. Guimarães; “Não se afaste de mim”, de Raul Sampaio e
Jorge Gonçalves; “Se eu pudesse esquecer” e “Vida, vida”, de sua autoria;
“Não me diga adeus”, com F. Guimarães; “Apesar dos pesares”, de Murilo Letini
e Bidu Reis; “Sempre comigo”, com William Duba; “Abismo”, de sua autoria e
“Juntando saudades”, de Nazareno de Brito e Alcyr Pires Vermelho. Ainda nesse
ano, seu bolero “Sonhando contigo”, com Fausto Guimarães foi gravado na
Copacabana por Jairo Aguiar.
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Rosinha de Valença - Maria Rosa Canelas – 1941 - Valença, RJ -
Instrumentista (violonista). Cantora. Arranjadora. Compositora. Sobrinha do
músico Fio da Mulata, recebeu do tio as primeiras noções de violão,
desenvolvendo, em seguida, sua própria técnica. Aos 12 anos de idade, já
acompanhava cantores na Rádio de Valença e se apresentava, com um grupo
regional, em bailes da sua cidade. Em 1960, abandonou os estudos para
dedicar-se exclusivamente à música. Em 1963, mudou-se para o Rio de Janeiro,
onde conheceu Sérgio Porto, que afirmava que a instrumentista tocava por uma
cidade inteira, o que lhe valeu o nome artístico que passou a adotar desde
então. O jornalista apresentou-a a Baden Powell e a Aloysio de Oliveira, que
a contratou para gravar seu primeiro disco pela Elenco, “Apresentando Rosinha
de Valença”, que incluiu a faixa “Consolação”, de Baden Powell e Vinicius de
Moraes. Nessa mesma época, apresentou-se em temporada na boate Bottles (Beco
das Garrafas). Trabalhou na noite carioca e na noite paulistana, acompanhando
artistas como Eliana Pittman, Nara Leão e Quarteto em Cy, entre outros. Em
1964, participou do show “O fino da bossa”, realizado no Teatro Paramount
(SP). No ano seguinte, viajou para os Estados Unidos com Jorge Ben (hoje
Jorge Benjor), Wanda Sá, Tião Neto e Chico Batera, o recém formado Brasil 65
de Sérgio Mendes. O grupo apresentou-se em shows e, mais tarde, já sem o
cantor Jorge Ben, gravou dois discos. Foi considerada uma das maiores
violonistas da época. No final de 1965, após sucesso nos Estados Unidos,
Canadá e México, excursionou por 24 países europeus, patrocinada pelo
Itamaraty, como solista de um grupo de música popular brasileira.
Apresentou-se, ainda, no Japão. Em seguida, viajou para Paris, com uma bolsa
de estudos concedida pela Embaixada da França. Em 1967, acompanhou Maria
Bethânia no show “Comigo me desavim”. No ano seguinte, viajou para Portugal,
Itália, Suíça, Israel, Rússia e alguns países africanos. Trabalhou com
artistas internacionais, como Stan Getz, Sarah Vaughan e Henry Mancini, entre
outros. Voltou para o Brasil em 1971 e participou de quatro LPs consecutivos
de Martinho da Vila. Em 1974, formou uma banda com diferentes formações, com
a participação de João Donato e Copinha, entre outros integrantes, tendo um
de seus shows gravado em LP. Mais tarde, viajou para a França,
apresentando-se em concerto com a Orquestra Sinfônica de Leon.
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Paula Morelenbaum - Regina Paula Martins
Morelenbaum - 1962 - RJ, RJ - Cantora. É casada com o instrumentista,
arranjador e maestro Jaques Morelenbaum. Iniciou sua carreira profissional em
1979, como uma das integrantes do grupo vocal Céu da Boca. Com o conjunto,
gravou os discos “Céu da boca” (1981) e “Baratotal” (1982) e realizou shows
por todo o Brasil. Em 1984, foi convidada por Antônio Carlos Jobim para
integrar a Banda Nova. Trabalhou com o compositor durante 10 anos, gravando
os discos “Passarim”, “Antonio Brasileiro” e “Tom Jobim: inédito”, atuando
como vocalista e solista. Também com o compositor, apresentou-se no Brasil,
Japão, Europa, Canadá e Estados Unidos, destacando-se concertos realizados no
Carnegie Hall e no Lincoln Center. Em 1989, fez parte da montagem do musical
“Lamartine para inglês ver”, de Antônio de Bonis, cantando e representando,
ao lado dos atores Vera Holtz, Guida Vianna e Fábio Junqueira. No ano
seguinte, cantou com Tom Jobim em um show dedicado a Vinicius de Moraes,
posteriormente transformado no CD “Tom canta Vinicius”. Ainda em 1990,
iniciou sua carreira solo em Nova York, apresentando-se em diversos clubes de
jazz, como o Birdland, acompanhada por músicos americanos. Em 1993, lançou
seu primeiro CD solo, “Paula Morelenbaum”, produzido por Jaques Morelenbaum,
que participou também como instrumentista e arranjador em algumas faixas. O
disco incluiu canções de Tom Jobim, Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano
Veloso, Rita Lee, Arrigo Barnabé, Paulo Jobim, José Miguel Wisnik, Gershwin e
Vinicius de Moraes. Nesse mesmo ano, foi contemplada com o Prêmio Sharp de
Música, na categoria Revelação Feminina Pop Rock. Em 1994, realizou o show
“Chica-chica-boom-chic”, apresentando parte do repertório de Carmen Miranda,
numa leitura contemporânea, com arranjos de sua autoria. Excursionou com o
show por todo o Brasil. No ano seguinte, formou, com Paulo Jobim, Daniel
Jobim e Jaques Morelenbaum, o Quarteto Jobim Morelenbaum, com o qual se
apresentou no Brasil, Estados Unidos e Europa, e lançou, em 1999, o CD
“Quarteto Jobim Morelenbaum”. Atuou, ainda, em produções como o CD “Smoochy”,
de Ryuichi Sakamoto, em songbooks produzidos por Almir Chediak e na trilha
sonora de Antonio Pinto para o filme “Menino maluquinho”, de Helvécio Raton.
Em 2002 lançou, com Jaques Morelenbaum e Ryuichi Sakamoto o CD “Casa”,
gravado na casa de Antonio Carlos Jobim, autor de todas as músicas
registradas no disco. Em 2003, apresentou-se com o Jaques Morelenbaum e
Ryuichi Sakamoto pela Europa, onde participou dos festivais de jazz de
Montreux, Viena, Coliseu de Lisboa e do Porto, Roma e Milão, entre outros, e
nos Estados Unidos. A turnê gerou o CD “A day in New York”
(Morelenbaum2/Sakamoto). Em 2004, lançou o CD “Berimbaum”, contendo
releituras eletrônicas de obras de Vinicius de Moraes: “Consolação”,
“Berimbau” e “Canto de Ossanha”, todas com Baden Powell, “Insensatez”,
“Brigas nunca mais” e O nosso amor”, todas com Tom Jobim, “Você e eu” (c/
Carlos Lyra), “Desalento” (c/ Chico Buarque), “Seule” (c/ Pixinguinha),
“Tomara” e “Medo de amar”. Em 2008, lançou o CD “Telecoteco – Um sambinha
cheio de bossa”, contendo pérolas da música brasileira do período anterior à
bossa nova, como “Manhã de Carnaval” (Luiz Bonfá e Antonio Maria), “O samba e
o tango” (Amado Régis), “Um cantinho e você” (José Maria de Abreu e Jair
Amorim), “Ilusão à toa” (Johnny Alf), “Telecoteco” (Murilo Caldas e Marino
Pinto), “Sei lá se tá” (Alcydes Pires Vermelho e Walfrido Silva), “O que vier
eu traço” (Alvaiade e Zé Maria) e “Luar e batucada” (Tom Jobim e Newton
Mendonça), entre outras, além de “Love is Here to Stay” (George & Ira
Gershwin). O disco contou com a participação especial de Ryuichi Sakamoto,
João Donato, Marcos Valle, Bajofondo, Jaques Morelenbaum, Leo Gandelman e
Chico Pinheiro, e teve show de lançamento nos espaços Tom Jazz, em São Paulo,
e Mistura Fina, no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano, apresentou-se no Teatro
Tom Jobim (RJ), na série “Concertos para Amazônia”, com a participação
especial de Jaques Morelenbaum. Lançou, em 2010, o CD “Bossarenova”, gravado
com a SWR Big Band de Stuttgart, formada por dezesseis músicos de sopro e
quatro de base, com produção e arranjos de Ralf Schmid. No repertório, “Águas
de Março” e “Chovendo na roseira”, ambas de Tom Jobim, “Mas que nada” e “Vem
morena vem”, ambas de Jorge Benjor, “O que é bossa nova (Trecho da prosa)”
(Vinicius de Moraes), “O morro não tem vez” (Tom Jobim e Vinicius de Moraes),
“Tempo de amor” (Baden Powell e Vinicius de Moraes), “Tarde em Itapoã”
(Toquinho e Vinicius de Moraes), “Setembro” (Ivan Lins e Gilson Peranzzetta),
“Modinha (Seresta No. 6)” (Heitor Villa-Lobos), “Para que chorar (Ich Grolle
Nicht)” (Robert Shumann e Heirich Heine, vrs. Arthur Nestrovski), “Blackbird”
(John Lennon e Paul McCartney) e a faixa-bônus “Soul Bossa Nova” (Quincy
Jones). Gravado parte em Stuttgart, parte no Rio, em 2009, o disco contou com
a participação do trompetista alemão Joo Kraus, e dos músicos brasileiros
Jaques Morelenbaum, Lula Galvão e Portinho, além do pianista e arranjador
Ralf Schmid. Em parceria com João Donato, lançou, também em 2010, o CD
“Água”, contendo as canções “Flor de maracujá”, “Café com pão”, “Muito à
vontade”, “Mentiras” e “E muito mais”, todas de João Donato e Lysias Ênio,
“Lugar comum”, “A paz” e “Tudo tem”, todas de João Donato e Gilberto Gil, “A
rã” (João Donato e Caetano Veloso), “Ahiê” (João Donato e Paulo César
Pinheiro), “Entre amigos” (João Donato e Mongo Santamaria) e “Everyday” (João
Donato e Norman Gimbel). Nesse mesmo ano, dividiu o palco do Espaço Tom Jobim
do Jardim Botânico (RJ) com Paula Morelenbaum, em show de lançamento do CD
“Água”. O espetáculo contou com a participação do grupo Paraphernalia. Em
2014, apresentou-se no Espaço Sesc, no Rio de Janeiro, acompanhada de Marcos
Valle.
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Orlando Dias - José Adauto Michiles - 1923
- Recife, PE - Cantor. Compositor. Neto de um violonista e também poeta, de
quem herdou a veia artística e se iniciou na música. Em meados da década de
1940, casou-se e pouco depois ficou viúvo. Deixou Recife definitivamente em
1950. Sua marca registrada eram suas interpretações cheias de estilo,
exageradas, que se constituíam em verdadeiros “happenings” (o lenço branco
acenado, gestual teatral, inclusive a mania de se ajoelhar no palco,
declamação de versos emocionados e roupas desalinhadas), sendo portanto um
dos precurssores do que hoje se chama estilo “brega-romântico”. Em 1938, deu
início à carreira, participando de um programa de calouros sem sucesso. Logo
depois, em outra tentativa na Rádio Clube de Pernambuco, foi mais feliz.
Nessa época, costumava imitar o ídolo Orlando Silva. Na década de 1940,
transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde conseguiu contrato na Rádio Mayrink
Veiga. Voltou ao Recife, por volta de 1946, mas depois da perda da esposa,
decidiu voltar ao Rio de Janeiro. Gravou seu primeiro disco pela Todamérica
em 1952, com “Tive ciúme”, um samba de Almeida Freire e “Ainda não sei”, um
bolero de Peterpan. No ano seguinte lançou o samba “Não te quero bem nem
mal”, de J. Cascata e Leonel Azevedo. Em 1954 gravou o fox-trot “Façamos as
pazes”, de Luiz de França, Ubirajara Nesdan e Nelson Bastos. Em 1955 gravou
na Mocambo o baião “Perigo de morte”, de Gordurinha e Wilson de Morais. No
fim da década de 1950, passou a cantar com o estilo que lhe deu fama. Em 1959
estreou na Odeon com os boleros “Se eu pudesse”, de Valdir Machado e “Nas
tuas horas de tristeza”, de Cid Magalhães. Atingiu o auge de sua carreira no
início dos anos 1960. Nessa época lançou da dupla Arsênio de Carvalho e
Lourival Faissal a guarânia “Minha serás eternamente”. Em 1961, lançou com
sucesso o bolero “Tenho ciúmes de tudo”, de Valdir Rocha. No ano seguinte
gravou mais dois boleros de Valdir Machado, compositor do qual gravava
composições frequentemente. Em 1963, gravou com êxito o LP “Se a vida fosse
um sonho bom”, trazendo, além da faixa-título, “Beija-me”, ambas de autoria
de Valdir Machado. Em 1965, lançou para o carnaval o samba “Saravá”, de Zilda
Gonçalves e Jorge Silva. Em 1966, lançou novo LP pela Odeon intitulado “O
ator da canção”, onde se destacaram as músicas “Sonho de amor”, de Arsênio de
Carvalho, e “Uma esmola”, de Ramirez, com versão de Pedro Lopes. Em 1968,
lançou o LP “O atual”, também pela Odeon, com destaque para “Amor
desesperado”, de Dino Ramos, com versão de Romeu Nunes, e “Perdoa-me”, de
Manzareno, com versão de Rubem Carneiro. Em 1973, gravou novo LP Odeon com o
título “O cantor mais popular do Brasil”, com destaques para “Leva-me
contigo”, de sua própria autoria, e “Tu partiste”, de Pedrinho. Nos anos 1980
passou a viajar pelo interior para divulgar seus discos, apresentando-se em
rádios locais.Fez excursão à Europa e, em 1997, regravou vários sucessos em
CD intitulado “Vinte supersucessos”. Ao longo da carreira, vendeu cerca de 6
milhões de discos.
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02
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Gervásio Horta - Gervásio Barbosa Horta-1937 - Teófilo Otoni, MG
- Cantor. Compositor. A avó e a mãe foram professora de piano. Em 1954 a
família mudou-se para Belo Horizonte. Dois anos depois mudou-se para o Rio de
Janeiro, onde cursou Administração na Fundação Getúlio Vargas. No ano de 1959
retornou a Belo Horizonte, onde trabalhou na Revista Silhueta. Em 1961, foi
nomeado assessor especial do Governo de Minas, cargo que manteve até 1996,
quando se aposentou. Nesse período, trabalhou também no jornal Última Hora,
montou uma agência de publicidade e dedicou-se a compor jingles políticos e
comerciais. No ano seguinte, em 1962, foi convidado pelo compositor e
jinglista Miguel Gustavo para fazer com ele alguns trabalhos para campanhas
políticas. Compôs para os candidatos a governador Lomanto Junior (Bahia),
Francisco Alencar (Espírito Santo) e Íris Rezende (Goiás). Em Minas, compôs
jingles para os governadores Magalhães Pinto, Hélio Garcia, Newton Cardoso,
Israel Pinheiro e Itamar Franco. Também compôs para a campanha de Fernando
Collor de Melo à presidência e de dezenas de composições para senadores,
deputados e prefeitos. Iniciou a carreira artística como jinglista, compondo
para uma greve de bancários em 1959. Devido ao sucesso do seu jingle
“Sete é sete”, o compositor carioca Lamartine Babo o levou para cantar em seu
programa na TV Itacolomi, emissora mineira dos Diários Associados. Ao
apresentá-lo, Lalá declarou: “Fui muito alertado quando convidei o compositor
da música da greve dos bancários para vir até aqui. Disseram que a greve é
coisa de comunista. Mas pensei: banqueiros são 20, bancários, 20 mil. E aqui
está Gervásio Horta, autor da música Sete é Sete, cantada nas ruas de todo o
país”. O jingle teve a letra mudada, alterando o título para “Sete amores”,
sendo gravado para o carnaval de 1960 pelo crooner do conjunto Anjos do
Inferno Léo Vilar, com arranjo de Altamiro Castilho, pela gravadora
Copacabana. Em 1961Nelson Gonçalves e Lourival Pereira gravaram em dupla a
“Beijo roubado”, de sua autoria em parceria com Peri Rocha. No mesmo ano, em
parceria com Rômulo Paes, a marcha carnavalesca “A Rua da Bahia” também foi
gavada. No ano de 1971 Jorge Goulart interpretou a marcha “Só deixo a rua pra
ficar com ela” na parte nacional do “Festival de Músicas de Carnaval de BH”.
No ano posterior, no mesmo festival, o mesmo intérprete defendeu o frevo
“Bloco do pega-pega”, logo a seguir gravado por Jackson do Pandeiro.
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Carlos
Cachaça - Carlos Moreira de
Castro - 3/8/1902- RJ, RJ - Compositor.
Cantor. Filho de funcionário da Estrada de Ferro Central do Brasil, nasceu no
morro da Mangueira, em uma das casas que a companhia alugava para seus
funcionários. Seu pai, Carlos, abandonou a família. D. Inês, sua mãe,
vendo-se em dificuldade para criar seus seis filhos menores, o entregou ao
padrinho, o português Tomás Martins, dono de vários barracos no morro da
Mangueira. Logo, o menino passou a fazer cobranças, lidar com recibos e
anotações dos aluguéis, substituindo o padrinho analfabeto. Aos16 anos,
atuava como pandeirista no conjunto de Mano Elói (Elói Antero Dias). O
pseudônimo “Cachaça” surgiu em uma das reuniões na casa do tenente Couto (do
Corpo de Bombeiro), na qual estavam presentes três Carlos. Para
diferenciá-lo, o anfitrião sugeriu “Cachaça”, bebida preferida do compositor,
na época com 17 anos. Em 1922, conheceu Cartola, com quem mais tarde comporia
diversos clássicos. Fundou, em 1925, juntamente com Cartola, Marcelino José
Claudino, Francisco Ribeiro e Saturnino Gonçalves, o Bloco dos Arengueiros,
que mais tarde deu origem à Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira, da
qual também foi um dos fundadores, participando de todas as reuniões
preliminares sem, contudo, comparecer à reunião de fundação por estar de
serviço. No ano de 1926, entrou para Estrada de Ferro Central do Brasil,
galgando vários cargos, permanecendo até o ano de 1965, quando se aposentou
como oficial de administração. Com sua primeira mulher, Maria Aída da Silva,
teve três filhos: Luco, José Carlos e Marinês. Casou-se com Menininha
(Clotilde da Silva, falecida em 1983), irmã de Dona Zica, com a qual viveu
durante 45 anos. Foi presidente de honra da Mangueira e da Academia
Brasileira da Cachaça, da qual constam apenas 40 membros acadêmicos. Em 1998,
antes de falecer, fez seu último desfile pela Mangueira. Já debilitado em uma
cadeira de rodas, presenciou a escola sagrar-se campeã com o enredo “Chico
Buarque da Mangueira”, desfilando ao lado do homenageado, que o beijou
repetidas vezes. Co-autor do livro “Fala, Mangueira”, com Marília T. Barboza
da Silva e Arthur L. Oliveira Filho em 1980, lançado pela Editora José
Olympio. Autor de “Alvorada”, livro de poemas e letras, publicado pela
Funarte em 1989, organizado por Marília Trindade Barboza.
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