NP 405
Chamada NP 405
Notícias Petroleiras e outras, estes são os nossos módulos. |
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Vinheta |
Destaque para conheça a Fundacentro
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Módulo I Brasil e China querem repetir sucesso do cbers na área de nanotecnologia |
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03/09/2020
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Módulo II O SUS sob pressão |
Módulo III Edilaine Gonçalves, a Naná: “Obra de Carolina e as discussões em grupo tocam na minha alma” |
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Módulo IV Lutas e Revoluções na América Latina Seculos XIX, XX e XXI Lutas e Revoluções na América Latina Seculos XIX, XX e XXI América Latina: das oligarquias agrárias ao populismo |
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Módulo V - Homenageados na cultura brasileira, destaque para Homenageados na cultura brasileira, destaque para
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Módulo VI Relação completa dos aniversariantes de 28/08 a 03/09 |
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Módulo VII – |
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Módulo VII_I – |
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Módulo VII_II – |
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Módulo VII_III – |
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Urgente - |
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Homenagem Especial: |
Revendo antigas fotografias
De um velho álbum, vejo amigos, parentes
Nas fotos já embranquecidas pelo tempo
Causando recordações, vindo à mente momentos
De intensa alegria, outros de tristeza
Forte demais, eternas lembranças
De instantes passageiros
De amigos que já partiram
Apagando uma história, só a saudade ficou:
- Olha quem está aqui
- Quem?
- É a Maria
- A do colégio ou a nossa vizinha?
- Do colégio, claro
- Poxa! Como ela mudou
- Virou uma “coroa” e tanto
- José?
- Está usando óculos
- Carla?
- Reconheceu?
- E este?
- Não lembro
- Estranho, falha de memória
- Memória ou velhice mesmo?
Revendo antigas fotografias
Revivendo saudades
Guardadas na passagem da vida
Rápidas, deixando marcas
- Eu nessa foto?
- Sim. Estais acabado
- É o tempo
Antônio Furtado
Topo
Especial conheça a Fundacentro e defende-a, só conhecendo podemos defender
A FUNDACENTRO – Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e
Medicina do Trabalho foi criada no ano de 1966, passando a ser denominada a
partir do ano de 1978 de Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e
Medicina do Trabalho. A FUNDACENTRO é uma instituição de pesquisa e estudos
relativos à segurança, higiene e medicina do trabalho, vinculada ao Ministério
do Trabalho a FUNDACENTRO foi fundada quando a preocupação com os altos
índices de acidentes e doenças do trabalho crescia no Governo e entre a
sociedade.
JORGE DUPRAT FIGUEIREDO
Foi um engenheiro civil, formado em 1943, era um empresário envolvido
com a Segurança e Saúde no Trabalho. Foi o 1º presidente da FUNDACENTRO e ficou
quase 10 anos à frente da instituição, Ao mesmo tempo, exercia o cargo de 2º
vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo – Fiesp. Em
1975, foi premiado como prevencionista do ano pela Associação Brasileira para a
Prevenção de Acidentes – ABPA.
Na época, já defendia que: “O empresário investe bem, quando
despende altas somas para tornar a sua empresa o protótipo da fábrica higiênica
e segura. E estará investindo primeiramente no Homem, o protagonista mais
importante da sociedade contemporânea, e, em seguida, na sua produtividade, garantindo
o aproveitamento integral dos seus esforços e das suas horas de labor. […]
Poupa, ainda, elevado prejuízo de mão de obra desperdiçada, de maquinaria
avariada, de matéria prima inutilizada, de peças danificadas e de produto
inacabado.” – Discurso no XIII CONPAT – Congresso Nacional de
Prevenção de Acidentes do Trabalho.
Jorge Duprat Figueiredo também chegou a ocupar a presidência da ABPA. Na
associação, incentivou campanhas para criar uma consciência prevencionista entre
os trabalhadores e empregadores. Quando faleceu, em 14 de setembro de
1978, Jorge Duprat Figueiredo ainda presidia a instituição.
Pelos serviços prestados, o então Ministro do Trabalho, Arnaldo da Costa
Prieto, sugeriu que a Fundacentro recebesse o nome dele. Por meio da Lei
nº 6.618, de 16 de dezembro de 1978, a Fundacentro passou a se chamar Fundação
Jorge.
Seus primeiros estudos e pesquisas foram:
1.
Sobre os efeitos de inseticidas organoclorados na saúde;
2.
A bissinose (doença ocupacional respiratória que atinge trabalhadores do
setor de fiação, expostos a poeira de algodão e juta);
3.
Sobre as consequências das vibrações e ruídos em trabalhadores que
operam marteletes;
4.
Sobre o teor da sílica nos ambientes de trabalho na indústria cerâmica e
ainda sobre os riscos da exposição ocupacional ao chumbo.
Hoje, a FUNDACENTRO está presente em todo país, por meio de suas
unidades descentralizadas, distribuídas em 11 Estados sendo eles:
1.
Bahia,
2.
Espírito Santo,
3.
Mato Grosso do Sul,
4.
Minas Gerais,
5.
Pará,
6.
Paraná,
7.
Pernambuco,
8.
Rio de Janeiro,
9.
Rio Grande do Sul,
10.
Santa Catarina,
11.
São Paulo.
E ainda, no Distrito Federal.
Além do desenvolvimento de projetos que atendem ás demandas das
comunidades locais, essas unidades também dão suporte aos programas de âmbito
nacional da instituição.
Para os que exercem a função de técnico de segurança e saúde do
trabalho, a FUNDACENTRO é de grande importância, pois disponibiliza o acesso à
vários artigos e estudos que realiza, além de disponibilizar também em seu site
o acesso as Normas de Higiene Ocupacional (NHO), que são de constante
importância no dia-a-dia destes profissionais. Hoje podemos contar com 10 NHOs
que são:
1.
NHO 01 – Procedimento Técnico – Avaliação da exposição ocupacional ao
ruído
2.
NHO 02- Análise Qualitativa da Fração Volátil (Vapores Orgânicos) em
colas, tintas e vernizes por Cromatografia Gasosa/ Detector de Ionização de
Chama
3.
NHO 03 – Método de Ensaio: Análise Gravimétrica de Aerodispersóide
Sólidos Coletados sobre Filtros e Membrana
4.
NHO 04 – Método de Ensaio: Método de Coleta e a Análise de Fibras em
Locais de Trabalho
5.
NHO 05 – Procedimento Técnico – Avaliação de exposição ocupacional aos
Raio X nos serviços de Radiologia
6.
NHO 06 – Avaliação da Exposição Ocupacional ao Calor
7.
NHO 07 – Calibração de Bombas de Amostragem Individual pelo Método da
Bolha de Sabão
8.
NHO 08 – Coleta de Material Particulado Sólido Suspenso no Ar de
Ambientes de Trabalho
9.
NHO 09 – Procedimento Técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional a
Vibração de Corpo Inteiro
10.
NHO 10 – Procedimento Técnico – Avaliação da Exposição Ocupacional a Vibração
em Mãos e Braços.
A FUNDACENTRO realiza, em diversos estados brasileiros cerca de 160
curso e entre os participantes estão os profissionais da área de segurança e
saúde do trabalho de órgãos públicos, empresas e sindicatos.
Hoje a missão da FUNDACENTRO é a Produção e difusão de conhecimentos que
contribuam para a promoção da segurança e saúde dos trabalhadores e das
trabalhadoras, visando ao desenvolvimento sustentável, com crescimento
econômico, equidade social e proteção do meio ambiente.
Seus profissionais formados em várias áreas, muitos deles pós-graduados
no Brasil e exterior que atuam basicamente em três frentes:
1.
Desenvolvimento de pesquisas em segurança e saúde no trabalho;
2.
Difusão de conhecimento, por meio de ações educativas como cursos, congressos,
seminários, palestras, produção de material didático e de publicações
periódicas cientificas e informativas;
3.
Prestação de serviços à comunidade e assessoria técnica a órgãos públicos,
empresariais e de trabalhadores.
Para enfrentar os desafios, a FUNDACENTRO vem promovendo continuamente a
melhoria da estrutura organizacional e o realinhamento de suas ações, passando
pela modernização de seus recursos técnico-científicos e culminando numa gama
de projetos e atividades em sintonia com as necessidades atuais.
E sempre bom manter-se informado sobre a FUNDACENTRO, seus estudos, e as
Normas de Higiene Ocupacional (NHO) no site: http://www.fundacentro.gov.br
Jéssica Padilha Pinheiro
Técnica em Segurança do Trabalho
Fonte: https://www.gesstorha.com.br/artigos/conheca-um-pouco-da-fundacentro
https://www.gov.br/fundacentro/pt-br
EDITORIAL:
Especial:
Obra de Carolina Maria de Jesus enfim será editada e publicada
Guilherme Sobota
Sessenta anos depois da publicação original de Quarto de Despejo — Diário de uma
Favelada (1960, pela Francisco Alves), a obra de Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é
enfim contemplada por uma grande editora brasileira (a Companhia das Letras),
cujo projeto — finalmente — prevê o trabalho, até então inédito no mercado
editorial, de mergulhar nos textos da escritora e publicar sua obra completa.
Tratada
por uma parte considerável dos pares escritores, pela cobertura midiática e
pelos leitores como uma autora exótica, cuja contribuição se resumia à condição
de favelada, Carolina deixou
em manuscritos centenas de textos, que constroem um conjunto singular de poemas, contos, romances, peças de
teatro, letras de músicas, provérbios e entradas de diários,
antecipando em décadas o surgimento de vozes literárias diversas e de diversas
origens do tecido social brasileiro.
As novas
edições começam por Casa
de Alvenaria, publicado primeiro em 1961, e que reflete na
linguagem única de Carolina o ano imediatamente seguinte ao sucesso de Quarto de Despejo, o livro
editado por Audálio Dantas (1929-2018) que a colocou em evidência no cenário
brasileiro e internacional, traduzido para 13 idiomas e publicado em mais de 40
países.
O
trabalho será coordenado por um conselho editorial, formado por Vera Eunice de Jesus, filha de Carolina,
pela escritora Conceição Evaristo e
pelas pesquisadoras Amanda Crispim, Fernanda Felisberto, Fernanda Miranda e Raffaella Fernandez.
“O melhor
da Carolina vai aparecer agora”, garante Vera, por telefone, entusiasmada com o
trabalho que vem pela frente. “Tenho ela como minha mãe, mas como escritora, eu
me pergunto: quem foi essa mulher? Ela teve um ano e meio de estudo, nunca mais
entrou numa escola. Mas ela falava em versos, ela xingava a gente em versos. Eu
andava muito com ela pela cidade, e muitas vezes ela pedia para parar. Ela
pegava um papel qualquer, tirava um lápis do bolso e escrevia um poema.”
Quarto de Despejo não sai pela Companhia das Letras
O livro Quarto de Despejo tal
como existe (publicado há décadas pela editora Ática) não faz parte do projeto
por decisão de Vera. A edição de Dantas, com quem Carolina nutriu sentimentos
contraditórios de gratidão e angústia durante toda a vida, cortou partes do
texto original que o conselho editorial quer revelar agora ao público. É o
mesmo caso de Casa de
Alvenaria e de Diário
de Bitita, publicado na França em 1977 e depois retraduzido para o
português — o original deste livro hoje pertence ao Instituto Moreira Salles,
parceiro no projeto de divulgação da obra de Carolina. Outros dois diários
serão publicados, um de viagens e outro “do sítio”.
O sítio
em Parelheiros foi para onde Carolina se mudou com a família (ela, Vera, João e
José, os dois irmãos, que já morreram) após a “casa de alvenaria” no bairro de
Santana. Antes de morrer, a escritora pediu à filha para nunca vender o pedaço
de terra (a cerca de 30 km do centro da cidade), o que Vera cumpriu, depois de
comprar a parte dos irmãos. “Eu não quero fazer museu: quero fazer um espaço
para ela”, explica. “Tenho muito amor àquele sítio. Tem pessoas que querem
montar peças ali, por exemplo, eu deixo. Dei uma mexida na casa, mas deixei o
ar dela. As árvores que ela plantou continuam lá. Ela usava a sombra delas para
escrever. Meus filhos não saem de lá. Tem uma pessoa que mora lá.”
O IMS
preparava para 2020 uma exposição abrangente
sobre vida e obra de Carolina (num projeto que também incluiria Clarice
Lispector, em mostras separadas mas simultâneas — um encontro real de Carolina
e Clarice entrou para a história, do qual sobrou uma fotografia). A pandemia atrapalhou os
planos, e as exposições ficaram para o ano que vem.
Para a
exposição de Carolina, o IMS construiu uma equipe de pesquisa curatorial e de
investigação, liderada pelos pesquisadores Raquel Barreto e Hélio Menezes. “Será a primeira
vez que curadores negros se ocupam de produzir uma exposição desse porte sobre
Carolina, que acredito que nos dará várias facetas”, explica o diretor
artístico do Instituto, João Fernandes.
O acervo de Carolina Maria de Jesus
João
Fernandes explica que foi com os curadores até Sacramento, Minas Gerais, cidade
onde Carolina nasceu, frequentou seu breve período escolar, chegou a ser presa
e de onde saiu para nunca mais voltar. É lá onde está a maior parte do acervo de Carolina Maria de Jesus,
guardado hoje na cela em que Carolina foi presa com a mãe, ainda muito jovem.
Diversas fontes consultadas pelo Estadão demonstraram
preocupação com a situação dos papéis, documentos e imagens depositados ali —
há relatos de gente manuseando os papéis sem qualquer tipo de proteção,
ausência de controle e fiscalização de visitantes, e até de gente andando com
documentos do acervo pela cidade.
“Tenho
que tirar de lá, porque eles não conservam”, diz Vera. “Quando minha mãe
morreu, ela tinha os livros, os papéis, fotos e umas outras coisas, como a sua
máquina de costura. Ela me dizia: ‘Quando eu morrer, a máquina é sua’. Mas meu
irmão acabou ficando com os objetos, e eu fiz questão de ficar com os livros
dela. Brigamos feio, porque ele queria dar para o Audálio. Eu peguei e trouxe
para minha casa. Ficou aqui por um tempo, eu ainda era bobona, não sabia bem
lidar com essa situação. Ela sofreu muito em Sacramento. Saiu de lá, foi presa.
Ela nunca mais voltou, não podia nem ouvir falar. Mas nos 300 anos da morte de
Zumbi (1995) eu fui para lá e fui muito bem tratada. Pensei: ‘Puxa vida, vou
levar para lá’. Agora fica na cadeia. Os historiadores acham um absurdo.”
Segundo
Vera, há uma resistência das diversas administrações da Prefeitura da cidade em
entregar o acervo de volta, já que a doação foi feita de maneira voluntária no
passado.
“O
Instituto Moreira Salles quis comprar e preservar, tem uns dois anos”, diz Vera
(o Instituto preferiu não comentar a situação, dizendo que ela diz respeito a
Vera e Sacramento). “Pessoal da Biblioteca Nacional me chamou, o Museu Afro
também quer. A briga é feia. Eles (de
Sacramento) não conservam e também não entregam. A doação que eu
fiz não foi em cartório. Existe um processo coletivo, a Defensoria Pública está
envolvida, mas anda muito lentamente. Tenho informações de que os escritores de
lá não conseguem se sobressair, porque Carolina vive, então eles têm um ciúme.”
O acervo
de Carolina, na verdade, está espalhado. Vera conta que, recentemente, um homem
de Curitiba ligou para ela dizendo que possuía um volume de manuscritos
originais de Carolina, e depois de uma negociação um tanto acidentada,
conseguiu convencer o “aristocrata” a devolvê-lo.
Os
originais de Quarto de
Despejo, por exemplo, estão sob a guarda da Biblioteca Nacional (na
mesma seção que uma primeira edição de Os
Lusíadas, como Vera gosta de salientar). Há documentos e fotos no
Museu Afro Brasil, em São Paulo, no IMS, no acervo de Audálio Dantas e em
diversas outras localidades, inclusive em outros países, além, claro, de
Sacramento. Carolina tinha o costume, desde os anos 1940, de distribuir papéis
e manuscritos originais para jornalistas e editoras, em busca de publicação, o
que torna o processo de pesquisa mais árduo.
Os direitos autorais de Carolina Maria de Jesus no exterior
Outra
questão que segue nebulosa são os direitos autorais das obras da escritora
publicadas no exterior. “Recebemos direitos autorais dos EUA. Mas só. Nos
últimos anos, recebemos muitas solicitações para publicar por novas editoras em
Portugal, Espanha, Itália, Alemanha. Acho que com nosso projeto de edição aqui
no Brasil vai haver uma nova explosão também no exterior”, explica Vera.
Vera Eunice de Jesus
Uma das
“personagens” do livro mais conhecido de Carolina, Vera Eunice de Jesus tem
hoje 67 anos, se aposentou como professora de português para o ensino médio no
estado de São Paulo, mas segue no ofício de professora, agora dedicada às
crianças menores, atualmente na EMEI Ceu Vila Rubi, ao sul de Interlagos.
“Eu
deveria ter me aposentado, mas adoro dar aulas para os pequenos. Eles são de
periferia, são de comunidades, chegam sem apoio das famílias. Nisso vejo a
diferença com minha mãe. A gente passou muito aperto, foram apenas três anos de
fartura pelo sucesso do livro. Mas eu me vejo nessas crianças, procuro fazer um
trabalho de conversar com eles. Agora na pandemia, estou trabalhando com cestas
básicas nas favelas. A gente distribui essas cestas e eu lembro muito da minha
mãe. Três horas antes do horário marcado, já tem gente esperando. O Quarto de Despejo vai
ser sempre atual.”
Vera tem
cinco filhos, e todos estudaram, ela conta, orgulhosa, mas nenhum se decidiu
pelo caminho das letras. “Minha neta, Barbara, lê muito e gosta muito de
escrever. Quem sabe?”, diz. “Trago isso da minha mãe: o mais importante é o
estudo. Sempre falo para os meus alunos e nas palestras, que se não fosse esse
um ano e meio de estudo dela, a gente não estaria aqui falando dela até hoje.”
Outro
aspecto que Vera chama atenção sobre a obra de Carolina é um caráter universal,
mesmo com suas origens específicas. “Fiz uma palestra em Juiz de Fora, um aluno
branco me entregou um poema que havia escrito para a minha mãe. Na Flup (Festa
Literária das Periferias), nós sentamos para autografar os livros e veio uma
mulher negra, em recuperação do vício em drogas, e ela me disse: morei aqui na
Cracolândia mas queria que você autografasse. Li a história e decidi sair das
drogas, fui cursar teatro.”
Em outra
ocasião, numa escola particular em São Paulo que era “a cara da riqueza”, um
garoto de 14 anos disse que não via a própria mãe há meses. Ele me disse: ‘Você
falou que passava fome, mas que tinha uma mãe, que lia, cantava, contava casos
da terra dela. Eu não sei onde está a minha’. Minha mãe nunca deixou um filho.
A Carolina atinge a menina da Cracolândia e esse adolescente, ao mesmo tempo.”
Mais de
40 anos após a morte de Carolina, finalmente o público terá acesso à sua obra
completa.
Destaque para
Módulo
I
BRASIL E CHINA QUEREM REPETIR SUCESSO DO
CBERS NA ÁREA DE NANOTECNOLOGIA
Brasília, 20 de março de 2014 – Especialistas brasileiros e chineses debaterão as próximas
ações do Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia
(CBC-Nano) em um seminário que se realiza no Centro Nacional de Pesquisa em
Energia e Materiais (Cnpem), em Campinas (SP), entre os próximos dias 25 e 27(março
2014). A parceria binacional deve apoiar projetos com aplicação em agroindústria,
meio ambiente e saúde.
“A intenção do CBC-Nano é dar ao Brasil
condições de realmente estabelecer uma cooperação de longo prazo em
nanotecnologia com a China, a exemplo do que vendo sendo o programa Satélite
Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (Cbers, na sigla em inglês), iniciado há
25 anos e tem excelentes resultados”, avalia o coordenador-geral de Micro e
Nanotecnologias do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Flávio
Plentz.
Organizado pelo MCTI em parceria com o
Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano/Cnpem), o evento inicia uma
série de encontros que deve alternar de país a cada ano.
Nesta primeira edição, os debates abordam
os temas apoiados pela chamada pública lançada em novembro de 2013, cujos
projetos binacionais devem ser escolhidos no próprio evento. A partir das
discussões, um novo edital pode ser proposto.
A chamada pública vigente contempla R$ 3
milhões de cada país e, pelo lado brasileiro, destina-se a projetos das
unidades estratégicas e associadas do Sistema Nacional de Laboratórios em
Nanotecnologias (Sisnano) e dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia
(INCTs) com atuação na área.
Fonte:
Ascom MCTI - https://www.gov.br/aeb/pt-br/assuntos/noticias/brasil-e-china-querem-repetir-sucesso-do-cbers-na-area-de-nanotecnologia-1
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O SUS sob pressão
Já está
mais do que demonstrado que hoje a Nação poderia estar pranteando a morte de
muito mais vítimas do novo coronavírus, não fosse o inestimável serviço
prestado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no socorro aos desvalidos. Em condições
normais, 7 em cada 10 brasileiros só têm o SUS como guarida quando precisam de
atendimento médico, desde os cuidados mais básicos até procedimentos de alta
complexidade. A eclosão de uma emergência sanitária da magnitude da pandemia de
covid-19 aumentou ainda mais a pressão sobre um sistema público de saúde que há
décadas já vem operando no limite de sua capacidade técnica e financeira.
Embora as
recentes estatísticas da pandemia no Brasil indiquem o que pode ser o início de
um processo de queda consistente do número de infecções e mortes, um refrigério
mais do que bem-vindo depois de tanto sofrimento, a propagação do novo
coronavírus continua bastante ativa no País e o SUS segue pressionado por uma
doença que ainda mata cerca de mil de nossos concidadãos a cada dia. Já se
contam mais de 118 mil vidas perdidas para a covid-19 e o Brasil ultrapassou os
Estados Unidos no ranking de mortes por 100 mil habitantes - 55,05 a 54,18,
respectivamente, de acordo com dados da Universidade Johns Hopkins.
Não
refeito dessa onda de pressão, o SUS está prestes a enfrentar uma outra. Mais
cedo do que tarde, ela virá do aumento da demanda ocasionado pela inclusão de
novos usuários no sistema e pela retomada dos atendimentos eletivos que foram
sobrestados nos meses mais duros da pandemia.
O aumento
do número de brasileiros que passarão a recorrer ao SUS quando precisarem de
atendimento médico ocorrerá, basicamente, por duas razões. A primeira é a crise
econômica que tem levado um número cada vez maior de famílias a deixar de pagar
por um plano de saúde particular. O quadro foi agravado pela pandemia, mas
convém lembrar que antes mesmo de o primeiro caso de covid-19 ter sido
confirmado no Brasil já se observava um declínio no número de usuários de
planos de saúde particulares e um aumento dos atendimentos prestados pelo SUS.
O Brasil não era um oásis de prosperidade antes da chegada do vírus.
A segunda
razão é o Projeto de Lei (PL) 3.887/2020, a primeira parte da reforma
tributária que o governo federal enviou recentemente ao Congresso. Como se
sabe, o projeto extingue o PIS e a Cofins e cria a Contribuição Social Sobre
Bens e Serviços (CBS). Na prática, significa o aumento de taxas específicas de
3,65% para 12%. Sobre os planos e seguros de saúde incidirá uma alíquota
especial de CBS, de 5,9%. Mas sobre hospitais e laboratórios incidirá a
alíquota-padrão, de 12%. O Conselho Nacional de Saúde (CNS) calcula que isso
terá um impacto de R$ 4,6 bilhões na redução da demanda das famílias por
atendimento médico particular, o que equivale a cerca de 500 mil planos
individuais a menos. Esse enorme contingente passará a se socorrer do SUS,
pressionando o sistema.
Como
observa o CNS em seu estudo, é usual que as empresas que prestam serviços de
saúde tenham tratamento diferenciado na tributação sobre consumo. O governo
federal poderia ter sido mais cauteloso ao formular sua proposta de reforma
tributária, levando em consideração particularidades como o impacto da reforma
sobre o sistema público de saúde. Agora é hora de aprofundar o debate no
Congresso e estudar a melhor forma de tributar as empresas do setor de saúde,
não deixando de olhar para o sistema público.
A demanda
pelo SUS também aumentará em função da retomada dos procedimentos eletivos
suspensos em decorrência da pandemia. Estima-se que entre os meses de março e
julho cerca de 390 mil cirurgias e exames complexos deixaram de ser realizados
por conta do socorro de urgência prestado aos infectados pelo novo coronavírus.
A pandemia não acabou. Aos casos urgentes se somarão os eletivos. E o SUS, mais
do que nunca, precisa ser cuidado.
Fonte: https://www.msn.com/pt-br/noticias/brasil/o-sus-sob-press%c3%a3o/ar-BB18uofI?ocid=msedgntp
Edilaine
Gonçalves, a Naná: ‘Obra de Carolina e as discussões em grupo tocam na minha
alma’
Guilherme Sobota
Quando
tinha 13 ou 14 anos, na metade dos anos 1980, Edilaine Gonçalves, hoje conhecida
pelos amigos espalhados pelo mundo que sua simpatia conquistou como Naná,
frequentava a Biblioteca Municipal de Santo André. No espaço que mais tarde
ganhou o nome de Nair Lacerda (intelectual e jornalista que levou o Jabuti por
uma tradução de As Mil e
Uma Noites), Naná buscava os escritos de pensadores para entender a
matemática, ciência pela qual se apaixonou ainda criança e com a qual manteve
relação durante toda a vida.
De Sócrates (fundamental
para a construção inicial da filosofia da matemática) a Descartes (“nunca esqueço
o 'penso, logo existo', tenho isso guardado dentro de mim”, diz Naná, em uma
das ligações com a reportagem nas últimas semanas), a garota que estudou em
escolas municipais e participou do movimento estudantil numa época em que o
Brasil saía das garras da ditadura militar, misturava essas leituras com a de
livros da coleção Sabrina —
os romances populares que sua mãe trazia para casa e a deixava ler aos fins de
semana. As leituras se espraiavam também pelas princesas clássicas do irmãos
Grimm, passou por Monteiro Lobato e mais tarde também por atualidades,
orientada por professores da escola, que forneciam a ela (sob um sigilo
necessário por conta de perseguições políticas) matéria prima para os protestos
em favor da democracia.
© Taba Benedicto/Estadão Edilaine
Gonçalves, a Naná, na sede da Coopercata, em Mauá, região metropolitana de
São Paulo
Naná
demonstra uma compreensão generosa da vida, apesar — ou mesmo por conta — dos
traumas que viveu. Sua família veio da classe trabalhadora, do campo, do
interior de São Paulo. A mãe é de Pacaembu (cidade a 617 km de São Paulo), o
pai de Tupã (a 435 km da capital). Há 50 anos o pai se mudou para o ABC em
busca de trabalho na metrópole, chegou a amassar barro para fazer tijolos e
dormiu na Estação de Santo André tendo como cobertor folhas de jornal. A
educação, porém, foi uma prioridade em se tratando de seus filhos. “Ele sempre
nos ensinou a estudar, crescer com dignidade trabalho e honra. Era o mínimo
para ele”, conta Naná.
“Eu não
nasci catadora”, diz — com o maior respeito pela profissão que a levou à
presidência da Cooperativa de Catadores de Papel, Papelão e Material Reciclável
de Mauá, a Coopercata.
“Foi no término do meu casamento que iniciei a catança e fui parar na
Coopercata. Iniciei como triadora, e foi lá que tive as inspirações para
retomar minha formação.”
Antes
disso, foi babá, cozinheira, empregada doméstica. Por insistência de um dos
antigos patrões, da "aristocracia" de São Bernardo do Campo, foi
fazer um curso de secretariado. Foi onde aprendeu a datilografar e operar as
facilidades tecnológicas de escritório. “Só que mesmo assim, com as oportunidades,
infelizmente o racismo aparece, e poucas
portas se abriram.
Ainda consegui
trabalhar num escritório.” No meio tempo, casou-se. Teve sua história, na qual
não entramos em detalhes, mas o divórcio foi muito difícil e Naná foi tomada
pela depressão.
“Não
consegui voltar a trabalhar por um tempo”, conta. “Depois desse período, fiquei
sem nada, nem casa, só tinha um filho pequeno. Tive fome. Aí descobri a
catança. Bati na porta da Coopercata, eles me deram a oportunidade de
trabalhar. Acabei me apaixonando pelo ambiente. Trabalhava com materiais que
desconhecia, isso me trouxe de volta a motivação de estudar.”
O
presidente da cooperativa na época era Armando Octaviano Júnior, uma das
inspirações que Naná encontrou pela vida. Ele a incentivou a buscar um sonho
antigo: estudar engenharia. Com a vida em melhores termos, ela então prestou o
vestibular para engenharia ambiental e sanitária, conseguiu uma bolsa de
estudos de 85% e agora está no quarto ano do curso na Universidade Estácio, em
Santo Amaro, zona sul de São Paulo.
“Continuo
catadora e sou feliz”, resume. “É a profissão que abracei. Já fui empregada
doméstica, babá, a gente vê na vida muitas diferenças sociais. Quando você é
doméstica, você é colocado apenas como um servo da casa. Passa humilhações,
come restos debaixo da escada. Como catadora, nunca precisei comer resto de comida.”
As duas
histórias de vida de Naná — entre as muitas que a reportagem conseguiu
vislumbrar em conversas com a mulher de 49 anos, mãe do Gustavo, ele mesmo
prestes a completar a faculdade também — se encontram então com uma emoção
singular na sua participação nas oficinas
literárias da Festa Literária das Periferias (Flup). Na turma
das catadoras, Naná aprende ferramentas não só para colocar suas histórias
ricas no papel, mas também contempla um exercício contínuo de alteridade.
“Nas
oficinas, não consegui deixar de chorar um dia”, diz. “Todas as catadoras que
estão participando têm histórias extremamente marcantes. São histórias de vida,
de transformação, histórias que é impossível não chorar. As pessoas passaram
por momentos extremos, como morar no lixão. Isso mexe muito. Estou vivendo um
momento que nunca imaginei na minha vida. Essa aproximação com a obra de Carolina Maria de Jesus e
com as outras mulheres da oficina é uma situação que toca na minha alma. Que
toca uma essência que eu nem sabia que existia.”
© Taba Benedicto/Estadão Naná.
Literatura como contínuo exercício de alteridade
Nesse
momento da entrevista, quando a reportagem pede para ela ler um texto de sua
autoria, ela vai até o quarto ao lado e traz um caderno, no qual uma de suas
cartas destinadas a Carolina Maria de Jesus, cujo alcance, porém, transcende as
barreiras do tempo. Na leitura, ela chora e faz chorar.
“Tenho
escrito coisas sim”, explica, depois. “Ontem mesmo escrevi duas histórias. Hoje
não escrevi ainda, mas vou sentar e escrever. Estou inspirada.”
Fonte:
Topo
Neta e filho de Martin Luther King em
manifestação em Washington
(28/08/2020)
Os manifestantes lotaram o National Mall, em Washington, em
homenagem ao histórico discurso "Eu tenho um sonho" de 1963, do líder
dos direitos civis Martin Luther King Jr. A neta e filho do líder participaram
do protesto.
Fonte:
Data |
Módulo IV - Lutas e revoluções Populares na América Latina nos séculos XIX, XX e XXI |
A AMÉRICA LATINA NO SÉCULO
XX
América
Latina: das oligarquias agrárias ao populismo
O
imperialismo manifestou-se na América Latina diferentemente de na Ásia e na
África, pois não houve ocupação territorial; o domínio se realizou através da
influência política e econômica. O trágico passado colonial, aliado às
dificuldades internas dos países após a independência e aos interesses do
capitalismo internacional, impunham ao continente centro e sul-americano um
processo de desenvolvimento marginal e dependente do
capitalismo.
Durante
todo o século XIX a hegemonia nos países
latino-americanos foi da Inglaterra e, no século XX, transferiu-se para os EUA. A América Latina integrou-se
ao quadro político internacional, no pós-guerra, como região sob influência
definitiva dos EUA.
As
estruturas de poder na América Latina, sobretudo na América do Sul, permaneceram
até meados deste século vinculadas aos interesses de uma elite agrária (oligarquias).
Na
virada das décadas de 1930/1940 essas formações políticas entraram em crise
basicamente por duas razões: a Crise de 29, que desestabilizou as economias
agrário-exportadoras (base do poder oligárquico) e a rápida industrialização e
urbanização.
Com a consolidação
da estrutura urbano-industrial, novos segmentos sociais se fortaleceram: a
burguesia industrial, a classe média e o operariado. As
cidades tornaram-se mais importantes economicamente que o campo e passaram a
ser habitadas por uma incrível massa humana (principalmente em razão do êxodo
rural) sem condições decentes de vida, vulnerável aos discursos, demagógicos e
populistas.
Assim,
os movimentos, partidos e líderes populistas nascem e se desenvolvem nas
cidades, e seus discursos e práticas dirigem-se à grande massa urbana,
especialmente ao operariado. O exagerado nacionalismo, a idéia do
desenvolvimento industrial e a tutela sobre as leis sociais de defesa e os segmentos
mais pobres e humildes da sociedade fazem parte do populismo; o
carisma pessoal e a demagogia fácil são também características dos seus líderes.
E
interessante notar que o populismo na América do Sul, apesar de não
conscientizar e de desarticular a classe operária, teve influência e se
reproduziu nos movimentos de esquerda do continente (populismo de esquerda).
Apesar
dessas características gerais, o populismo assume em cada país uma face
diferente. Na América Latina tivemos inúmeros exemplos de governos populistas:
Getúlio Vargas (1930-45 e 1951-54) e João Goulart (1961-64) no Brasil; Juan
Domingo Perón (1946-55) na Argentina; Víctor Paz Estenssoro (1952-56 e 1960-64)
e Siles Zuazo (1956-60) na Bolívia; José M. Velasco Ibarra (1934-35, 1944-47,
1956-61 e 1968-72) no Equador; e Lázaro Cárdenas (1934-40) no México.
A
América central e as revoluções na América
Na
virada do século a América Central tornou-se área de influência direta dos EUA.
Esse quadro político de submissão aos interesses norte-americanos produziu,
nesses países, situações políticas e econômicas internas bastante graves de
opressão, subdesenvolvimento e miséria. Esse panorama desfavorável era propício
para o surgimento de movimentos com forte conteúdo nacionalista, que acabaram
se manifestando em quase todos os países centro-americanos.
De
maneira geral, quando os movimentos ou governos nacionalistas surgiram na
América Central, o tratamento dos EUA para a questão seguiu basicamente duas linhas:
• contra
os movimentos populares, a forte repressão interna e às vezes até a intervenção
direta de tropas norte-americanas;
•
contra governos reformistas e nacionalistas, eram articulados golpes de Estado
apoiados pelos EUA; foi assim, por exemplo, na Guatemala (1954) e na República
Dominicana (1965).
Uma
demonstração da política norte-americana intervencionista na região foi a
situação criada em Porto Rico. Estado independente com grande
presença militar dos EUA desde o início do século, em razão de sua localização
estratégica, em 1946 tornou-se um "Estado livre", mas associado aos
EUA, perdendo, portanto, sua liberdade e autonomia.
A
Revolução Mexicana
As
origens da Revolução Mexicana somente poderão ser compreendidas a partir de
análises que levem em conta tanto a situação histórica latino-americana da
segunda metade do século XIX, como as contradições e particularidades da sociedade mexicana.
Foi
nesse período que ocorreu a formação do Estado nacional baseado em princípios
liberais e comandado por uma elite criolla. No entanto, os
contrastes entre a pregação política de cunho liberal e o exercício do poder
pela elite eram evidentes. O Estado agiu no sentido de consagrar e legitimar
as diferenças sociais e políticas entre a elite criolla e os
camponeses. Além disso, apesar do caráter unificador do Estado e da Constituição
de 1857, o poder local continuou exercendo forte pressão e presença na sociedade
mexicana.
A
economia mexicana continuava mantendo seu caráter agrario-exportador. Sua
produção estava concentrada nas atividades de plantação de cana-de-açúcar,
fumo, café e sisal; havia também uma produção artesanal de cerâmica, tecidos,
etc. Essa situação política e econômica mantinha a sociedade mexicana, composta
na sua imensa maioria por camponeses, distante da cidadania política e da
posse da terra, dificultando a sobrevivência dos mais pobres.
Na década
de 1870, a política mexicana começou a ser dominada por Porfirio Díaz,
um típico representante da aristocracia agrária e latifundiária do México. Sua
prolongada estada no poder (1876-1911) foi marcada por contrastes. O
porfiriato se notabilizou pela ausência de liberdade política, em razão da
ostensiva prática de fraudes e corrupção eleitoral, e pela marginalização da
maioria da população (apenas 4% da população votava), o que lhe assegurava a
constante recondução ao cargo de presidente.
As
grandes diferenças sociais e econômicas já existentes agravaram-se, acentuando
as contradições. A posse da terra concentrou-se ainda mais nas mãos dos
grandes latifundiários. Ao mesmo tempo, o capital norte-americano e, em menor
quantidade, o inglês começavam a penetrar na economia mexicana, de acordo com
a lógica do capitalismo monopolista, fornecendo capital e tecnologia para o
desenvolvimento de infra-estrutura. Assim, gradativamente, empresas
estrangeiras começaram a dominar boa parte da economia mexicana, principalmente
a exploração de petróleo e de minério, a construção de ferrovias, as
telecomunicações, portos, etc., além de dinamizarem a agricultura. Essa
injeção considerável de capital acabou modernizando a estrutura econômica do
México.
A
partir da década de 1910 começaram a despontar os movimentos mais organizados
contrários a Porfirio Díaz. Francisco Madero, grande proprietário rural,
liderou as primeiras manifestações anti-Porfirio, das quais participavam
diversos setores sociais e que reivindicavam, basicamente, maior liberdade
política. No entanto, aos poucos os movimentos foram ganhando forte conteúdo
social em virtude dos graves problemas fundiários existentes no interior do
país. Assim, os camponeses tornam-se os maiores protagonistas da luta contra o
governo de Porfirio Díaz.
No
final de 1910 as rebeliões camponesas espalharam-se por várias partes do país.
sob o tema "Terra e Liberdade". No início de 1911 Porfirio Díaz
renunciou, deixando o governo para Madero. Asilado na França. Díaz percebeu o
aprofundamento e radicalização da revolução, e por isso vaticinou "Madero
soltou o tigre, vamos ver se consegue cavalgá-lo".
Mesmo
com a posse de Madero, os camponeses não recuaram nas suas reivindicações, que
envolviam principalmente as questões em torno da posse da terra. Chefiados no
sul por Emiliano Zapata e no norte por Francisco "Pancho" Villa, os
rebeldes aterrorizavam latifundiários, muitas vezes ocupando e dividindo a
terra à força. Os pontos essenciais de uma reforma agrária e da nacionalização
da economia mexicana foram expostos por Zapata no Plano de Ayala: devolução das
terras às comunidades indígenas, divisão de l /3 das terras dos latifúndios, fundação
de um banco agrícola, confisco das terras dos anti-revolucionários, etc.
Temerosa
com os destinos do movimento, parte da elite mexicana uniu-se ao governo
norte-americano para contê-lo. Em 1913, Madero foi deposto e assassinado por
Victoriano Huerta. Como os EUA não puderam controlar o novo presidente, ajudaram
a depô-lo em 1914, sendo substituído por Carranza, que assumiu o poder com o
compromisso de estabelecer uma nova Constituição. Em 1916, a Assembléia
Constituinte reuniu-se pela primeira vez, e em 1917 a nova
Constituição foi promulgada.
Contudo,
os conflitos entre o avanço das reformas e os interesses internos e externos em
contê-las mantiveram-se presentes na vida política mexicana. Os fatos que mais
evidenciaram esses conflitos foram os assassinatos de Zapata, em 1919, e de
Pancho Villa, em 1923, e as pressões dos EUA, que ameaçavam com intervenção armada.
Durante
a década de 1920 os problemas políticos permaneceram, mas em 1933 Lázaro
Cárdenas colocou em prática muitas das propostas de reforma agrária de Zapata.
A partir desse momento, o México começou a se modernizar.
As duas
décadas de conflitos e rebeliões no México produziram um processo político
interessante e exemplar para toda a America Latina. A Revolução Mexicana foi a
primeira grande rebelião social vitoriosa que teve forte participação popular;
porém, com o tempo caminhou, principalmente a partir da década de 1930, para a
formação de governos populistas de fortes tendências nacionalistas, tão
comuns no continente nesse período.
A
Revolução Cubana
A
Revolução Cubana foi o primeiro movimento que conseguiu resultados positivos
contra a hegemonia norte-americana no continente. Livre do domínio espanhol
desde 1898, Cuba sempre foi tutelada pelos EUA, alternando governos submissos
aos seus interesses. Na realidade, a ilha foi juridicamente um protetorado norte-americano
até 1934, quando foi revogada a Emenda Platt.
A
organização da produção açucareira pelas empresas norte-americanas resultava na
completa submissão da elite cubana aos interesses dos EUA. A maioria da população
cubana era de origem rural, mas não tinha nenhum acesso à posse da terra e
vivia em precárias condições de sobrevivência. Durante as décadas de 1930/40, a
ilha viveu repleta de violência, corrupção, desmandos e instabilidade
política.
Em 1952
Fulgêncio Batista (homem com muito poder no país desde a década de 1940 — foi
presidente entre 1940/44) chegou ao poder por um golpe, montando uma estrutura
de governo autoritária e corrupta. Durante sua administração começou a se
organizar um grande movimento guerrilheiro nacionalista liderado pelos irmãos
Fidel e Raul Castro, por Cienfuegos e Che Guevara. Depois de inúmeras lutas, a
guerrilha nacionalista unida ao partido comunista chegou à vitória, em janeiro
de 1959.
Logo
após a consolidação de seu governo, Fidel Castro aproximou-se da URSS buscando
apoio contra os EUA. Os EUA procuraram reagir à revolução em Cuba realizando
um bloqueio econômico (1959) e um golpe frustrado da CIA (a invasão da Baía dos
Porcos, em 1961). A derrota americana fortaleceu Fidel, que acabou aderindo
totalmente à URSS, transformando Cuba em um Estado socialista.
Em 1962
houve a crise dos mísseis. O governo de John Kennedy identificou bases de
mísseis soviéticos em Cuba, que ameaçavam os EUA e a paz mundial. A tensão internacional
foi desfeita com a retirada dos mísseis. Em seguida, Cuba foi afastada da OEA e
reforçou seus laços com a URSS, tornando-se a única área de influência soviética
no continente americano.
Apesar
de Fidel tentar construir um socialismo com características diferentes, o Estado
centralizou as iniciativas econômicas, os partidos políticos foram extintos e o
culto à personalidade esteve presente. Porém, em relação à realidade
latino-americana, as conquistas sociais cubanas elevaram o padrão de vida de
seus habitantes.
As guerrilhas
centro-americanas
Na
década de 1970, os movimentos guerrilheiros na Nicarágua, El Salvador e
Guatemala se fortaleceram.
Na
Nicarágua, a Frente Sandinista de Libertação Nacional (referência ao camponês
e líder nacionalista Augusto César Sandino), após anos de luta, repressão e desgaste
do governo, conseguiu derrubar o ditador Anastasio Somoza, em 1979. O governo
de reconstrução nacional foi bem heterogêneo, composto por sandinistas, comunistas,
católicos, moderados e proprietários. Esta grande frente governista não se
manteve por muito tempo, permanecendo no poder as tendências mais à esquerda.
Apesar
de o governo sandinista não se alinhar à URSS e procurar um modelo de desenvolvimento
baseado na economia mista e na democracia, os EUA trataram de organizar os
contra-revolucionários nos países vizinhos. Além do financiamento aos
"contras" e ajuda técnico-militar, a Nicarágua também sofreu um
boicote econômico.
O
movimento dos "contras" não conseguiu se afirmar e foi repudiado
internacionalmente. Em 1984, foram realizadas reeleições sem a participação do
maior partido da oposição; venceu Gabriel Ortega, da FSLN. Ao contrário do
que se imaginava, Ortega passou a presidência para Violeta Chamorro
(União Opositora Nacional) após as eleições de 1990.
A
vitória dos sandinistas motivou as guerrilhas em El Salvador e na
Guatemala. Nos dois países os guerrilheiros se organizaram em frentes
político-militares para combater os governos: a Frente Farabundo Marti
de Libertação Nacional (FMLN), em El Salvador, e a União
Revolucionária Nacional Guatemalteca (URNG). Com o governo Reagan apoiando
esses governos, as guerrilhas retrocederam. Hoje, parte desses movimentos
procura outras vias para chegar ao poder.
Topo
Módulo_V - Módulo
Destaque Cultural - Topo
Biografia –
Vitor
Assis Brasil (75 anos) Vitor Assis Brasil Filho -
28/8/1945 RJ -
14/4/1981 RJ - nstrumentista
(saxofonista). Compositor. Irmão gêmeo do pianista João
Carlos Assis Brasil. Interessou-se, na infância, pelo acordeon, com o qual se
apresentava nas festas de sua escola. Depois descobriu a bateria e a gaita de
boca. Aos 12 anos de idade, apresentou-se, como gaitista, na Associação
Brasileira de Imprensa (RJ). Aos 17 anos, ganhou um saxofone, instrumento com o
qual viria a se profissionalizar. Inicialmente autodidata, estudou, mais tarde,
com Paulo Moura.
Biografia –
Edu Lobo (77
anos) Eduardo de Góes Lobo
29/8/1943 Rio
de Janeiro, RJ - Compositor. Instrumentista.
Arranjador. Cantor. Filho do compositor
Fernando Lobo e de Maria do Carmo Lobo. Pai do compositor e cantor Bena Lobo.
Iniciou seus estudos musicais na Academia George Brass, onde estudou acordeon,
dos oito aos 14 anos de idade. Estudante do Colégio Santo Inácio, costumava
passar as férias na casa de seus tios, em Recife, onde tomou contato com a
cultura local, que exerceu forte influência sobre a música que viria a fazer
mais tarde. Ainda adolescente, interessou-se pelo violão, recebendo as
primeiras noções do instrumento através do compositor Teo de Barros, seu amigo
de infância. Mais tarde, estudou com a pianista Vilma Graça. Cursou até o 3º
ano de Direito na PUC-Rio
Biografia –
Sombrinha (61 anos)
Montgomery Ferreira
Nunis
30/8/1959 São
Vicente, SP - Cantor.
Compositor. Instrumentista (cavaquinho e violão). Filho de músico aprendeu a
tocar violão aos nove anos de idade. Por esta época, participava de rodas de
choro que aconteciam em sua casa. Logo depois, passou a frequentar a roda de
samba da tamarineira, na quadra do Bloco Carnavalesco Cacique de Ramos, no
subúrbio carioca de Ramos.
Biografia –
Francis Hime
(81 anos) Francis Victor Walter Hime
31/8/1939 Rio
de Janeiro, RJ - Compositor.
Pianista, Arranjador. Maestro. Cantor. Filho da pintora Dália
Antonina. Começou a estudar piano clássico aos seis anos de idade, com Carmem
Manhães, ingressando depois no Conservatório Brasileiro de Música, onde
permaneceu durante sete anos. De 1955 a 1959, estudou em Lausanne (Suíça). De
volta ao Brasil, teve aulas de piano com Wilma Graça.
Biografia
Jackson
do Pandeiro (101 anos) José Gomes Filho
31/8/1919 Alagoa Grande, PB
10/7/1982
Brasília, DF - Cantor.
Compositor. Instrumentista. Sua mãe, Glória Maria da
Conceição, conhecida como Flora Mourão, era cantadora de coco, sendo uma das
mais requisitadas nas festas da cidade de Alagoa Grande. Flora Mourão tocava o
ganzá e cantava, acompanhada por João Feitosa, que tocava a zabumba. Desde
cedo, Jackson viu e ouviu a mãe cantando cocos, ao toque de zabumba e ganzá.
Jackson queria tocar sanfona, mas esse era um instrumento muito caro. Aos oito
anos, vendo a mãe entristecida, pois o zabumbeiro não aparecera para a
apresentação, pegou a zabumba e começou a tocar. Sua mãe lhe deu, então, de
presente, um pandeiro. Aos 13 anos, seu pai faleceu e ele teve que ir com a mãe
e os irmãos morar em Campina Grande, também na Paraíba. Trabalhou como
engraxate, entregador de pão e fazendo pequenos serviços. Na feira de Campina
Grande, nos intervalos entre um serviço e outro, se divertia ouvindo
emboladores de coco e tocadores de viola. Admirador de cinema, gostava bastante
dos filmes de faroeste, especialmente do ator Jack Perry. Nas brincadeiras
infantis, ficou conhecido pelo apelido de Jack.
Biografia –
Aldir Blanc
(74 anos) Aldir Blanc Mendes
2/9/1946 RJ
4/5/2020 RJ - Poeta. Lerista.
Cronista. Nascido no Estácio, na Rua Pedreira, aos três anos a família mudou-se
para Vila Isabel, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Começou a compor aos
16 anos, com Sílvio da Silva Júnior. Em 1966, ingressou na Faculdade de
Medicina, especializando-se em Psiquiatria. Em 1973, abandonou a Medicina, passando
a se dedicar exclusivamente à música. Publicou vários livros, entre os quais
"Rua dos Artistas e Arredores" (Ed. Codecri, 1978); "Porta de
tinturaria" (1981), "Brasil passado a sujo" (Ed. Geração, 1993);
"Vila Isabel - Inventário de infância" (Ed. Relume-Dumará, 1996), e
"Um cara bacana na 19ª" (Ed. Record, 1996), com crônicas, contos e
desenhos. Escreveu crônicas para os jornais O Dia (RJ), "O Estado de São
Paulo" e O Globo. Lançou em 2006 o livro "Rua dos Artistas e
transversais" (Editora Agir), que reúne seus livros de crônicas "Rua
dos Artistas e arredores" e "Porta de tinturaria", e ainda trouxe
outras 14 crônicas escritas para a revista "Bundas" e para o
"Jornal do Brasil". Considerado carioca exemplar em ação e
comportamento, sendo frequentador assíduo dos blocos carnavalescos Simpatia é
Quase Amor (nome de sua autoria) e Nem Muda Nem Sai de Cima, além de frequentar
esporadicamente os bares cariocas Bip-Bip e Bar da Maria. Torcedor do clube
carioca Vasco da Gama, o que torna público em suas crônicas. No ano de 1998
estreou o musical "Aldir Blanc, Um Cara Bacana", dirigido e estrelado
pelo ator e cantor Cláudio Tovar, baseado em composições de sua autoria, em parcerias
com vários melodistas, tais como João Bosco nas "Kid Cavaquinho" e
"Lina de passe". Dois anos depois, em 2010, seria a vez do musical
"Era do Tempo Rei". Baseado no romance homônimo de Ruy Castro, o
musical contou com trilha sonora composta por Aldir Blanc e Carlos Lyra, para o
qual compuseram polcas, maxixes, fados e lundus. Trabalhou como roteirista nas
revistas "A Tocha da América" e "Fi-lo porque qui-lo".
Alexandre Ribeiro de Carvalho, André Sampaio e José Roberto de Morais, filmaram
e dirigiram o documentário "Dois Pra Lá, Dois Pra Cá", no qual foi
traçado a trajetória do escritor através de suas letras; de sua luta pelo
direito autoral e suas paixões pelo clube carioca Vasco da Gama e a Escola de
Samba Salgueiro. Também foi lançado o livro "Aldir Blanc - Resposta ao
Tempo", biografia escrita pelo jornalista Luiz Fernando Viana, na qual,
além da vida do escritor, foram perfiladas 450 letras de sua autoria. No ano de
2016 a Mórula Editorial relançou os livros "Ruas dos Artistas e
Arredores", "Porta de Tinturaria" e um outro volume com textos
produzidos para o site "No". Também foi lançado um volume com textos
sobre jazz "Aldir Blanc - Crônicas Inéditas, com trabalhos publicados na
Revista Bundas e em sua coluna no Jornal O Globo, entre outros, além da
reedição do livro "Vila Isabel, Invenção da Infância", ampliado com
outras crônicas sobre o bairro. Também em 2016 O músico Tiago Prata fundou o
bloco carnavalesco "Blanc Bloco", que desfilava pela cidade cantando
músicas do compositor. No ano posterior, em 2017, foi lançada a coleção
"Aldir 70" (Mórula Editorial) em roda de samba na Livraria Folha Seca,
na Rua do Ouvidor, Centro do Rio de Janeiro. No ano de 2019 os jornalistas Hugo
Sukman e Marcus Fernando deram início a um documentário, em parceria com o
Canal Brasil, sobre a vida e obra do letrista, para o qual foram produzidas
oito horas de gravações. No dia 15 de abril de 2020 foi internando no Hospital
Pedro Ernesto, em Vila Isabel, com Corona vírus, indo a óbito no dia 4 do mês
posterior. Dos diversos textos e depoimentos sobre o compositor, que foram
publicados nas midias eletrônicas e impressas, destacamos o de João Bosco, seu
principal parceiro e amigo: "Peço desculpas aos que têm me
procurado hoje. Não tenho condições de falar. Aldir foi mais do que um amigo
pra mim. Ele se confunde com a minha própria vida. A cada show, cada canção, em
cada cidade, era ele que falava em mim. Mesmo quando estivemos afastados, ele
esteve comigo. E quando nos reaproximamos foi como se tivéssemos apenas nos
despedido na madrugada anterior. Desde então, voltamos a nos falar
ininterruptamente. Ele com aquele humor divino. Sempre apaixonado pelos netos.
Ele médico, eu hipocondríaco. Fomos amigos novos e antigos. Mas, sobretudo,
eternos.
Módulo VI - Relação completa dos aniversariantes da semana. Topo
Intervalo
compreendido do dia 28 a 03/09
Urgente
Homenagem Especial
Olá, sou o professor Ivan Luiz, jornalista, bacharel em geografia, petroleiro e diretor do Sindipetro RJ. Minha missão é contribuir com conhecimento, informação, reflexões e soluções para que nós, cidadãos brasileiros, tenhamos maior qualidade de vida com dignidade e respeito. Quer conhecer mais sobre minha trajetória e meus projetos? Então acesse minhas redes sociais. Os canais são abertos para que somarmos forças.
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