Notícias Petroleiras e outras, estes são os nossos módulos. |
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Vinheta |
EDITORIAL Surgem os previstos males da privatização no setor petróleo |
Módulo I Energia e petróleo brasileiro em 10 lições |
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16/07/2020
http://twitter.com/profivanluiz
https://www.facebook.com/profile.php?i
Ivan Luiz Jornalista – Reg. CPJ 38.690 - RJ –1977. |
Módulo II Produção de mel será ampliada em Maricá |
Módulo III Anísio Teixeira, por Darcy Ribeiro - 12/07 Feriado na Educação |
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Módulo IV Lutas e Revoluções na América Latina Seculos XIX, XX e XXI – Destaque para Nicaraguá |
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Módulo V - Homenageados na cultura
brasileira, destaque para |
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Módulo VI Relação completa dos aniversariantes de 10 a 16/07 |
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Módulo VII – Bolsona adotou uma politica de destruição da Amazônia |
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Módulo VII_I – Problema de qualidade em gasolina importada pela Petrobras suspende voos executivos |
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Urgente - |
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Homenagem Especial: Momento Furtado abertura e encerramento |
É Necessário!
O que é preciso para as consciências
Começarem a perceber
Quanto à natureza vive a gritar
Ela, aos poucos está morrendo
Pedindo socorro, mãos gananciosas
Em nome do progresso
Poluem os rios, devastam florestas
Estragam alimentos, infertilizam a terra
Tornando-a estéril, abusam dos agentes químicos
Contaminando o próprio ar que respiram
O ingerido não é saudável
O corpo sofre, as doenças atacam
O ambiente é pesado, os olhos ardem
Respirar torna-se difícil
O globo está quente, os polos derretendo
Infelizmente nem assim
Os interesses se voltam para o bem estar
Eles são vorazes, destruidores
O lucro é o principal fator
Exterminam o ser vivente
A água como vida, é impura, doente
Chuva ácida
A natureza pedindo ajuda
Ajuda para sobreviver
EDITORIALSurgem os previstos males da privatização no setor
petróleo
08 Julho
A Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves, AOPA
Brasil, envia mensagem à ANAC com grave indício de adulteração da AVGAS
A AEPET vem se manifestando, desde que teve início, em governos
anteriores, os males para o Brasil, ou seja, para os consumidores brasileiros,
das privatizações no setor do petróleo. Não por qualquer motivo corporativo, o
que até seria legítimo, mas pelos objetivos distintos de uma empresa sob o
controle do Estado de outra sob o controle de acionistas privados.
A Petrobrás sempre buscou cumprir sua meta, claramente definida pelos
fundadores e pelos governos que se seguiram até 1990: abastecer todo território
nacional de derivados de petróleo aos menores custos possíveis. E neste afã
tornou-se uma das maiores empresas de petróleo do mundo, com autossuficiência
em todos os segmentos e produtora de tecnologia e contribuindo para o
desenvolvimento socioeconômico brasileiro.
A atual gestão, em ritmo alucinante, vem entregando áreas estratégicas
do setor petróleo para empresas que nem são do ramo do petróleo e que, como a
quase totalidade de empresas privadas, busca o lucro financeiro maior e mais
rápido possível. Isto se observa não apenas no Brasil, mas na análise isenta do
decréscimo das outrora grandes empresas, as tão divulgadas "sete
irmãs" (ver AEPET QUEM SÃO AS NOVAS SETE IRMÃS
DO PETRÓLEO? em 17/04/2008).
O DEFESANET publicou, em 08/07/2020,
importante depoimento sobre um dos diversos males desta privatização, que,
devidamente autorizada, a AEPET transcreve integralmente.
Defesanet - 08 de Julho, 2020
Comunicado - Indício de contaminação de AVGAs – Gasolina de Aviação
Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves
AOPA Brasil
São Paulo, 7 de julho de 2020.
À ANAC – AGÊNCIA NACIONAL DE AVIAÇÃO CIVIL
ASSOP – ASSESSORIA DE SEGURANÇA OPERACIONAL
ATT.: SR. WAGNER WILLIAM DE SOUZA MORAES
C.C.: SR. RICARDO CATANANT
Diretor SR. RONEI GLANZMANN
Secretário Nacional de Aviação – Ministério da Infraestrutura
Ref.:Indício de risco de contaminação de AVGAs – Gasolina de Aviação
Prezado Wagner,
Na sequência de contatos previamente realizados no final do dia de
hoje, vimos relatar o que segue:
- Desde a interrupção da produção de gasolina de aviação em território
nacional sabe-se que o país se tornou importador desse combustível, que
alimenta milhares de aeronaves brasileiras. Apesar de reportada pela Petrobras
a expectativa de retomada do refino da gasolina de aviação no Brasil, isso não
ocorreu.
- Na esteira das decisões de não retomada da produção ocorreram
problemas logísticos que implicaram na falta de suprimento do produto em todo o
Brasil.
- Ainda no segundo semestre de 2019ocorreram relatos, oriundos de
operadores e oficinas mecânicas, de supostos índices excessivos de chumbo, que
se acumulavam de forma anormal em partes do grupo motopropulsor.
- Investigações realizadas na ocasião, até onde tivemos a oportunidade
de tomar conhecimento, que envolveram a ANP (Agência Nacional do Petróleo),
Petrobras e CENIPA, deram conta de que as amostras de produto retiradas pela
ANP, Distribuidoras e Petrobras, em diferentes pontos de amostragem, desde os
tanques de estocagem na refinaria até os tanques das distribuidoras nos
aeroportos, estavam dentro das especificações de Chumbo previstos. Naquela
ocasião foi detectada diferença no teor de chumbo do produto produzido no
Brasil para o importado, esse último mais alto, porém dentro dos limites da
especificação segundo associação de distribuidores.
- No dia de hoje, porém, passaram a circular
diversas informações,em redes sociais de operadores aeronáuticos, em diversas
localidades e regiões do Brasil, dando conta da possível ocorrência de
corrosões agressivas, aparentemente provocadas pelo combustível, que se apresentam
em tanques de aeronaves, juntas, mangueiras, seletoras, bicos injetores, drenos
e em outras partes e componentes. Essas informações foram transmitidas
inclusive com imagens, já repassadas à ANAC.
Desse modo, tendo em vista o potencial risco severo decorrente de uma
eventual contaminação do produto em algum ponto da cadeia de suprimento, por
razoes desconhecidas, nossa Associação solicita pronta ação desta Agência no
seguinte sentido:
1) Tomar providências para verificar as condições técnicas e de qualidade
da gasolina de aviação disponível em território brasileiro, particularmente
junto à Petrobras, distribuidores e revendas, tornando público os resultados de
testes que tenham sido feitos nos últimos 120 (cento e vinte) dias por esses
elos da distribuição;
2) Voltar a realizar testes com produtos estocados nos principais
pontos da cadeia de suprimento que atente o Brasil, particularmente em
terminais portuários, tanques de distribuidores e tanques de revendas, dando
ampla publicidade aos resultados;
3) Abrir canal direto de comunicação entre a comunidade aeronáutica e a
ANAC para que relatos específicos, que apontem localidades, tanques em
aeroportos, aeronaves, componentes e/ou amostras do combustível que apresentem
ou possam apresentar discrepâncias sejam formalmente recebidos pela Agência.
4) Fornecer imediatas instruções a distribuidores, revendedores,
operadores e aviadores relativamente a verificações que possam ser conduzidas
antes das operações como pronta forma de mitigação de riscos.
É dispensável reiterar as enormes dificuldades enfrentadas pela aviação
geral brasileira ao longo dos últimos anos, que resultou, em 2019, nos menores
volumes operacionais dos últimos 20 anos. A deterioração na cadeia de
suprimento de combustíveis é fato inconteste, com a saída de revendedores e
distribuidores do mercado, deixando centenas de aeroportos outrora supridos,
hoje desabastecidos de AVGAs, combustível que movimenta grande parte da frota
nacional de aeronaves. Diante desse quadro, nossa Associação observa a existência
de um conjunto de condições que podem, infelizmente, nos fazer inferir a
existência de riscos de qualidade do produto.
Certos de contarmos com vossa pronta resposta, nos mantermos totalmente
à disposição para que os esclarecimentos sejam produzidos e a segurança
operacional preservada.
Respeitosamente
Humberto Gimenes Branco
Presidente
+55 11 9 8446 1856
Fonte: DefesaNet
Destaque para Módulo I
Energia e petróleo brasileiro em 10 lições
13 Maio
O desenvolvimento do Brasil depende
da utilização dos nossos recursos naturais em benefício da nossa Pátria,
da maioria dos brasileiros. Temos que superar a sina colonial, deixar
de seguir as elites que servem aos interesses estrangeiros. Os antigos senhores
de engenho e seus feitores são hoje os 0,01% da população, os rentistas, os
executivos vassalos das corporações multinacionais e, no topo desta cadeia
parasitária, os banqueiros.
Apresento dez fatos que todos precisam conhecer, condição necessária
para se apropriarem das nossas riquezas em benefício de todos.
1 - Qualidade de vida e consumo de energia estão correlacionados
O consumo de energia primária per capita dos Estados Unidos da América
(EUA), em 2014, foi 80,9 mil KWh por pessoa. Da Coréia do Sul foi 61,5.
Enquanto no Brasil foi apenas 17,3 mil KWh por pessoa, próximo ao da Turquia
com 18,4.
Para alcançar alto desenvolvimento humano, o Brasil precisa aumentar
muito seu consumo de energia. Estimo necessário o aumento de cinco vezes do
consumo de energia primária nacional para que nossa população atinja padrões de
vida noruegueses. Neste cálculo não considero o aumento da população. Seriam
necessários quase 10 milhões de barris de petróleo por dia.
2 - Para que haja crescimento econômico é necessário aumentar o consumo
de energia
Nenhum país no mundo se desenvolveu exportando petróleo bruto por
multinacionais estrangeiras. Existe forte correlação entre o crescimento
econômico e o consumo de energia.
A privatização do nosso petróleo para a sua exportação por
multinacionais não desenvolverá o Brasil. Trata-se de mais um ciclo primário
exportador do tipo colonial. Pau-brasil, açúcar, minérios, borracha, cacau,
carne, soja e agora petróleo cru. Sempre em benefício de uma pequena elite e em
prejuízo da Nação, de todos nossos cidadãos.
Precisamos garantir a propriedade e o controle nacional do petróleo,
produzi-lo na velocidade requerida para atender às nossas necessidades, agregar
valor com o refino, com a petroquímica, a química fina, os fármacos, os
fertilizantes. Desenvolver tecnologias e infraestrutura produtiva das energias
renováveis, de forma planejada, para distribuir a renda petroleira por amplos
segmentos sociais e nos preparar para o futuro.
3 - Não há substituto para o petróleo barato de se produzir, mas ele
acabou e a humanidade vive as consequências econômicas e sociais deste fato
Há décadas, em março de 1998, Colin Campbell e Jean Laherrère
publicaram artigo agora clássico "The End of Cheap Oil" (O Fim do
Petróleo Barato), na revista Scientific American. Podemos ver agora que suas
previsões foram corretas.
Neste artigo, Colin e Jean também discutiram o petróleo não
convencional e escreveram:
"Por último, os economistas gostam de salientar que o mundo contém
enormes reservas de petróleo não convencional que podem substituir o petróleo
convencional assim que o preço subir suficientemente para torná-los lucrativos.
Não há dúvida de que os recursos são amplos.... Teoricamente, essas reservas de
petróleo não convencionais poderiam saciar a sede do mundo de combustíveis
líquidos, já que o petróleo convencional passa seu pico de produção. Mas a
indústria terá dificuldade em relação ao tempo e ao dinheiro necessário para
acelerar rapidamente a produção de petróleo não convencional”.
A produção do petróleo não convencional (tight oil e shale gas) dos EUA está
atrasando o momento em que a produção global de combustíveis líquidos começa a
diminuir. Em 1998, Colin e Jean estimaram o pico de todos os combustíveis
líquidos em 2010, mas, ao mesmo tempo, observaram que algumas respostas
poderiam atrasar essa data. A lição mais importante que podemos agora tirar do
artigo de 1998 é que o mundo foi avisado que os dias do petróleo barato estavam
contados e que muitas nações que importam grandes quantidades de petróleo
deveriam ter ouvido o conselho e respondido de forma mais adequada (ver também:
Aleklett, How correct were Colin Campbell and Jean Laherrère when they
published “The End of Cheap Oil” in 1998?).
A aplicação da tecnologia de fraturamento horizontal e a produção do petróleo e
gás natural das reservas de folhelho (shale) nos EUA atrasaram a produção
máxima de petróleo em cinco anos depois do pico previsto de 2011, ou seja, para
2016 (em Aleklett, Fracking (Tight Oil) delays Peak Oil by some years).
R. Kaufman (The End of Cheap Oil: Economic, Social, and Political
Change in the US and Former Soviet Union Energies, 2014) usou a qualidade e a
quantidade de fluxos de energia para interpretar mudanças econômicas, sociais e
políticas nos EUA e na extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS). Os sucessos econômicos da ex-URSS e dos EUA refletem um abundante
suprimento de energia de alta qualidade. Esta abundância terminou na década de
1970 nos EUA e na década de 1980 na URSS.
Nos EUA, o fim do petróleo barato causou a estagnação da produtividade do
trabalho, o que interrompeu o crescimento contínuo dos salários e dos
rendimentos familiares. Para preservar o sonho americano, que afirma que cada
geração será melhor do que a que o precedeu, as mulheres entraram na força de
trabalho, a renda foi transferida da economia para o consumo, a economia dos
EUA mudou de um credor líquido para um devedor líquido e as dívidas das
famílias e do Governo Federal aumentou.
Apesar dos esforços para ocultar os efeitos da renda, o fim do petróleo
barato também é responsável pelo aumento da desigualdade. Na antiga URSS, o fim
de abundantes fontes de energia significou que a alocação do superávit de
energia entre a economia doméstica, as exportações subsidiadas para a Europa
Oriental e as vendas, em troca de moeda forte, para o Ocidente tornaram-se um
jogo de soma zero. Isso contribuiu para o colapso da aliança do Conselho de
Assistência Econômica Mútua (CMEA) e da antiga URSS. Se os EUA puderem se
livrar da dívida pessoal e governamental, resolver as preocupações sociais e
políticas sobre a desigualdade é o próximo grande desafio colocado pelo final
do petróleo barato. (Kaufmann, 2014)
4 - Tudo depende da energia, do que comemos à internet
Você sabia que a energia usada numa única busca no Google é equivalente
a ligar uma lâmpada de 60W por 17 segundos? Agora, considere que as pessoas
realizam mais de 1 bilhão de pesquisas por dia, e você tem uma enorme pegada de
energia de cerca de 12,5 milhões de Watts - e essa é apenas uma fração do total
de 260 milhões de Watts consumidos pelos servidores da gigante da pesquisa na
internet. O consumo equivale a um quarto do total produzido pelas centrais
nucleares. (J. E. Supplies, Infographic: How Much Energy Does Google Use?).
De acordo com Pollan, por caloria de alimentos produzidas nos EUA, dez calorias
de energia de combustível fóssil são colocadas no sistema para cultivar esse
alimento. E, mesmo depois deste alimento ser produzido (com custo de energia de
10: 1), a maioria não chega às mesas em sua forma inteira e natural. Pois a
maioria deste alimento é enviada para uma indústria para processamento no que
Pollan gosta de chamar de "substâncias semelhantes a alimentos" (com
um custo de energia adicional). (ver M.C. Lott, 10 Calories in, 1 Calorie Out -
The Energy We Spend on Food, no blog do Scientific American).
5 - Os combustíveis fósseis respondem por 85% da matriz energética
mundial, os potencialmente renováveis apenas 11%
A matriz energética mundial depende dos fósseis que representam 85% do
total (Petróleo 34%, Carvão 27% e Gás Natural 24%). A energia nuclear
representa 4,4% e as potencialmente renováveis 11% (Hidroelétrica 7%, Eólica e
Solar 3%, outras 1%).
Os combustíveis de origem fóssil - petróleo, carvão e gás natural - são
fundamentais para o suprimento mundial. A propriedade e o uso dos fósseis
garantem vantagem econômica, militar e estratégica aos países, corporações ou
sociedades que disputam os recursos cada vez mais escassos do planeta.
O acesso à energia primaria mais barata confere vantagem relativa na
medida em que se alavanca a produtividade do trabalho humano. A energia move o
motor da competição entre as corporações e países, na disputa por mercados,
matérias primas e assalariados a empregar.
6 - As multinacionais privadas de petróleo estão decadentes
O Brasil, que tem a Petrobrás, o pré-sal e enorme potencial na produção
dos renováveis, é dos países mais espionados pelos EUA.
As maiores multinacionais de capital privado do setor do petróleo não
repõem suas reservas na taxa que são esgotadas, têm produção declinante,
apresentam resultados financeiros fracos, e perderam boa parte de sua
capacidade tecnológica, ao terceirizar suas atividades às empresas prestadoras
de serviço. Em uma palavra, definham.
Entre as principais causas, a adoção de modelo de negócios baseado em
premissas falsas, com objetivo de maximizar o valor para o acionista no curto
prazo, com precária visão estratégica ao não compreender o ambiente de
negócios, seguindo bovina e consensualmente planos similares baseados em
informações de “consultorias independentes”, ao negar restrições
socioeconômicas, além de ignorar limites naturais.
A província do pré-sal foi a maior descoberta das últimas décadas e já
representa mais de 50% da produção nacional. O baixo risco exploratório, a alta
produtividade dos poços e o domínio tecnológico da exploração e produção em
águas profundas da Petrobrás garantiram a aceleração recorde da produção, em
comparação com reservas similares no Golfo do México, no Mar do Norte e na
Bacia de Campos.
Enquanto a Shell liderava o consórcio e operava o campo de Libra, este
foi devolvido à ANP com a justificativa de que não era comercialmente
produtivo. A Petrobrás descobriu o pré-sal em Tupi, atual campo de Lula, e
depois assumiu a operação em Libra, onde também comprovou a existência de
imensa reserva no pré-sal.
O Brasil tem extensa área agricultável com relativamente baixa
produtividade agrícola, além da disponibilidade de água e intensa incidência
solar, é uma potência tropical para a produção de alimentos e energias potencialmente
renováveis. A renda petroleira do pré-sal deveria ser usada para levantar a
infraestrutura de produção dos renováveis para preparar nosso país para o
futuro. No entanto, a venda de terra a estrangeiros pode virar moeda de troca
para interesses rentistas.
Julian Assange, o criador do WikiLeaks afirmou que o Brasil é "o país
latino-americano mais espionado pelos EUA". As alegações de Assange dão
sequência ao que havia sido mostrado por Edward Snowden, ex-analista da
CIA/NSA, que também divulgou documentos confidenciais do governo
norte-americano sobre a vigilância em massa global.
7 - O Senador José Serra prometeu à Chevron mudar as regras da
exploração do pré-sal, e com a aprovação de seu projeto o governo Temer
pretendeu acelerar os leilões de privatização do petróleo brasileiro
O Wikileaks vazou documento oficial do consulado estadunidense no Rio
de Janeiro, enviado para o Secretário de Estado e outros destinatários em 2009,
com o título CAN THE OIL INDUSTRY BEAT BACK THE PRE-SALT LAW? (A indústria do
petróleo pode alterar de volta a lei do pré-sal?). No documento se relata que:
De acordo com Patrícia Pradal, executiva da Chevron e representante do
Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), o candidato José Serra opôs-se as
regras do pré-sal, mas parecia não ter uma sensação de urgência sobre o
assunto. Ele teria afirmado a representantes da indústria "Deixe esses
caras [Partido dos Trabalhadores] fazerem o que eles quiserem. Não haverá
rodadas de leilão, e então vamos mostrar a todos que o modelo antigo funcionou
.... E vamos mudar isso de volta". Quanto ao que aconteceria com as
empresas petrolíferas estrangeiras enquanto isso, Serra supostamente comentou:
"Você vai vir e voltar". Fontes do congresso também disseram aos
oficiais da embaixada que Serra sinalizou, em relação ao PSDB e outros
partidos, que eles devem alterar - mas não se opor à legislação final do
pré-sal, e alertou aos legisladores para evitar a oposição vocal à lei.
Ainda segundo o documento, se a designação como principal operadora da Petrobrás
fosse mantida, Pradal (Chevron e IBP) disse que seria impossível competir em
rodadas de lances contra as estatais, como a Sinopec da China e a Gazprom da
Rússia. De acordo com Pradal, ganhará quem der ao governo brasileiro o maior
lucro e "os chineses podem superar todos", afirmou. Ela explicou.
"Eles podem equilibrar e ainda será atraente para eles. Eles só querem o
petróleo". Ainda segundo Pradal, a Chevron não iria nem participar do
leilão em tais circunstâncias.
O documento se encerra afirmando que a medida que as multinacionais privadas
aumentavam seus esforços dentro deste debate altamente nacionalista, elas
teriam que seguir com cautela. Numerosos contatos do Congresso brasileiro
compartilharam suas avaliações de que, ao defender publicamente seus
interesses, as multinacionais se arriscam a galvanizar o sentimento
nacionalista em torno da questão e danificariam, em vez de ajudar, sua causa
(conforme Wikileaks, em 2009).
Com a aprovação do projeto do senador José Serra, a retirada do direito da
Petrobrás de ser a operadora única e participar com pelo menos 30% dos
consórcios para o pré-sal, o governo Temer pretendia acelerar os leilões de
privatização do petróleo brasileiro.
O Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) aprovou a realização
de 10 Rodadas de Licitações de áreas para petróleo e gás natural no período de
2017 a 2019: Foi aprovado o calendário plurianual, até então inédito no Brasil,
de rodadas de licitações de blocos exploratórios, concessão e partilha, e de
campos terrestres maduros.
São medidas de caráter neocolonial que colocam o Brasil em novo ciclo
primário exportador por meio das multinacionais do petróleo (privadas e
estatais).
8 - Guerras são movidas pelo petróleo e na busca por mais petróleo, e
na disputa por matérias primas
Segundo o Escritório do Subsecretário de Defesa da Energia, Instalações
e Meio Ambiente dos EUA, a Energia Operacional é definida como a "energia
necessária para treinar, mover e sustentar forças militares e plataformas de
armas para operações militares", e inclui energia usada por navios,
aeronaves, veículos de combate e geradores de energia tática. A energia
operacional inclui energia usada por sistemas de energia tática e geradores,
bem como pelas próprias plataformas de armas. O Departamento considera a
Energia Operacional como a energia utilizada nas operações militares, no apoio
direto às operações militares e no treinamento que apoia a prontidão unitária
para operações militares, para incluir a energia utilizada em locais não
duradouros.
Diz ainda que no ano fiscal de 2014, o Departamento usou mais de 87 milhões de
barris de combustível, com um custo de quase US$ 14 bilhões. Em geral, a
Energia Operacional representou 70% do volume de energia do Departamento de
Energia.
O Escritório afirma que a Energia Operacional em Guerra há muito tempo é um
elemento fundamental das operações militares. Do feno para os cavalos de
Napoleão até as estações de coalizão para a Grande Frota Branca para abastecer
o fenômeno do General Patton da Normandia ao advento do reabastecimento aéreo e
o reabastecimento em curso para apoiar bases de contingência distribuídas no
Afeganistão, a energia - principalmente petróleo - é um pré-requisito para o
poder militar.
Hoje, a Energia Operacional permite movimento, velocidade, resistência, tempo
na estação e alcance por forças conjuntas no ar, na terra e no mar. (Office of
the Assistant Secretary of Defense for Energy, acessado em 20/8/17).
Enquanto isso, Pedro Parente, ex-presidente da Petrobrás afirmava que o petróleo
é uma simples commodity, ou seja, é uma mercadoria qualquer, como outros
produtos de origem primária, negociados na bolsa de valores, de qualidade e
características uniformes, que não são diferenciados de acordo com quem os
produziu ou de sua origem, sendo seu preço uniformemente determinado pela
oferta e procura internacional. Sem nenhum caráter estratégico e, portanto,
substituível.
Segundo Parente:
“Como acontece com uma padaria quando o trigo aumenta e ela tem que refletir
isso no preço do pão, acontece na soja, no café e no minério de ferro. Então,
aqui não é uma questão que a Petrobrás esteja criando qualquer situação. Ela
está reagindo a movimentos dos preços das commodities nos mercados
internacionais. Nós não geramos isso. Nós refletimos isso nos preços da
companhia”. (Brasil, 2017)
Desde que os europeus chegaram ao Brasil existe uma retórica nativa, expressada
pelas elites, que justifica ideologicamente a exploração dos nossos recursos
naturais, em favor das potencias estrangeiras.
9 - Desde 1973 se troca petróleo por dólares, os dólares são criados,
sem lastro, pelo banco central estadunidense em troca de títulos da dívida.
Vender petróleo em troca de papel pintado não desenvolverá o Brasil
O dólar (US$) é utilizado na cotação do petróleo e do gás natural no
comércio internacional. Em 1971, os EUA negociaram com a Arábia Saudita um
acordo segundo o qual, em troca de armas e proteção diplomática e militar, este
país passaria a realizar todas as transações de petróleo em dólares dos EUA
(USD). Outros países da OPEP aderiram a acordos semelhantes, garantindo procura
global e continuada dos USD.
Entretanto, precisamos entender o que ocorreu desde a 2ª Grande Guerra.
Com o fim do conflito, os EUA emergem como a maior potência do pós-guerra.
Manteve seu território íntegro e se desenvolveu como primeira potência nuclear.
O país era credor do esforço de guerra e detinha as maiores reservas de ouro.
Assim pôde ditar as regras do comércio e do sistema financeiro internacional, a
criação e o controle do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial.
Foi estabelecido o dólar lastreado em ouro como novo padrão de comércio e de
reserva internacional (US$35 / onça).
Entre 1944 e 1971 as nações se desenvolveram desigualmente e em 1971 o
governo Nixon declara unilateralmente o fim do dólar lastreado em ouro. Ou
seja, não garantiriam mais a troca do papel moeda por ouro.
Em 1973, com o acordo entre os EUA e a monarquia da Arábia Saudita
nasce o sistema do petrodólar. O acordo garante as referidas proteções pela
exclusividade do dólar no comércio de petróleo. Passa a moeda de lastreada em
ouro do maior país credor do pós-guerra para uma moeda lastreada em petróleo
alheio dos EUA que já era, então, o maior devedor internacional.
Desde então o dólar vem sendo criado livremente pelo banco central dos
EUA (FED), em troca de títulos da dívida do governo. O governo estadunidense
exporta a inflação enquanto houver procura por dólares e títulos da dívida. O
sistema pode funcionar enquanto houver elevação do excedente de petróleo
exportado e se os países importadores precisarem de dólares para comprá-lo.
O sistema dos petrodólares parece enfrentar dificuldades. Em função dos
limites ao aumento da exportação de petróleo, ao acúmulo de títulos do governo
pelo FED, que tem dificuldade de colocá-los no mercado, e a elevação em
progressão geométrica da dívida dos EUA. Além das negociações para comércio de
petróleo em outras moedas, lideradas pela China, Rússia e Irã. Existe risco de
que a próxima crise da longa depressão, iniciada em 2007, seja relacionada às
dívidas corporativas e do governo dos EUA.
Exportar petróleo em troca de dólares sem lastro não irá desenvolver o
Brasil.
10 - A Petrobrás é fundamental para garantir o desenvolvimento soberano
do Brasil, e nossa segurança energética, militar e alimentar
Em três artigos revelamos a realidade da Petrobrás. No primeiro
demonstramos “O mito da Petrobras quebrada” (Oliveira & Coutinho, 2017), no
segundo justificamos porque a “Principal meta da Petrobrás, na gestão Parente,
é temerária” (Oliveira & Coutinho, A principal meta da Petrobrás, na gestão
Parente, é temerária, 2017). O mito foi o pilar ideológico do Plano de Negócios
e Gestão (PNG 2017/21) que tem como principal objetivo privatizar, com o álibi
da redução do endividamento.
O mito da Petrobrás quebrada é alimentado pela lenda do endividamento
ameaçador. O “terrível monstro” do endividamento teria sido associado à
corrupção e maus investimentos. Agora ele estaria a ponto de quebrar a
Petrobrás e a única alternativa seria privatizar os ativos da estatal a toque
de caixa. Em terceiro artigo daquela série estimamos o impacto da corrupção e
dos investimentos em ativos ditos improdutivos no endividamento da Petrobrás.
Revelamos a lenda da origem perversa do endividamento que alimenta o mito da
Petrobrás quebrada e suporta a ideologia neoliberal do objetivo da privatização
fatiada da estatal que é disfarçada pela meta da redução da alavancagem
(Oliveira & Coutinho, Avaliação dos “maus investimentos” e da corrupção na
formação da dívida da Petrobras, 2017).
O petróleo é uma mercadoria especial, na medida em que não tem
substitutos em equivalente qualidade e quantidade. Sua elevada densidade
energética e a riqueza de sua composição, em orgânicos dificilmente encontrados
na natureza, conferem vantagem econômica e militar àqueles que o possuem.
A sociedade que conhecemos, sua complexidade, sua organização espacial
concentrada, sua produtividade industrial e agrícola, o tamanho da
superestrutura financeira em relação as esferas industrial e comercial, foi
erguida e depende do petróleo.
O fim do petróleo barato de se produzir e a redução do excedente energético e
econômico da indústria petroleira está transformando, aceleradamente, a
sociedade.
É necessário garantir a propriedade do petróleo e ficar com seu valor de uso.
Atender as necessidades dos brasileiros e erguer a infraestrutura dos
renováveis para uma nova organização social.
Tomar consciência das questões relativas à energia e ao desenvolvimento
soberano brasileiro é necessário, mas insuficiente. Precisamos nos unir e
organizar nossa Pátria para superar a sina colonial e desenvolver nosso país em
favor dos brasileiros.
Felipe Coutinho é engenheiro químico e presidente da Associação dos
Engenheiros da Petrobrás (AEPET)
Publicado originalmente em : DefesaNet
A produção do petróleo não convencional (tight oil e shale gas) dos EUA está atrasando o momento em que a produção global de combustíveis líquidos começa a diminuir. Em 1998, Colin e Jean estimaram o pico de todos os combustíveis líquidos em 2010, mas, ao mesmo tempo, observaram que algumas respostas poderiam atrasar essa data. A lição mais importante que podemos agora tirar do artigo de 1998 é que o mundo foi avisado que os dias do petróleo barato estavam contados e que muitas nações que importam grandes quantidades de petróleo deveriam ter ouvido o conselho e respondido de forma mais adequada (ver também: Aleklett, How correct were Colin Campbell and Jean Laherrère when they published “The End of Cheap Oil” in 1998?).
A aplicação da tecnologia de fraturamento horizontal e a produção do petróleo e gás natural das reservas de folhelho (shale) nos EUA atrasaram a produção máxima de petróleo em cinco anos depois do pico previsto de 2011, ou seja, para 2016 (em Aleklett, Fracking (Tight Oil) delays Peak Oil by some years).
Nos EUA, o fim do petróleo barato causou a estagnação da produtividade do trabalho, o que interrompeu o crescimento contínuo dos salários e dos rendimentos familiares. Para preservar o sonho americano, que afirma que cada geração será melhor do que a que o precedeu, as mulheres entraram na força de trabalho, a renda foi transferida da economia para o consumo, a economia dos EUA mudou de um credor líquido para um devedor líquido e as dívidas das famílias e do Governo Federal aumentou.
De acordo com Pollan, por caloria de alimentos produzidas nos EUA, dez calorias de energia de combustível fóssil são colocadas no sistema para cultivar esse alimento. E, mesmo depois deste alimento ser produzido (com custo de energia de 10: 1), a maioria não chega às mesas em sua forma inteira e natural. Pois a maioria deste alimento é enviada para uma indústria para processamento no que Pollan gosta de chamar de "substâncias semelhantes a alimentos" (com um custo de energia adicional). (ver M.C. Lott, 10 Calories in, 1 Calorie Out - The Energy We Spend on Food, no blog do Scientific American).
Julian Assange, o criador do WikiLeaks afirmou que o Brasil é "o país latino-americano mais espionado pelos EUA". As alegações de Assange dão sequência ao que havia sido mostrado por Edward Snowden, ex-analista da CIA/NSA, que também divulgou documentos confidenciais do governo norte-americano sobre a vigilância em massa global.
7 - O Senador José Serra prometeu à Chevron mudar as regras da exploração do pré-sal, e com a aprovação de seu projeto o governo Temer pretendeu acelerar os leilões de privatização do petróleo brasileiro
O documento se encerra afirmando que a medida que as multinacionais privadas aumentavam seus esforços dentro deste debate altamente nacionalista, elas teriam que seguir com cautela. Numerosos contatos do Congresso brasileiro compartilharam suas avaliações de que, ao defender publicamente seus interesses, as multinacionais se arriscam a galvanizar o sentimento nacionalista em torno da questão e danificariam, em vez de ajudar, sua causa (conforme Wikileaks, em 2009).
Com a aprovação do projeto do senador José Serra, a retirada do direito da Petrobrás de ser a operadora única e participar com pelo menos 30% dos consórcios para o pré-sal, o governo Temer pretendia acelerar os leilões de privatização do petróleo brasileiro.
Diz ainda que no ano fiscal de 2014, o Departamento usou mais de 87 milhões de barris de combustível, com um custo de quase US$ 14 bilhões. Em geral, a Energia Operacional representou 70% do volume de energia do Departamento de Energia.
O Escritório afirma que a Energia Operacional em Guerra há muito tempo é um elemento fundamental das operações militares. Do feno para os cavalos de Napoleão até as estações de coalizão para a Grande Frota Branca para abastecer o fenômeno do General Patton da Normandia ao advento do reabastecimento aéreo e o reabastecimento em curso para apoiar bases de contingência distribuídas no Afeganistão, a energia - principalmente petróleo - é um pré-requisito para o poder militar.
Hoje, a Energia Operacional permite movimento, velocidade, resistência, tempo na estação e alcance por forças conjuntas no ar, na terra e no mar. (Office of the Assistant Secretary of Defense for Energy, acessado em 20/8/17).
Enquanto isso, Pedro Parente, ex-presidente da Petrobrás afirmava que o petróleo é uma simples commodity, ou seja, é uma mercadoria qualquer, como outros produtos de origem primária, negociados na bolsa de valores, de qualidade e características uniformes, que não são diferenciados de acordo com quem os produziu ou de sua origem, sendo seu preço uniformemente determinado pela oferta e procura internacional. Sem nenhum caráter estratégico e, portanto, substituível.
“Como acontece com uma padaria quando o trigo aumenta e ela tem que refletir isso no preço do pão, acontece na soja, no café e no minério de ferro. Então, aqui não é uma questão que a Petrobrás esteja criando qualquer situação. Ela está reagindo a movimentos dos preços das commodities nos mercados internacionais. Nós não geramos isso. Nós refletimos isso nos preços da companhia”. (Brasil, 2017)
Desde que os europeus chegaram ao Brasil existe uma retórica nativa, expressada pelas elites, que justifica ideologicamente a exploração dos nossos recursos naturais, em favor das potencias estrangeiras.
A sociedade que conhecemos, sua complexidade, sua organização espacial concentrada, sua produtividade industrial e agrícola, o tamanho da superestrutura financeira em relação as esferas industrial e comercial, foi erguida e depende do petróleo.
O fim do petróleo barato de se produzir e a redução do excedente energético e econômico da indústria petroleira está transformando, aceleradamente, a sociedade.
É necessário garantir a propriedade do petróleo e ficar com seu valor de uso. Atender as necessidades dos brasileiros e erguer a infraestrutura dos renováveis para uma nova organização social.
Produção de mel será ampliada em Maricá
Após a primeira
coleta, prefeitura pretende construir laboratórios para beneficiarproduto e
oferecer cursos técnicos para alunos da rede - Por MARCELO
BERTOLDO
Produção de mel em Maricá - Foto: Evellen Gouvêa
A importância
ecológica, econômica e social das abelhas está a serviço de Maricá e de seus
habitantes. Em meio à pandemia do novo coronavírus, aproximadamente 420 mil
disciplinadas operárias não interromperam a produção na colmeia da Fazenda
Ibiaci, no Espraiado. O desafio é elevar o município ao posto de 'capital
Fluminense do mel'. Para isso, a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Pesca
colocou em prática o plano de recrutamento de abelhas no perímetro urbano do
município.
Fundamentais
para o equilíbrio do ecossistema, as abelhas divididas em três castas — rainha,
operárias e zangões — são os pilares do projeto. Tratados como pragas em muitas
regiões, os insetos são resgatados em residências ou terrenos privados e
levados para o apiário da Fazenda Ibiaci, que significa 'bondosa terra', em
guarani. Qualquer morador pode acionar o serviço pelo 'Disque Abelha', pelo
telefone (21) 97462-4039.
"O diferencial no projeto é o
recolhimento das abelhas, serviço que não existe no Rio de Janeiro, por
exemplo. As abelhas estão em extinção por conta do excessivo uso de agrotóxicos
e inseticidas, mas se esquecem que são fundamentais para a agricultura. A
polinização é fundamental", explica Carolino Sousa, secretário de
Agricultura, Pecuária e Pesca do município.
Depois da
primeira coleta de mel, em maio, a prefeitura pretende ampliar a iniciativa que
distribuirá parte da produção em escolas da rede municipal de ensino tão logo
chegue ao fim o decreto de isolamento social para conter a covid-19. Os
apicultores da prefeitura foram os responsáveis pela retirada dos favos em três
das sete caixas na Fazenda Ibiaci. A expectativa é que a produção alcance a
marca de 57 litros de mel. As colmeias estão instaladas numa área de encosta,
às margens do quilômetro 23,5 da rodovia RJ-106.
Expansão do
projeto
Se depender da
vontade da prefeitura de Maricá, a colônia de abelhas terá muito trabalho. Um
dos projetos futuros para a Fazenda Ibiaci envolve a montagem de um laboratório
para o beneficiamento do mel recolhido no apiário. A intenção é ministrar
cursos técnicos para 300 alunos da rede municipal, a partir de 2020. Além da
'Casa do Mel', a 'Casa da Farinha' será outro laboratório que deverá ser
entregue até o fim do ano, aumentando o leque de opções dos estudantes.
"Teremos
produção de mel, farinha e queijo na fazenda. Tudo será ensinado em cursos
técnicos. Os alunos terão uma bolsa de estudos no valor de R$ 500 e aprenderão
a fazer um pouco de tudo, além de conhecerem a origem dos alimentos",
destaca Carolino.
Toda a produção
complementará o cardápio da merenda de boa parte das escolas da região, que
conta com cerca de 30 mil alunos. As obras estão em fase inicial.
"Depois de
pronto, vamos poder produzir mel e própolis por conta própria. Sobre esta
coleta, é importante destacar que o mel é um produto que não se estraga e, por
isso, poderemos entregar uma quantidade às escolas de nossa sede quando as
aulas retornarem", destaca Julyana, subsecretária de Agricultura, Pecuária
e Pesca.
NOVOS NEGÓCIOS
O intervalo de
coleta de mel ocorre a cada seis meses. De acordo com a prefeitura, além da
importância para o equilíbrio do sistema ecológico da região há, ainda, a
possibilidade de geração de novos negócios para o município, já que diversas
substâncias produzidas pelas abelhas são matéria-prima para a fabricação, por
exemplo, de medicamentos e cosméticos a base de mel e do própolis.
Fonte: https://odia.ig.com.br/marica/2020/07/5946700-producao-de-mel-sera-ampliada-em-marica.html
Anísio
Teixeira, por Darcy Ribeiro
Neste domingo, 12 de
julho de 2020, completam-se 120 anos do nascimento de Anísio Teixeira. Educador
signatário do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova nos anos 1930, nos anos
1950 foi diretor do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
(INEP) criado por Getúlio Vargas, criou a Campanha (atualmente Coordenação)
Nacional de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e foi um dos
idealizadores da Universidade de Brasília (UnB) tendo sido reitor da
instituição até o golpe de 1964, quando foi cassado, perseguido e morto em
1971. Confira abaixo o depoimento de Darcy Ribeiro sobre Anísio Teixeira.
***
Excerto da autobiografia
“Confissões” de Darcy Ribeiro publicada pela Companhia das Letras em 1997.
Anísio Spínola Teixeira representou para
mim o que fora Rondon em outro tempo e dimensão. Baixinho, irrequieto, falador,
mais cheio de dúvidas que de certezas, de perguntas que de respostas. Anísio me
ensinou a duvidar e a pensar. Ele dizia de si mesmo que não tinha compromisso
com suas ideias, o que me escandalizava, tão cheio eu estava de certezas.
Custei a compreender que a lealdade que devemos é à busca da verdade, sem nos
apegarmos a nenhuma delas. De mim dizia que eu tinha a coragem dos inscientes,
referindo-se à minha ignorância e à ousadia de investir sobre os problemas
educacionais, optando rapidamente entre alternativas.
Anísio exerceu uma
influência muito grande sobre mim. Tanto que costumo dizer que tenho dois alter
egos. Um, meu santo-herói, Rondon, com quem convivi e trabalhei por tanto
tempo, aprendendo a ser gente. Outro, meu santo-sábio, Anísio. Por que santos
os dois? Sei lá… Missionários, cruzados, assim, sei que eram. Cada qual de sua
causa, que foram ambas causas minhas. Foram e são: a proteção aos índios e a
educação do povo.
Fui para a educação
pelas mãos de Anísio, de quem passei a ser, nos anos seguintes, discípulo e
colaborador. O curioso da história de nossas relações de amizade e de respeito
recíprocos é que, de início, Anísio e eu éramos francamente hostis um ao outro.
Para Anísio, eu, como
intelectual, era um ente desprezível. Um homem metido com índios, enrolado com
gentes bizarras, lá do mato. Ele não tinha simpatia nenhuma pelos índios; não
sabia nada deles, nem queria saber. Para Anísio, Rondon era uma espécie de
militar meio louco, um sacerdote de reiúna pregando para os índios; uma espécie
de Anchieta de farda. Eu, para ele, era ajudante daquele Anchieta positivista.
Um cientista preparado que se gastava à toa com os índios, aprendendo coisas
que não tinham interesse nem relevância.
Para mim, Anísio era o
oposto, um homem urbano, letrado, alienado. Eu o via como aquele intelectual
magrinho, pequenininho, feinho, indignadozinho, que falava furioso de educação
popular, que defendia a escola pública e gratuita com um ardor comovente. Mas
eu não estava nessa. Gostava era do mato, estava era com meus índios, era com
os camponeses, com o povão. Estava pensando era na revolução socialista. Anísio
até me parecia udenista. Eu o achava meio udenóide por sua amizade com o
Mangabeirão e por suas posições americanistas. Seu jeito não me agradava, ainda
que reconhecesse nele, mesmo à distância, uma qualidade de veemência, uma
quantidade de paixão que não encontrava em mais ninguém.
Através de Charles
Wagley, que sempre nos quis aproximar – e que me levou a vê-lo umas duas vezes
-, acabei conhecendo pessoalmente o Anísio. Isso quando ele criava, dentro do
Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), o Centro Brasileiro de
Pesquisas Educacionais, funcionando, nessa época, ainda na rua México. Wagley,
que lá estava ajudando a fazer o primeiro plano de pesquisas do CBPE, convenceu
Anísio de que devia ouvir uma conferência minha sobre índios.
Era uma conferência
igual a muitas que eu fazia, naquela época, sobre os povos indígenas
brasileiros e aspectos culturais da vida indígena, comparando e contrastando
suas diversas fisionomias culturais. O certo é que comecei a conferência e,
depois de falar uns dez minutos, vi que Anísio estava aceso, os olhinhos bem
apertados, atento, comendo palavra por palavra do que eu dizia. Continuei a
conferência, olhando para ele de vez em quando, de certa forma falando para
ele. Em dado momento, Anísio começou a murmurar e eu custei a entender o que
ele dizia. Vociferava: “São uns gregos! Uns gregos!”.
Eu mais falava sobre os
índios – estava analisando a vida social dos Ramkokamekra, os chamados Canelas
do Maranhão, que têm uma organização social muito complexa – e mais Anísio
resmungava: “São uns gregos! Gregos!”.
Com essas interjeições,
ele abriu uma espécie de diálogo louco comigo. Eu dizia coisas e coisas, e ele
opunha interjeições: “São gregos! Gregos!”. Eu, inquieto, sem entender o que
ele queria dizer com aquilo. Anísio aceso. Custei a compreender que, fechado em
sua formação clássica, Anísio só foi capaz de ver e entender os índios enquanto
configurações culturais, e meu interesse neles, por via de sua comparação com a
mentalidade ateniense e a espartana.
Até então, Anísio, que
não gostava dos índios, dizia que eu só podia ser um idiota porque, sendo
inteligente como diziam, me dedicava a 0,02% da população brasileira, a
indiada. O certo é que desde aquele primeiro encontro intelectual nos
apaixonamos um pelo outro.
Fui trabalhar com Anísio.
Ajudei a compor, a partir de uma central no Rio, que era o Centro Brasileiro de
Pesquisas Educacionais, uma rede deles junto a universidades e grupos
intelectuais em São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Curitiba e Porto
Alegre. Nessa empreitada estavam Thales de Azevedo, Gilberto Freyre, Abgar
Renault, Fernando Azevedo, muita gente mais de prestígio intelectual e de vago
interesse pela educação. Exceto Fernando, que desde a década de 1920 era um
combatente da educação pública. A ideia básica de Anísio era interessar a
universidade brasileira e a intelectualidade em integrar a educação no seu
campo de estudos, como fazia com a medicina e a engenharia.
Não nos largamos mais.
Nos vendo diariamente, discutindo, trabalhando durante anos e anos. Sempre
discordando, é certo, porque ambos somos espíritos polêmicos, mas sempre
confluindo. Juntos enfrentamos a luta em defesa da escola pública, no curso dos
debates no Congresso Nacional sobre a Lei de Diretrizes e Bases da educação
nacional.
Foi na campanha por uma
lei democrática para a educação e na luta para criar a Universidade de Brasília
que comecei a me tornar visível no Brasil como educador. Aquela foi uma luta
memorável, em que o melhor da intelectualidade lúcida e progressista se opunha
à reação, comprometida com o privatismo, que condena o povo à ignorância. Nos
dois campos os líderes mais atuantes eram o Anísio e seus colaboradores, eu
inclusive, de um lado, e Carlos Lacerda e dom Hélder Câmara, no campo oposto.
O movimento alargou-se,
porém, a todo o país, despertando para a ação política um grande número de
intelectuais universitários, que, não encontrando uma via de acesso à
militância, se estiolavam numa vida acadêmica esterilizante. Esse é o caso de
Florestan Fernandes, admirável sociólogo, que só na luta pela escola pública e
gratuita encontrou caminho para voltar ao combate político.
O que se debatia, em
essência, era, por um lado, o caráter da educação popular que se devia dar e,
por outro lado, como destinar ao ensino popular os escassos recursos públicos
disponíveis para a educação. Não nos opusemos jamais à liberdade de ensino no
sentido do direito, de quem quer que seja, a criar qualquer tipo de escola a
suas expensas, para dar educação do colorido ideológico que deseja. Nos
opúnhamos, isso sim, em nome dessa liberdade, a que o privatismo se
apropriasse, como se apropriou, dos recursos públicos para subsidiar escolas
confessionais ou meramente lucrativas.
Além dessa participação
ativa na campanha em defesa da escola pública, cooperei com Anísio, também, no
campo de minha especialidade. Principalmente na organização e direção, para o
Ministério da Educação, do mais amplo programa de pesquisas sociológicas e
antropológicas realizado no Brasil. Seu propósito era proporcionar aos
condutores da política educacional brasileira toda a base informativa
indispensável sobre a sociedade e a cultura brasileira, bem como sobre o
processo de urbanização caótico e de industrialização intensiva a que ela vinha
sendo submetida.
Para isso, assumi a
direção científica do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais. Transferi
para lá o programa pós-graduado de formação de pesquisadores que mantinha no
Museu do Índio e organizei a equipe interna de pesquisadores e um corpo externo
de colaboradores, do qual participaram alguns dos principais cientistas sociais
brasileiros. Sobre essas bases, levei a cabo um triplo programa de pesquisas
que tinha o Brasil como objeto de estudo.
O primeiro desses
programas consistiu num conjunto de pesquisas de campo focalizando cidades em
seu contexto urbano e rural de doze zonas
brasileiras representativas das principais áreas culturais do país. Preparei
nos cursos que dava no CBPE e fiz residir, em cada uma daquelas cidades, um
cientista social durante um ano. Cada um deles operando como observador
participante, à base de um programa comum de pesquisa, que tornaria comparáveis
os seus estudos.
O segundo programa, esse
de base bibliográfica, consistiu numa série de estudos de síntese sobre temas
básicos para a compreensão do Brasil moderno.
O terceiro programa
abrangeu diversas pesquisas sociológicas, indispensáveis para o planejamento
educacional, focalizando aspectos cruciais dos processos de urbanização e de
industrialização.
Planejei e conduzi esses
estudos tendo sempre a ideia de redigir um livro de síntese sobre o Brasil com
base no material dele resultante. Entretanto, as tarefas a que fui chamado,
depois, à frente da Universidade de Brasília, do Ministério da Educação e, mais
tarde, como chefe da Casa Civil da Presidência da República não permitiram que
eu fizesse minha parte. Só no exílio retomei essa temática, já com outra visão
da ciência antropológica e da realidade brasileira. Não poderia ser a síntese
daqueles estudos, mesmo porque, dos 32 programados, apenas catorze foram
publicados, e também porque eu queria, então, coisa diferente — entender por
que o Brasil teimava em não dar certo.
O convívio diário com
Anísio e o fato circunstancial de que tinha me comprometido com Cyro dos Anjos
a redigir o capítulo da educação das mensagens presidenciais de JK me deram
oportunidade de me inteirar, ano após ano, das questões educacionais e,
principalmente, do atraso vergonhoso em que andavam e da necessidade de uma
virada séria. Na ocasião, se discutia no Congresso a primeira Lei de Diretrizes
e Bases da educação, que me obrigou a me aprofundar nas implicações filosóficas
e ideológicas do processo educacional.
Uma das discussões mais
vivas, que nos contrapunha à direita, dizia respeito à formação do magistério
primário. Eles queriam, em nome da liberdade de ensino, transferir o concurso
de ingresso no curso normal do princípio dele para o fim. O que pretendiam com
isso era deixar livre quem quisesse criar escolas normais. Aprovada a lei, isso
se converteu num negócio que multiplicou geometricamente os cursos normais e,
na mesma medida, degradou irreparavelmente a formação do professorado. Nós
lutávamos para preservar e melhorar os institutos de educação que existiam em
todos os estados e realizavam uma tarefa altamente meritória de formação de
professores competentes. Eles queriam fazer das escolas normais, como fizeram,
um negócio lucrativo. A Igreja foi nessa conversa, acreditando que assim se
livrava de influência comunista sobre o alunado dos institutos de educação.
Carta a Hermes
Volto de sua casa aquecido
pelos vinhos da Nenê, só arrefecido por sua frase final: estou a terminar a
biografia de Anísio. E eu, que nunca escrevi a página, a simples página, que
você pediu? Não sei se pelos vinhos, não sei se pelas lembranças, o certo é que
me sinto culpado. Culpado diante de você, culpado diante de Anísio, que são as
gentes a que mais quero bem.
Que dizer de mestre Anísio?
Nem mesmo sei se o que mais
sei dele são fantasias ou fatos. Por exemplo: aquelas histórias de Roma e de
Lourdes. Serão verdadeiras? Segundo a minha versão, Anísio, chegando a Roma
pela primeira vez, foi com o papa negro dos jesuítas — ele seria, então, a grande
vocação sacerdotal que se oferecia à Companhia — visitar o papa. Anísio o teria
encontrado no castelo de Sant’Ângelo vestindo uma sotaina de verão, diante de
uma grande janela. Aproxima-se, ajoelha, olha e para. O papa benze sua cabeça e
espera. Talvez Anísio reze. Cansado de esperar, o papa pede que ele se levante
para falar. Anísio, perplexo, não se move. Está paralisado porque quando
levanta os olhos só vê a ceroula do papa, através da sotaina, à luz do janelão.
Pregado nos joelhos, Anísio pensa agoniado: ai, meu Deus! É uma tentação
demoníaca. O papa, pensando que Anísio está paralisado de unção. Anísio,
contrito, sofre a visão chocante. Demoníaca.
Essa história tem
antecedentes. Antes de chegar ao papa, Anísio teria ido a Lourdes, em
peregrinação. Lá viu as multidões dos estropiados, dos aleijados esperando uma
graça da Senhora. Quando chega diante da pia de água benta que toda aquela
multidão miserável beijava, lambia, suplicando o milagre, Anísio se convulsiona
num sufoco de nojo. Horrorizado com sua própria impiedade, para se martirizar,
aperta a boca exatamente onde milhares de bocas porcas se lambuzavam. Teria
esfregado a boca ali um tempo enorme, para se macerar, para se obrigar a
aceitar a fé como ela é expressa pela gente simples.
Essa história também, talvez,
não seja inteiramente verdadeira. Mas é de histórias assim a minha imagem de
Anísio.
Esse meu Anísio mitificado
como a figura mística do ex-futuro jesuíta que, obedecendo à proibição paterna
de ingressar na Companhia, a desobedece fazendo, em segredo, sua preparação
sacerdotal, sob assistência pessoal do padre Cabral, enquanto cursava direito.
Tudo isso nos anos em que vivia no Rio, como um santo — entre boêmios como você
—, numa pensão do Catete. O mesmo Anísio mítico, mas já não místico, que deixa
Roma e o catolicismo para ir se encantar com Dewey na Universidade de Colúmbia,
em Nova York, e se fazer a voz brasileira dos ideais de educação para a
liberdade. Lavado já de qualquer ranço do reacionarismo católico que impregnara
seu espírito.
É extremamente curioso que
isso ocorresse justamente naqueles anos 20, em que surge no Brasil o primeiro
grupo de intelectuais que se desgarram do anticlericalismo positivista ou
liberal para se fazer católicos militantes. Quando Jackson, Alceu e outros
marchavam para a Ação Católica, nosso Anísio — como você — vinha de volta.
Quando a inteligência brasileira se descaminha para a direita que a levaria ao
integralismo, Anísio, aferrado à democracia norte-americana, caminha para a
esquerda. Você também.
Mas quem sabe dessas transas
de sua geração é você. Meu papel é reconstituir a figura do Anísio de depois,
através de episódios reais diretamente observados por mim. É rememorar o meu
amigo Anísio, de uma vivência de anos. O nosso Anísio que você há de reencarnar
ou pelo menos encadernar na biografia. Esse sertanejo agreste da nossa Chapada
Diamantina; baiano da Bahia do bode, tão posto às fofuras dos baianos do
Recôncavo.
Por: Darcy Ribeiro.
Fonte: https://portaldisparada.com.br/cultura-e-ideologia/anisio-teixeira-por-darcy-ribeiro/
Fonte:
Data |
Módulo IV - Lutas e revoluções Populares na América Latina nos séculos XIX, XX e XXI |
Ante a imagem de Augusto César Sandino e Ernesto Che Guevara, ante a recordação dos heróis e mártires da Nicarágua, da América Latina e de toda a humanidade, ante a história, ponho minha mão sobre a bandeira vermelha e preta que significa “Pátria Livre ou Morrer” e juro defender com armas na mão o decoro nacional e combater pela redenção dos oprimidos e explorados da Nicarágua e do mundo!
Por esse juramento, os militantes ingressavam na principal organização revolucionária da Nicarágua: a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), criada em 1961. Bem antes disso, nos anos 1930, o país começava a ser governado pela dinastia Somoza, que dominaria a política do país até 1979, quando, enfim, a FSLN chegaria ao poder.
Refugiado no México em 1927, enquanto era procurado pelo governo da Nicarágua, César Sandino (centro) foi a maior inspiração para o surgimento da FSLN
(Foto: Wikimedia Commons)
Ao fundar a organização, os guerrilheiros sandinistas olhavam para a história da resistência ao domínio estrangeiro e a governos ditatoriais em seu próprio país. Já em seu nome, a FSLN retomava o legado de Augusto César Sandino — general que liderou um exército de camponeses nicaraguenses em rebeliões contra os fuzileiros navais norte-americanos, cerca de trinta anos antes.
Entre 1927 e 1932, Sandino esteve à frente da luta do Exército Defensor da Soberania Nacional contra a presença dos Estados Unidos na Nicarágua e a repressão policial da Guarda Nacional nicaraguense — e saiu parcialmente vitorioso: os militares norte-
-americanos deixaram o país e, assim que o liberal Juan Bautista Sacasa tomou posse da Presidência, em 1933, assinou com ele um acordo de cessar-fogo.
No entanto a Guarda Nacional, chefiada por Anastasio Somoza García, seguiu operando. Em 1934, na tentativa de negociar a extinção da força repressiva, os militantes foram vítimas de emboscadas em Manágua, a capital do país. Sandino foi assassinado, mas se tornaria um importante símbolo para a FSLN na luta contra a ditadura Somoza, que chegou à Presidência em 1936.
A longa permanência dos Somoza no poder foi possível devido à forma como os governantes controlavam administrativamente todas as instâncias políticas e econômicas do país. Um poder que se estendia pelas fazendas — de café, cana-de-açúcar, algodão e gado —, editoras, usinas de energia e agências de transporte aéreo.
Nessa forma patrimonialista de gerir a Nicarágua, a violência era essencial para silenciar a oposição e se manter no poder. Numa entrevista, o jornalista brasileiro Joel Silveira perguntou a Somoza quantas fazendas ele tinha. Em tom de deboche, o patriarca da família respondeu: “toda a Nicarágua é uma imensa fazenda de minha propriedade”. Ele falava sério. Na contramão dos abusos de poder, o país continuava pobre, com um dos mais baixos índices de desenvolvimento social da América Latina. De certa forma, a fundação da FSLN foi uma expressão possível da insatisfação generalizada da população — insatisfação essa que culminou com o assassinato de Somoza, em 1956, numa festa de confraternização do governo.
Desde o início, a FSLN se identificou com o governo revolucionário de Fidel Castro, que materializou o projeto de exportar a Revolução Cubana para o Terceiro Mundo. Por esse motivo, a organização adotou a tática de guerrilha como forma de luta, instalando pequenos focos na zona rural do país. O principal desses focos ficava numa região próxima dos rios Coco e Bocay, norte do país, e planejava a primeira ação militar da FSLN.
Era o ano de 1963, e a falta de estrutura da organização, ainda incipiente, levou-a ao fracasso da ação. A Guarda Nacional descobriu os planos do ataque e se antecipou, surpreendendo a frente e matando uma dezena de guerrilheiros.
Após esse fracasso, a FSLN trabalhou de forma paciente, quase silenciosa, por muitos anos. Em meados dos anos 1970, conseguiu arregimentar um número maior de guerrilheiros, que receberiam treinamento em Cuba. Aos poucos, a dinastia Somoza (então representada por Anastasio Somoza Debayle, filho de Somoza García) foi se desgastando interna e externamente, até que em 1979 os sandinistas chegaram ao poder por meio de um golpe de Estado.
O presidente da Nicarágua, José María Moncada Tapia, e o general Anastasio Somoza García (chapéu branco na mão) passam em revista as tropas de fuzileiros norte-americanos
(Foto: Wikimedia Commons)
Ernesto Cardenal, poeta e padre adepto da Teologia da Libertação, tornou-se um dos símbolos da Revolução Sandinista de 1979. No México, onde estudou, ou na própria Nicarágua, onde viveu em comunidades religiosas, Cardenal participou, desde a década de 1950, de campanhas para denunciar as arbitrariedades dos Somoza e de movimentos antiditadura.
Sua poesia, de tom fortemente engajado, buscava já naquela época falar da política, da vida prática e das coisas concretas. Segundo Cardenal, a poesia só poderia falar da realidade latino-americana e chegar ao povo se se comprometesse radicalmente com o mundo. Só assim ela poderia ser, enfim, revolucionária.
No livro “La Hora Cero y Otros Poemas”, publicado em 1960, Cardenal usa da sátira para atacar e ridicularizar os Somoza, ao mesmo tempo em que elege Sandino o o herói dos camponeses nicaraguenses. A exemplo do poema “Adelita”, muitos dos textos desse livro abordam o tema da guerra antiamericana dos camponeses (entre 1927 e 1932), as atividades de Somoza, o assassinato de Sandino e também a paisagem nicaraguense.
Na década de 1970, Cardenal viajou a Cuba, onde aderiu ao marxismo. Quando voltou à Nicarágua, juntou-se à FSLN na luta contra a ditadura. Antes de os sandinistas chegarem ao poder, era conhecido entre os guerrilheiros como “El Padre”. Após a vitória da revolução, Cardenal integraria a junta de governo como ministro da Cultura. Com seu irmão, o padre Fernando Cardenal, ministro da Educação, Ernesto teria importante atuação na Campanha Nacional de Alfabetização durante a década de 1980.
Sugestões de leitura
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Módulo_V - Módulo Destaque Cultural - Topo
Biografia –
Claudia Leitte (40 anos) – Claudia Cristina Leite Inácio
Pedreira -
10/7/1980 São
Gonçalo, RJ - Cantora.
Compositora. Nasceu em São Gonçalo, município do Estado do Rio de
Janeiro. Foi criada em Salvador (BA), para onde a família se
mudou. Ainda criança começou a aprender violão através de
revistas de música. Cursou, em Salvador, as
faculdades de Direito e Comunicação, mas logo transferiu-se para a Faculdade de
Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA), abandonando as aulas para dar
seguimento à carreira artística. Foi casada com o empresário
musical Márcio Pedreira.
Biografia
Almir Guineto (74 anos) – Almir de Souza Serra
12/7/1946 RJ -
5/5/2017 RJ - Cantor.
Compositor. Filho do violonista Iraci com Dona Fia (Costureira e compositora
da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro). Irmão de Mestre Louro, diretor de
bateria do Salgueiro (falecido). Nascido e criado no Morro do Salgueiro. Na
década de 1970, fez parte do grupo de compositores que frequentavam o Bloco
Carnavalesco Cacique de Ramos. Por essa época, construiu um banjo com braço de
cavaquinho, o que chamava a atenção pela sonoridade que conseguia tirar do
instrumento. Esse tipo de instrumento híbrido logo foi adotado por vários
grupos de samba. Transferiu-se do Rio de Janeiro para São Paulo, passando a
morar em um sítio em Tupã, a 600 quilômetros da capital. Aos 70 anos, faleceu
por conta de problemas renais crônicos.
Biografia –
João Bosco (74 anos) – João Bosco de Freitas Mucci -
13/7/1946 Ponte
Nova, MG - Cantor.
Compositor. Violonista. Viveu sua infância em um
ambiente musical. O bandolim, o piano, o canto e o violino faziam parte de seu
cotidiano familiar. Aos 12 anos de idade ganhou um violão verde e passou a
integrar o conjunto de rock X-Gare. Em 1961, ao transferir-se para Ouro Preto a
fim de estudar engenharia, teve seu interesse despertado pelo jazz, pela bossa
nova e, tempos depois, pelo tropicalismo. Cinco anos depois, conheceu, na casa
do pintor Carlos Scliar, em Ouro Preto, o poeta Vinicius de Moraes, que viria a
ser seu primeiro parceiro. Com o poeta, compôs "Rosa dos ventos",
"Samba do pouso" e "O mergulhador", entre outras canções.
Biografia
Mano Décio da Viola (111 anos) – Décio Antônio Carlos
14/7/1909 Santo
Amaro da Purificação, BA -
18/10/1984 Juiz
de Fora, MG - Compositor.
Cantor. O pai, Hermógenes Antônio Máximo, trabalhava na
construção civil. A mãe era baiana de Santo Amaro da Purificação. Primogênito
de 17 irmãos, com menos de um ano, foi morar em Juiz de Fora, em Minas Gerais, onde foi
registrado. Pouco depois, a família mudou-se para o Rio de Janeiro, indo
residir no morro de Santo Antônio, em pleno Largo da Carioca. Em
1910, no Rio de Janeiro, foi batizado na Igreja de São Jorge, no Campo de
Santana - Praça da República, no Centro. Por essa época, desfilava no carnaval
no Rancho Príncipe das Matas, organizado por sua família. Em
1916, a família mudou-se para o morro de Mangueira. No ano de 1922,
mudou-se para a Rua Tiúba, no morro da Serrinha, no subúrbio carioca de Vaz
Lobo. Ainda menino, desfilava no Bloco Vai Como Pode, um dos blocos que
integrou a fundação do Grêmio Recreativo e Escola de Samba Portela.
Biografia –
Elizeth Cardoso (100 anos) Elizeth Cardoso Valdez -
16/7/1920 RJ -
7/5/1990 RJ - Cantora. Nasceu
na Rua Ceará nº 5, na Estação de São Francisco Xavier, próxima ao morro de
Mangueira. Seu pai, Jaime Moreira Cardoso, era seresteiro e tocava violão. Sua
mãe, Maria José Pilar, gostava de cantar. A família em geral, principalmente
seu Tio Pedro, participava da vida musical da cidade, freqüentando as
sociedades dançantes da época, convivendo com grandes músicos em reuniões na
casa de Tia Ciata. De uma família de 6 irmãos, além dela, Jaimira, Enedina,
Nininha, Diva e Antônio, costumava organizar teatrinhos para a criançada, onde
podia cantar o repertório de Vicente Celestino. Nessa época, morou no bairro
carioca de Jacarepaguá. Ainda menina, costumava freqüentar a famosa casa de Tia
Ciata. Com apenas 5 anos, subiu no palco da antológica
Sociedade Familiar Dançante Kananga do Japão e pediu para o pianista
acompanhá-la na marchinha "Zizinha". Em 1930, aos dez anos, começou a
trabalhar para ajudar a família. Foi balconista, peleteira, saponeteira e
cabeleireira. No aniversário de seus 16 anos, a família se reuniu na casa de
uma tia da adolescente, a Tia Ivone. Nessa época, sua família morava numa casa
de cômodos na Rua do rezende 87, no centro do Rio, onde morava a tia Ivone com
seu marido. Para a festa, foram convidados vários amigos músicos: Pixinguinha,
Dilermando Reis, Jacob do Bandolim, na época com apenas 18 anos, entre outros.
Tio Pedro, o marido de Ivone falou então para Jacob: "Olha aí, Jacob, a
minha sobrinha aí, a Elizeth, sabe cantar algumas coisas. Que tal vocês ouvirem
e organizarem um acompanhamento para ela?" Meio sem graça, a jovem Elizeth
encantou a todos com sua voz. Jacob então a convidou para um teste na Rádio
Guanabara, que foi o trampolim para sua carreira. Declarada
namoradeira, em depoimento ao MIS, contou suas proezas amorosas. Mesmo tendo a
vigilância constante de Seu Jaime, pai extremamente zeloso com a honra de sua
filha, namorou muito, mesmo contra a sua vontade, inclusive o famoso craque de
futebol Leônidas da Silva. Por volta de 1938, adotou uma menina, Tereza
Carmela, a quem criou como filha por toda a vida. Em 1939, casou-se com Ari
Valdez, o Tatuzinho, comediante e músico cavaquinista, com quem teve seu único
filho legítimo, Paulo César Valdez. O casamento durou pouco, pois Tatuzinho,
segundo ela própria, tinha problemas mentais. Era uma ótima pessoa, mas tinha
"um parafuso a menos", segundo o amigo e violonista Luís Bittencourt.
Módulo VI - Relação completa dos aniversariantes da semana. Topo
Intervalo compreendido do dia 10 a 16/07
"Bolsonaro adotou uma política de destruição da Amazônia"
Por Sidney Rezende
Publicado às 06h00 de 12/07/2020 - Atualizado às 06h00 de 12/07/2020
Randolfe Rodrigues (Rede-AP) - Jonas Pereira / Agência Senado
O senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade, pode-se dizer, construiu uma carreira política meteórica desde que chegou a Brasília. A aposta do eleitor do Amapá foi certeira. Randolfe foi o mais votado da história do estado nas eleições de 2010. Atualmente, ele ocupa o posto de líder da oposição ao governo Bolsonaro no Senado Federal. E, por conta da sua atuação, tornou-se uma das referências da sua geração de políticos. Com grande preocupação social, nesta entrevista ao Informe do Dia, ele respondeu na lata que hoje, dada a conjuntura terrível agravada pela pandemia de coronavírus, ele considera a prioridade número 1 "a aprovação/criação de um programa de Renda Mínima, um programa de Renda Básica Emergencial, como vários outros países do mundo estão fazendo". Outra certeza de Randolfe é quanto a necessidade de fortalecimento do SUS. Sobre a maneira de governar do presidente, o parlamentar é sempre contundente: "Jair Bolsonaro é a derrota em pessoa da moral e da ética. A crise está mais grave pelos erros, pela tragédia que tem sido a condução do enfrentamento da pandemia por parte do governo".
Quais são os três principais problemas políticos que deveriam ser enfrentados pelo país imediatamente?
Já pensando no pós-pandemia, é a recuperação da capacidade produtiva do Brasil para geração de empregos e, junto com isso, o Estado proteger os mais vulneráveis. Então, nesse sentido, a primeira iniciativa deveria ser a aprovação/criação de um programa de Renda Mínima, um programa de Renda Básica Emergencial, como vários outros países do mundo estão fazendo. Isso é urgente, porque nós vamos ter mais de 12% da população economicamente ativa desempregada no país, e nós vamos ter o aprofundamento da miséria no pós-pandemia. Renda Básica Emergencial seria a primeira providência. Segundo, nós temos que fortalecer o Sistema Único de Saúde. Nós vimos durante essa pandemia a necessidade, a urgência que tem de nós termos um Sistema Único de Saúde preparado para atender as pessoas. Também vimos a importância de um Sistema Único de Saúde universal, gratuito, de acesso a todos como é o nosso SUS. Me permita colocar um terceiro e um quarto. Terceiro: nós tínhamos que aprovar urgentemente o Fundo de Desenvolvimento para a Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação, o FUNDEB, no Congresso. Embora não tenha política educacional por parte do governo Bolsonaro, embora a gente tivesse ficado 20 dias sem um ministro da Educação, o Congresso não pode se omitir de sua responsabilidade. Sem o FUNDEB, ano que vem, o ensino básico e fundamental não terá a principal fonte de financiamento da educação brasileira. Então, a terceira iniciativa é essa: a aprovação do FUNDEB. A quarta, junto com essa, é recuperar a credibilidade do Brasil na seara internacional, destruída pela política do governo de Jair Bolsonaro e, principalmente, pela política de destruição da Amazônia que tem sido patrocinada pelo governo, e que tem sido responsável pelo derretimento da imagem do país no exterior.
A invasão de terras indígenas e o desmatamento são sérios problemas enfrentados hoje nas florestas brasileiras. Quais as consequências imediatas do que está acontecendo?
O que nós estamos vendo: cartas como essas que nós recebemos de 30 dos principais fundos de investimento do planeta, informando que deixarão de investir no Brasil. A deterioração da imagem do Brasil no cenário internacional. Não adianta, como alguns querem, derrubar floresta para plantar soja se não vai ter lugar no mundo que compre a soja do Brasil. Quem está pensando assim, está pensando anacronicamente. Está esquecendo em qual mundo está vivendo, está esquecendo a necessidade de redução da emissão de CO2 na atmosfera. Me parece que o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, já compreendeu isso. Mas o presidente da República, e muitos aliados dele, não entenderam nada disso.
O presidente Jair Bolsonaro ainda conta com um apoio expressivo de um segmento conservador da sociedade. O que faz ele manter esse "prestígio" mesmo diante de sucessivos escândalos contra seu governo?
Eu diria que o núcleo duro do bolsonarismo, na verdade, está um pouco inflado. Não são esses 30%. O núcleo duro do bolsonarismo é algo em torno de 12%, 15% desse percentual que eles têm, que são mais pautados por uma falsa pauta de costumes que o bolsonarismo vende. Conservador não tem nem com o quê se identificar com Jair Bolsonaro, porque conservador de verdade basta olhar para Jair Bolsonaro e ver que ele é o avesso a qualquer valor moral. Aliás, Jair Bolsonaro é a derrota em pessoa da moral e da ética. Quem é conservador tradicional é a favor de moral, ética e bons costumes. Jair Bolsonaro é tudo que é contra isso. Desde que ele começou, desde a condição dele de ser um militar que foi expulso do Exército brasileiro, até a atuação dele como parlamentar, sempre envolvido, sempre fazendo esqueminha de gabinete, né? A história da rachadinha começa no gabinete dele, não começa com o do filho Flávio, não. Começa com ele. E seja pelo comportamento moral dele, ele não tem régua moral nenhuma para se ter alguma identidade. Esses números do bolsonarismo estão um pouco mais inflados em parte até pelo que o Congresso fez, aprovando o auxílio emergencial, que, nesse momento de pandemia, faz com que alguns dos mais pobres achem que esse auxílio emergencial foi uma obra e graça do governo Jair Bolsonaro, o que não foi. Se não tivesse sido a atuação do Congresso, esse dinheiro não chegaria.
O eleitor que ainda defende o presidente Bolsonaro diz que, "pelo menos" o atual governo "não é corrupto" e nem acumula "casos de corrupção". Este argumento é correto?
Quem assim ainda pensa, deve estar descrevendo ou falando de um governo diferente. O governo de Jair Bolsonaro está envolto nos maiores esquemas de corrupção que já se viu na história do país. Se tinha esquema de corrupção no Lula/Petismo, o governo de Bolsonaro está envolto em esquemas piores. Veja: o esquema do senhor Fabrício Queiroz é esquema de rachadinha misturada com a atuação de milícias no Rio de Janeiro; o presidente bate recorde do uso do cartão corporativo; o presidente desmontou toda a infraestrutura de combate à corrupção que existia no país; não respeitou a lista tríplice para procurador-geral da República, colocou um procurador-geral da República à sua imagem e semelhança; colocou um diretor da Polícia Federal que ele possa controlar para que as investigações da PF não cheguem até seus filhos; atua diariamente para inibir a atuação de órgãos de fiscalização e controle; o Brasil tem perdido pontos na transparência internacional. É um governo chamuscado e envolto em esquemas de corrupção.
Alguns dizem que o Congresso e o STF "não deixam o presidente trabalhar". Isto é verdade?
É uma anomalia isso, porque veja: o presidente fez uma aliança com o que tem de pior e mais atrasado na política brasileira, que é o velho Centrão, que manda no Congresso Nacional, desde 1985, quando teve a redemocratização, de figuras como Valdemar Costa Neto, Roberto Jefferson e companhia. São figuras que tem passado, presente e futuro em todos os esquemas de corrupção que já se teve na história do país. Então, ele tem base parlamentar, consegue favores, distribui favores, distribui emendas, tem o presidente do Senado à disposição dele. O presidente da minha Casa é muito próximo a ele, tem sempre ajudado o presidente da República. O presidente tem tudo para fazer o que quer, e tem feito. Só não tem governado o Brasil, mas tem um parlamento inteiro à sua inteira disposição.
O senhor considera possível ocorrer o impeachment do presidente?
Não. Para ocorrer o impeachment, tem que ter apoio popular, pressão de rua, tem que ter mobilização de rua pressionando o Congresso para que isso aconteça. Hoje, até por conta da pandemia, essa pressão, essa mobilização de rua, eu acho que não tem. Embora eu apoie o impeachment e tenha protocolado o pedido de impeachment, hoje eu acho que o impedimento do presidente é uma hipótese muito remota, até por essas alianças que o presidente já fez.
Qual a importância dessa frente ampla pela democracia? Apesar de envolver toda a sociedade, qual o papel político dela?
Primeiro, superar esse momento difícil, triste e amargo que todos nós brasileiros estamos enfrentando. O Brasil está retrocedendo em todos os seus aspectos. Nós estamos nos tornando pária na seara internacional. Nós, antes, se éramos desrespeitados somente pela atuação funesta do nosso Itamaraty e nosso Ministério das Relações Exteriores, agora também estamos sendo desrespeitados pela condução errada que nós demos ao enfrentamento da pandemia, pela condução desastrosa da política ambiental, aliás, da anti-política ambiental conduzida pelo anti-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. Nós ficamos 20 dias sem ministro da Educação. Na prática, estamos há quase dois anos sem ministro, devido ao retrocesso na área da Educação. O último Enem foi uma bagunça. Esse Enem não tem um planejamento. O governo não deu contribuição alguma à tramitação e ao debate sobre o FUNDEB no Congresso Nacional, o Ministério da Educação virou um palco de crises, a política de direitos humanos do Brasil, que já foi referência internacional, está entregue para uma senhora que não tem respeitabilidade nenhuma à condução de políticas de direitos humanos, nem na comunidade nacional, nem na comunidade internacional. A política econômica está perdida, o governo não sabe para que caminho direciona ou aponta a sua política econômica. A frente ampla é para superar essa crise, derrotar Jair Bolsonaro. Se não for a curto prazo, derrotar a longo/médio prazo, nas próximas eleições e, a partir daí, reconstruir o Brasil. Frente ampla tem que caber todos. Eu quero frente ampla com setores da direita, do centro e da esquerda.
Como deve ser o diálogo entre políticos e partidos políticos nesse momento para o combate à pandemia do coronavírus?
Colocando a saúde dos brasileiros em primeiro lugar. Muita coisa nós temos feito lá no Congresso Nacional: temos pautado a agenda baseada nas prioridades que estão sendo colocadas para a sociedade. Por isso que aprovamos o auxílio emergencial, por isso que recentemente foi apontado em uma pesquisa que a cada 10 medidas de combate à pandemia, 8 surgiram lá do Congresso Nacional, surgiram no debate do parlamento. A crise está mais grave pelos erros, pela tragédia que tem sido a condução do enfrentamento da pandemia por parte do governo de Jair Bolsonaro. Nós já tivemos mais de 65 mil brasileiros mortos. O número de mortos na pandemia já é mais do que de todas as guerras que Brasil já participou desde o seu surgimento como nação independente no planeta. A responsabilidade da condução do enfrentamento à pandemia é principalmente pelo senhor presidente da República.
Fonte: O Dia 12/07/2020
Módulo VII_I- Problema de qualidade em gasolina importada pela Petrobras suspende voos executivos
13.jul.2020 às 17h52 - Atualizado: 13.jul.2020 às 18h59 - Nicola Pamplona
RIO DE JANEIRO
Suspeitas de problemas de qualidade em combustível de aviação importado pela Petrobras já provocam desabastecimento em ao menos 19 aeroportos brasileiros, limitando a operação de pequenas aeronaves por todo o país. As vendas do produto foram interrompidas pela estatal no sábado (11), depois de alertas feitos por pilotos e proprietários de aviões.
Eles identificaram corrosão e derretimento de peças do sistema de combustível dos aviões, levando a Aopa (Associação dos Pilotos e Proprietários de Aeronaves) a emitir no sábado recomendação para suspender as operações de aviões e helicópteros de pequeno porte.
O problema não afeta a aviação comercial, já que os aviões movidos a turbinas utilizam outro combustível, o querosene de aviação. Mas cria dificuldades para aviação executiva, pulverização de defensivos agrícolas e empresas que fazem aviação médica.
Até o momento, não há relatos de acidentes causados pelos problemas na gasolina, mas especialistas no setor suspeitam que o problema possa estar por trás da queda de uma pequena aeronave perto do campo de Marte, em São Paulo, na última quarta (8), deixando uma vítima fatal.
Em nota, a Petrobras informou que interrompeu preventivamente as vendas de um lote de gasolina de aviação importada depois que testes realizados em seu centro de pesquisas identificaram a presença de componentes químicos diferentes dos verificados em lotes anteriores.
"A Petrobras estuda a hipótese da variação da composição química ter impactado os materiais de vedação e revestimento de tanques de combustíveis de aeronaves de pequeno porte", escreveu a empresa, defendendo, porém, que o produto atende às especificações da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
Os alertas de pilotos começaram em junho, em redes sociais e grupos de Whatsapp que reúnem colegas de profissão. Em vídeos, mostravam peças danificadas e acúmulos de sujeira em partes do sistema de combustível das aeronaves. Na quarta, a Aopa emitiu uma primeira nota sobre o tema, recomendando maior rigor nas inspeções.
Pilotos e proprietários de aviões identificaram corrosão e derretimento de peças do sistema de combustível das aeronaves
A entidade
solicitou à Petrobras, via Lei de Acesso à Informação, detalhes sobre o lote
que apresentou problemas, como a origem, como foi feito o transporte e para
quem foi vendido no Brasil. Pediu ainda os resultados dos laudos de
conformidade do combustível.
O piloto e advogado especialista em direito aeronáutico Rodrigo Duarte diz que a legislação determina que amostras de combustível seja analisadas em todas as instalações pelas quais o produto passa. "São muitos testes e nenhum desses testes apontou a presença do contaminante", diz ele.
O Brasil não produz gasolina de aviação desde 2018, quando a única unidade de refino que fazia o produto, localizada em Cubatão (SP), entrou em obras. Assim, todo o fornecimento é importado e, portanto, passa por navios, terminais de importação, tanques e caminhões até chegar ao consumidor final.
A ANP e a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) criaram um grupo de trabalho para investigar o problema. No texto, a Anac recomenda que proprietários que tenham verificado histórico ou evidências de contaminação "busquem imediatamente uma oficina de manutenção aeronáutica credenciada".
Avião
agrícola - Castor Becker Júnior/Divulgação
Até esta
segunda (13), a agência que regula o setor aéreo diz ter recebido 67 relatos de
problemas relacionados à contaminação do combustível. "Todo esse trabalho
de mapeamento dos riscos para a aviação geral vem sendo feito em estreita
parceria com a Aopa e com outros grupos do setor".
Como os relatos vêm de todo o Brasil, o setor suspeita que a contaminação tenha ocorrido antes da entrega do produto às distribuidoras pela Petrobras. Nesta segunda, BR Distribuidora, Raízen e Air BP anunciaram a suspensão das vendas dos volumes que mantém em seus tanques pelo país.
O Comaer emitiu 19 boletins nesta segunda sobre falta do produto em aeroportos brasileiros, mas o setor diz que o número de afetados é maior. Empresas de aviação agrícola dizem que o efeito da crise é amenizado pelo fato de que o país está em entressafra, com a maior parte das aeronaves em solo.
Procurado pela Folha, o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) disse que as investigações sobre a queda da aeronave em São Paulo na semana passada ainda estão em curso.
Urgente
Homenagem Especial - Momento Furtado - Encerramento
É ou Não?
Dona Rita anda falando
pela aí
Que o distinto está ruim
Segundo ela, já não chega
junto
A deixando na ‘saudade’
Abre o teu olho malandro
Mulher na saudade é
complicado, se liga
Comentam por aí
Lá em Saracuruna
Existe uma ‘Mãe de Santo’
nesse assunto
É tiro e queda, no tambor
é fera
Joga sal grosso,
resolvendo dessa maneira
Todos os problemas, a
“garrafada”
Santo remédio, vai lá
Teu caso poderá ser resolvido
Pelo que dá a entender
Estais bastante carregado
Cana demais atrapalha
Corre atrás, aliás, atrás
não, na frente
Olhas aonde pisas
O campo está minado
Vai com fé na mãe de santo
Dona Rita está te cobrando
Procuras solução
Garrafadas e ervas
Levantam os doentes e os
caídos também
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